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TNT volta a crescer e a investir no Brasil

Companhia decide manter operações brasileiras e tem lucro pela primeira vez desde a compra da Mercúrio
Por Redação em 2 de junho de 2014 às 16h45

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Depois da quase fusão com a UPS e de colocar à venda as operações no Brasil, a operadora logística de origem holandesa TNT virou o jogo e reverteu os resultados negativos que vinha apresentando desde 2007, quando adquiriu a brasileira Expresso Mercúrio, dando origem à TNT Mercúrio, especializada em carga fracionada aérea e rodoviária para o Brasil e o Mercosul. De acordo com Cristiano Koga, diretor-executivo da TNT Mercúrio, a empresa conseguiu equilibrar os resultados, voltando a crescer no primeiro trimestre de 2014. “Foi a primeira vez que tivemos lucro e Ebit positivo. Nos primeiros três meses do ano, crescemos 12,3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. E isto num período que tradicionalmente é de baixa em nosso setor”, comemora.

Depois da compra da Mercúrio, em 2009 a TNT fez outra aquisição no país, da Expresso Araçatuba. “Estas fusões vieram num momento em que o mundo todo estava apostando nos países emergentes, com o bloco dos Brics em alta. E foi também uma quebra de paradigma no setor de transporte rodoviário brasileiro, que normalmente é composto por empresas locais e familiares. Só que a fusão de três culturas e de diferentes realidades foi muito mais complexa do que a empresa esperava. A integração entre os mercados no Mercosul e mesmo entre os estados brasileiros não é tão simples quanto parecia. Tudo isso colaborou para os resultados negativos da companhia”, conta Koga.

Em 2011, houve uma reestruturação da empresa, com a troca de toda a gestão no país para novo reposicionamento da marca. Em 2012, veio o fato novo: o interesse da UPS em comprar a totalidade das operações da TNT globalmente. Este processo durou mais de um ano, período em que a transação foi analisada e vetada pelo Comitê Europeu responsável por regular fusões e aquisições, espécie de Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica – para a Europa, que entendeu que a fusão das duas empresas criaria um monopólio em alguns países da região.

Diante desta nova realidade, a TNT tomou uma nova decisão: dar foco aos mercados onde era tradicional e fechar as operações nos países emergentes. Assim, as atividades na China e Índia foram vendidas e a estrutura brasileira foi colocada à venda.

“Vivemos, no Brasil, uma situação delicada, pois ao mesmo tempo em que tínhamos um movimento de venda em andamento, com todas as suas implicações, estava em marcha o processo de recuperação da empresa, tentando superar o quadro negativo. E, nos últimos meses de 2013, os resultados se reverteram de forma fantástica e a empresa decidiu manter as atividades e continuar investindo no país. Fomos, assim, a única operação em países emergentes que foi mantida pela TNT no mundo”, revela o executivo.

A filial Brasil ganhou ainda um upgrade, sendo elevada à condição de Business Unit, reportando-se diretamente à matriz. “Ou seja, além de mantidas, as operações brasileiras ganharam importância dentro da empresa, que viu a tempo o potencial de crescimento do mercado”. Potencial que se confirmou no início deste ano, com o crescimento e os resultados positivos que, agora, a companhia espera que continuem melhorando. Com isto, a Holding TNT tem agora um novo diretor-presidente no país, Ignacio Garat, que já atendia ao Brasil desde a Europa e agora fica sediado aqui.

Investimentos

Ao longo do ano passado, a TNT investiu R$ 28 milhões no Brasil, principalmente em expansão de ativos, tecnologia, segurança e treinamento. Várias filiais foram ampliadas, em regiões como o Nordeste, como Recife, Fortaleza, Natal, Maceió, Salvador, e o Norte, em Belém. Outras localidades ganharam novas estruturas, como Uberaba (MG) e Dourados (MS). A parte de rastreamento de entregas e veículos também mereceu atenção, com novos aplicativos e sistemas de rastreamento e gerenciamento de riscos.

A TNT também apostou na automação de centros de distribuição. As filiais de São Paulo e Campinas são dotadas de sorters de última geração, e algumas filiais médias estão semiautomatizadas. “Tudo isso nos dá agilidade, produtividade e faz com que nosso nível de serviço fique em torno dos 95%. Com isso, antigos clientes que haviam nos deixado estão retornando”, afirma Koga.

O mercado em que a TNT atua é o de cargas entre 1 quilo e 1.500 kg por volume. “Ou seja, vamos desde uma caixinha até uma cabine de caminhão”, explica o diretor, emendando que a empresa busca agora um maior equilíbrio entre estes dois perfis de carga, que têm especificidades. A carga parcel, de pequenas encomendas até 60 kg, representa hoje cerca de 16,5% do faturamento. “Estamos crescendo muito neste segmento, que é de alto valor, com entregas em shoppings e vendas do e-commerce, e queremos aumentar ainda mais sua participação. Temos hubs, sorters e tecnologia que nos permitem giro rápido e rastreamento eficiente. É uma carga para a qual temos muito perfil”, acredita.

A TNT Mercúrio tem foco em quatro segmentos: automotivo, tecnologia, cosméticos e farmacêutico e life style. No automotivo, as atividades são voltadas principalmente para a distribuição de peças para concessionárias. Hoje, a empresa tem 17 montadoras em sua carteira e criou um terminal exclusivo para atender ao segmento, no bairro de Vila Jaguara, em São Paulo. Já o setor de fármacos e cosméticos tem frota dedicada, auditada e certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Este é outro diferencial. Para cada setor, verticalizamos o atendimento. Cada um tem especialistas naquele mercado, alguém que entenda as suas particularidades e a proposta de valor. Isto faz toda a diferença e evita que a empresa caia numa vala comum”, coloca o executivo.

Além da TNT Mercúrio, de cargas regionais fracionadas, que opera também no modal aéreo, a companhia trabalha com outra empresa no país, a TNT Express, voltada ao segmento courier, de pequenas encomendas internacionais. De acordo com Koga, este segmento representa hoje 5% do faturamento da holding TNT no país, mas pode crescer também.

Hoje, a TNT Mercúrio possui 7.200 colaboradores no Brasil e Mercosul, operando 126 filiais e 4 mil veículos para coleta, entrega e transferência, que atendem perto de 5 mil municípios de Norte a Sul do país. Em média, a empresa faz mensalmente entre 800 e 900 mil entregas fracionadas. Todas as filiais possuem, além do pátio, área de armazenagem, que pode ir de 700 metros quadrados até 30 mil m2, como no caso do hub de Campinas.

A TNT também opera filiais em Santiago do Chile; Assunção, no Paraguai; Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia; Córdoba e Buenos Aires, na Argentina; e Montevidéu, no Uruguai, além de possuir operações no Peru, que se reporta ao Brasil. Koga acredita que esta abrangência internacional também seja um diferencial no mercado de carga fracionada, e a empresa tem uma estrutura voltada exclusivamente ao atendimento destes mercados regionais.

Para este ano, a TNT espera obter no país um faturamento de R$ 1 bilhão no segmento de cargas fracionadas, o que representaria um crescimento de cerca de 17% sobre os resultados do ano passado. Deste total, cerca de 10% são provenientes do Mercosul, e o restante, do Brasil.

A empresa já tem desenhada sua estratégia para os próximos anos, com mais investimentos previstos, que o executivo não quis abrir, adiantando apenas que incluem principalmente ativos. “Agora, estamos num momento muito especial, de retomada e curva ascendente. Estamos recuperando o orgulho e a marca TNT, que é muito forte, mas foi bastante arranhada. E estamos no rumo certo”, finaliza.

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