O Governo Federal formalizou, nesta terça-feira (11), durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), a adesão do Brasil à Aliança pelo Transporte Sustentável e Integrado para a Amazônia. A iniciativa reúne países da bacia amazônica e instituições financeiras internacionais com o objetivo de modernizar a infraestrutura logística da região com base em critérios ambientais, sociais e de governança.
Além do Brasil, integram o grupo Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname, juntamente com parceiros como o Banco Mundial, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
De acordo com o subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Benevides, o grupo discutirá estratégias de intermodalidade e interoperabilidade do transporte, além de projetos de novos ativos logísticos e concessões em hidrovias, rodovias, ferrovias e aeroportos. O objetivo é ampliar a conectividade e reduzir gargalos estruturais que afetam a mobilidade e o desenvolvimento econômico da região.
Os países signatários e as instituições participantes se comprometeram a elaborar um Plano de Ação Regional 2026–2030, que estabelecerá metas e investimentos voltados à integração logística da Amazônia. A região enfrenta desafios estruturais, como baixa conectividade, infraestrutura limitada, vulnerabilidade a eventos climáticos e custos elevados de transporte.
“O compromisso é integrar os fatores logísticos e ambientais em uma estrutura de transporte que respeite as especificidades amazônicas e promova desenvolvimento sustentável. Essa é a diretriz que o Ministério dos Transportes leva à COP30”, afirmou Benevides.
A aliança será organizada em quatro eixos estratégicos. O primeiro visa ampliar a conectividade e garantir serviços de mobilidade para comunidades isoladas, especialmente as dependentes do transporte fluvial. O segundo trata da integração multimodal, com foco em corredores logísticos sustentáveis e incentivo à bioeconomia, priorizando o uso das hidrovias.
O terceiro eixo envolve a criação de infraestrutura verde, com base em soluções inspiradas na natureza para reduzir impactos socioambientais e aumentar a resiliência frente às mudanças climáticas. O quarto foca na modernização do transporte fluvial de passageiros e cargas, buscando ampliar a segurança, a eficiência e a inclusão nas áreas urbanas e ribeirinhas.
Segundo Benevides, o plano propõe “soluções naturais de engenharia e drenagem que tornem a infraestrutura mais resiliente e contribuam para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”.
Durante a COP30, o subsecretário também participou de seis painéis sobre inovação logística e sustentabilidade. Entre os temas discutidos, destacou-se o uso de green bonds — títulos verdes voltados ao financiamento de projetos ferroviários — como alternativa para reduzir emissões no transporte de carga.
Estudos apresentados indicam que o modal ferroviário pode emitir até 80% menos CO₂ por tonelada-quilômetro em comparação com o rodoviário. Um trem de 100 vagões é capaz de substituir aproximadamente 300 caminhões, o que reduz congestionamentos e emissões nas rodovias, contribuindo para a descarbonização da logística nacional.
