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A revolução dos lockers

Por Guilherme Juliani em 22 de maio de 2023 às 11h06
Guilherme Juliani

Em todo o mundo, a last mile segue como a etapa mais cara e menos eficiente da cadeia logística. Fazer a encomenda chegar às mãos de quem a comprou online é um desafio cada vez mais complexo, por razões que vão da falta de tempo do cliente para receber, passa por prédios sem portaria até áreas inteiras com um único CEP. Até agora, uma das melhores respostas que a logística encontrou para essa questão no B2C são os lockers. Por isso, é bem provável que a maioria dos players brasileiros adote essa solução. Em escala cada vez maior e em um tempo cada vez menor. 

Um dos exemplos mais bem-sucedidos de incorporação desses armários inteligentes à operação é dado pela gigante mundial do varejo online, a Amazon. Em 2011, a empresa de Jeff Bezos começou a oferecer a novidade nos Estados Unidos. Sete anos depois, os armários estavam em mais de 2.800 lugares e mais de 70 cidades. Não há números atualizados, mas a Amazon já espalhou lockers em praticamente todo aquele país. 

A solução se mostra eficiente na Europa também: só no Reino Unido, entre 2019 e 2021, a Amazon dobrou os armários disponíveis, passando de 2.500 para 5 mil. A polonesa InPost, que divide com a Amazon o posto de maior fornecedora de armários inteligentes do Reino Unido, tinha planos de atingir 6 mil unidades no final de 2022. 

Uma das forças motrizes da expansão internacional é a redução dos custos das operações. As entregas em lockers são mais eficientes do ponto de vista logístico, pois os pacotes são entregues em um único local, em vez de individualmente, em diferentes endereços. A corrida por mais armários já se reflete nos preços. Na Polônia – país líder na adoção da solução – o custo de envio para um locker, dependendo do tamanho da embalagem, pode chegar a 30% menos do que para uma residência.

A escalada dos números reflete a praticidade que esta modalidade oferece ao consumidor. No dia e horário mais conveniente, ele retira sua encomenda no local que escolher, mediante código de acesso enviado pela empresa. Aqui no Brasil, seguindo o modelo internacional, as empresas começam a oferecer a solução nas capitais e regiões metropolitanas, em áreas de grande circulação de público, como postos de gasolina, supermercados e lojas. Boa parte desses equipamentos vão azeitar a entrega em regiões com taxas mais altas de insucesso, como algumas comunidades, prédios sem porteiro e áreas rurais. 

No limite, além de melhorar a experiência do cliente, o locker tem potencial para ser um entreposto logístico. Além da entrega de encomendas para destinatários finais, também pode ser usado na coleta de produtos para postagem - modalidade central para as micro lojas que precisam despachar suas mercadorias para todo o Brasil - e logística reversa. Some-se ainda a redução de sinistros. Os lockers são locais seguros para a retirada de encomendas, o que reduz o risco de roubo ou extravio de pacotes durante o processo de entrega.

Igualmente relevante é a redução da pegada de carbono do e-commerce. Isso ocorre porque, ao invés de realizar múltiplas entregas em diferentes endereços, as encomendas são entregues em um único local, o que reduz o consumo de combustível e as emissões de gases de efeito estufa. Last mile com menor custo e maior sustentabilidade.
 

*Guilherme Juliani é CEO do Grupo MOVE3, que reúne as empresas Moove+, Moove+ Portugal, a gráfica JallCard, a fintech M3Bank, a startup goX Crossborder, as transportadoras Rodoê e Carriers e a Rede 1 Minuto. Em 2022, o grupo fez 100 milhões de entregas.  Formado em Administração pela PUC-RJ, Juliani é especialista em Negócios (Harvard Business School), Negociação (Oxford/Saïd Business School) e Gestão de Transportes (Fundação Dom Cabral).

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