Maior fábrica de celulose do mundo é construída em Inocência (MS) com investimento de US$ 4,6 bilhões

A cidade de Inocência, no leste de Mato Grosso do Sul, recebe a construção da maior fábrica de celulose do mundo. O empreendimento, denominado Projeto Sucuriú, é executado pela empresa chilena Arauco e conta com investimento de aproximadamente R$ 27,3 bilhões (US$ 4,6 bilhões). A previsão de início de operação é para o último trimestre de 2027.

A planta industrial terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose de fibra curta por ano, superando a marca do Projeto Cerrado, da Suzano, instalado em Ribas do Rio Pardo (MS). Essa será a primeira unidade da Arauco no Brasil e fará parte do chamado “Vale da Celulose”, área que concentra os maiores investimentos privados do setor florestal no país.

O projeto inclui duas linhas de fibras, três secadoras, seis picadoras, dois digestores e a maior caldeira de recuperação já construída, fornecida pela Valmet, com capacidade para processar mais de 15 mil toneladas de resíduos por dia. Está prevista também uma planta de gaseificação para produção de biocombustível destinado ao abastecimento dos fornos de cal.

A operação será automatizada, com recursos de indústria 4.0, conectividade em tempo real e gestão integrada desde o processamento da madeira até a expedição. A unidade terá autossuficiência energética, com geração de mais de 400 megawatts (MW) a partir de biomassa. Desse total, 200 MW serão usados internamente e o excedente será disponibilizado na rede elétrica nacional.

Para garantir o fornecimento de matéria-prima, a Arauco contará com 400 mil hectares de florestas de eucalipto, obtidos por meio de parcerias com produtores rurais. A logística do empreendimento inclui um ramal ferroviário de 47 quilômetros que conectará a fábrica à malha nacional com destino ao Porto de Santos. O investimento na ferrovia é estimado em R$ 1 bilhão, com início das obras previsto para setembro de 2025. Além disso, está prevista a construção de um aeroporto em Inocência, orçado em R$ 15,4 milhões, para apoio logístico e transporte de insumos e equipes.

No pico das obras, a construção deve gerar mais de 14 mil postos de trabalho temporários. Após a inauguração, a operação manterá cerca de 6 mil empregos diretos. Estimativas indicam que aproximadamente 100 mil pessoas serão impactadas pela cadeia produtiva associada.

Um plano estratégico foi firmado entre a empresa, o governo estadual e a prefeitura para mitigar efeitos sociais, prevendo ações em áreas como saúde, educação, segurança e habitação. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) ofertará cursos gratuitos para capacitação de operadores de tratores, caminhões, retroescavadeiras e motoniveladoras.

Com o Projeto Sucuriú e outros empreendimentos já instalados, Mato Grosso do Sul concentra mais de 8 milhões de toneladas de capacidade anual de produção de celulose, consolidando-se como um dos principais polos mundiais do setor.