A Accenture divulga um estudo que aponta que as empresas precisam ter visibilidade total em sua base de fornecedores a fim de fazer um progresso significativo nas metas net zero até 2050. Porém, essa visibilidade pode ser prejudicada pelo fato de que quase dois terços das emissões upstream de Escopo nas cadeias de suprimentos vêm de fornecedores com os quais as empresas não têm uma conexão direta.
O relatório Thought you knew the Scope 3 issues in your supply chain? Think again. analisa os hotspots de carbono nas cadeias de suprimentos em todos os níveis de fornecedores, identificando onde as emissões de gases de efeito estufa (GEE) são significativamente mais altas e potencialmente mais difíceis de reduzir. Para o relatório, a Accenture revela que desenvolveu um modelo de dados que usa informações comerciais e de emissões de diferentes indústrias e países para calcular a contribuição do Escopo 3 de fornecedores para seus clientes, criando uma imagem precisa da localização e tamanho das emissões upstream de GEE.
“As emissões do Escopo 3 são difíceis de rastrear, especialmente nas cadeias de suprimentos complexas de hoje em dia. Muitas empresas grandes não sabem quem são os fornecedores além do Tier 1 e não têm qualquer tipo de influência ou controle sobre suas práticas de sustentabilidade. É por isso que vimos pouco progresso nas reduções até o momento”, afirma o diretor executivo da Accenture Strategy na América Latina, Matthew Govier.
Ainda segundo o executivo, munidas de dados sobre a origem dessas emissões, as empresas podem se comprometer a agir e colaborar com toda a base de fornecedores e stakeholders rumo a um futuro mais sustentável, algo que realmente faz a diferença.
A empresa ressalta que o modelo criado mostra as emissões upstream por país, setor e nível de fornecedor. Por exemplo, no caso de um fabricante de automóveis alemão, além dos fornecedores conhecidos na Alemanha e na China, o modelo aponta aqueles escondidos nas redes de fornecimento de outros países, como Polônia e África do Sul. O modelo também compara as emissões upstream de Escopo 3 com as de Escopo 1. A variação entre diferentes setores pode ser grande – por exemplo, as emissões upstream de Escopo 3 do setor de alta tecnologia são 28 vezes maiores que as de Escopo 1. Já no setor de serviços públicos, o upstream de Escopo 3 é apenas um quinto do tamanho de suas emissões de Escopo 1.
A análise da Accenture também revela que, na maioria dos casos, se as emissões upstream correspondem a uma parcela significativa das emissões totais de uma empresa, elas tendem a ocorrer em locais mais profundos da rede de fornecedores. Outro exemplo: muitas vezes, as emissões upstream de Escopo 3 para a indústria aeroespacial e de defesa são maiores do que as emissões dos Escopos 1 e 2, e essas emissões upstream estão enterradas no fundo da rede de fornecedores upstream. Apenas 20% das emissões do setor vêm de fornecedores de Nível 1.
“Nosso estudo mais recente mostra que apenas 7% das companhias estão no caminho para alcançar suas metas net zero. Isso mostra que, para 93% das empresas, a hora de agir é agora”, explica o CRO e líder da prática de Sustainability Services na Accenture, Peter Lacy.
Para ele, mesmo em meio à volatilidade econômica, as ambições em torno da sustentabilidade estão aumentando. “Explorar a inteligência do carbono é uma peça importante do quebra-cabeça para converter essas ambições em ação e impacto. Os líderes do futuro estão colaborando para aumentar a circularidade e aumentar os resultados em sustentabilidade em toda a cadeia de valor.”
Com mais visibilidade das emissões upstream de Escopo 3 e inteligência de carbono incorporada ao negócio principal, as empresas podem, de acordo com o estudo, tomar decisões mais bem informadas sobre como e onde alocar recursos, garantir compras responsáveis em toda a organização a fim de gerar reduções significativas, além de descobrir um valor empresarial mais amplo, criando redes de cadeia de suprimentos mais eficientes, resilientes, econômicas e centradas no cliente. O relatório recomenda cinco ações que todas as empresas devem tomar para atingir essa visibilidade.
A primeira é realizar uma análise real dos pontos críticos de emissões em vários níveis para definir metas e conduzir as ações corretas. Os insights a partir desse tipo de análise fornecem a base do plano de ação para abordar as áreas de impacto mais significativo.
Após isso, incorporar a sustentabilidade no planejamento da categoria e na seleção de fornecedores. Dependendo das áreas de pontos críticos identificados, uma empresa pode personalizar os planos de categoria, incluindo estratégias de redução de emissões, e abordar os pontos críticos da forma mais adequada.
Na sequência, integrar as emissões na torre de controle da cadeia de suprimentos e aposte em um gêmeo digital. Torres de controle que centralizam a visibilidade e a tomada de decisão e orientam as ações com benefícios de curto e longo prazo, combinadas a um gêmeo digital da cadeia de suprimentos, geram a visibilidade de ponta a ponta necessária para otimizar as redes da cadeia de suprimentos em termos de serviços, custos, qualidade e sustentabilidade. Tudo isso em tempo real.
Além disso, é necessário apoiar os fornecedores em seus esforços contínuos de descarbonização. A segmentação da base de fornecedores pode ajudar as empresas a adaptar seus programas de engajamento de forma adequada, desde que também melhorem a qualidade dos dados do fornecedor.
A quinta ação, aponta o relatório, é colaborar em todos os setores, com pares, fornecedores e parceiros do ecossistema, a fim de acelerar a descarbonização em escala. Uma solução de plataforma inteligente para agregar dados de várias partes e fazer recomendações sobre as etapas mais eficazes para a descarbonização é fundamental.