Ibovespa
155.277,56 pts
(0,33%)
Dólar comercial
R$ 5,40
(-0,11%)
Dólar turismo
R$ 5,60
(-0,16%)
Euro
R$ 6,22
(0,00%)

Evolução do setor logístico ganha força com foco na experiência do cliente

Por Rafael d'Assunção em 24 de novembro de 2025 às 9h47
 Rafael d'Assunção
Rafael D\'Assunção, Diretor de Atendimento, CX e Inovação na Log-In Logística Integrada

Por natureza, o setor logístico sempre foi guiado por precisão, agilidade e controle de processos, mas o avanço das cadeias de suprimentos e das demandas dos consumidores vem exigindo um olhar mais amplo sobre o papel das empresas nesse ecossistema. Atualmente, eficiência e experiência do cliente (CX) caminham lado a lado, e a capacidade de entregar qualidade no serviço está diretamente ligada à maneira como as organizações se relacionam com quem depende de suas operações. 

 

Diante disto, a fim de responder à maior complexidade das cadeias de abastecimento, nos últimos anos, o setor logístico tem ampliado o uso de tecnologia e processos integrados. Essa evolução não se limita à eficiência operacional, mas envolve também uma mudança na maneira como as empresas planejam e executam suas interações com os stakeholders. A experiência do cliente, por exemplo, passou a ser tratada como parte do próprio serviço logístico, influenciando decisões sobre prazos, comunicação e qualidade das entregas.

 

Essa mudança de perspectiva também reflete uma transformação na relação entre empresas e consumidores. Segundo o relatório "O Cenário da Experiência do Cliente na América Latina", publicado pela Genesys, 70% dos brasileiros afirmam que se sentir ouvidos e compreendidos é o aspecto mais importante no vínculo com as marcas. O dado evidencia que o cliente busca não apenas eficiência nas entregas, mas uma experiência que combine agilidade, transparência e atenção às suas necessidades, fatores que, no contexto logístico, têm influência direta sobre a fidelização e o fortalecimento das parcerias comerciais.
 

Consolidar uma cultura centrada na experiência do cliente, além de exigir boas práticas de atendimento, envolve alinhar toda a estrutura organizacional em torno da compreensão das necessidades de quem utiliza os serviços logísticos, combinando proximidade humana, colaboração interna e inovação contínua. Essa abordagem amplia a transparência nas relações e fortalece o vínculo de confiança com os clientes, que passam a perceber valor não apenas na entrega do serviço, mas também na maneira como a empresa conduz cada etapa da jornada.
 

No geral, o compromisso com o consumidor é coletivo e precisa ser sustentado por valores que orientam decisões e moldam a maneira como cada operação é conduzida. Confiança, proximidade e cuidado são princípios que devem estar presentes em cada processo, entrega e interação, lembrando que toda ação interna deve existir em benefício de quem deposita sua confiança no trabalho realizado.
 

Esses princípios se traduzem em práticas concretas que orientam a forma como as equipes pensam, agem e entregam valor. Cada interação, independentemente da escala, representa uma oportunidade de fortalecer a relação com o cliente e consolidar a confiança construída ao longo do tempo. Trata-se de compreender o que realmente contribui para o sucesso de quem confia na empresa e ajustar cada ação a esse propósito.
 

Cultura organizacional e experiência do cliente

Implantar uma jornada consistente de CX requer uma cultura sólida, construída sobre engajamento coletivo e propósito compartilhado. A experiência do cliente é resultado da atuação conjunta de todas as áreas da empresa, e não de um único departamento. Cada decisão, independentemente de sua escala, repercute na percepção de quem está do outro lado da operação e define a maneira como a empresa é reconhecida no mercado.

Sendo assim, a consolidação de uma cultura voltada à experiência do cliente depende da conexão entre as áreas e do entendimento de que a responsabilidade é compartilhada. Quando as equipes atuam integradamente, a experiência se torna visível em cada etapa da jornada, do comercial ao suporte técnico. Isso porque o time de vendas e atendimento tem contato direto com o cliente e compreende suas necessidades específicas, enquanto áreas como TI, operações, financeiro, jurídico, RH e marketing garantem a consistência e a continuidade dessa relação.

Essa visão integrada reforça que a experiência do cliente se constrói por meio da conexão entre áreas, e não do controle de processos. Quando a TI assegura sistemas estáveis, o cliente percebe mais agilidade; quando o Financeiro simplifica a cobrança, reduz-se o ruído nas interações; e quando o RH forma equipes engajadas e empáticas, esse cuidado se traduz em qualidade no atendimento. Com isso, cada decisão, independentemente de sua dimensão, influencia diretamente a percepção de valor e a solidez das relações.
 

Indicadores, escuta ativa e o cliente no centro

De um modo geral, a incorporação de tecnologia à rotina de atendimento tornou-se parte essencial da gestão da experiência do cliente. Indicadores como NPS (Net Promoter Score) e CSAT (Customer Satisfaction) permitem acompanhar a percepção do público com base em dados objetivos, identificar pontos de melhoria e orientar ajustes contínuos nos processos. Essa leitura estruturada das interações ajuda a transformar feedbacks em ações mais práticas. Um exemplo é o modelo de atendimento em dois níveis, que garante ao cliente um ponto de contato exclusivo e reduz a necessidade de recorrer a diferentes canais para solucionar demandas.

O desenvolvimento de uma jornada de CX eficaz depende de escuta ativa e de um processo constante de aprimoramento. Em vez de se limitar à mensuração da satisfação, o objetivo é compreender o que realmente tem relevância para cada cliente e traduzir esse entendimento em ações práticas. A partir disto, a análise dos indicadores ajuda a identificar padrões, antecipar demandas e ajustar os processos de forma precisa, fortalecendo a relação e ampliando a confiança em cada interação.

Além disso, algumas iniciativas podem reforçar a capacidade das empresas de agirem com celeridade e anteciparem as necessidades dos clientes, reduzindo o tempo de resposta e tornando as interações mais efetivas. A adoção de sistemas e automações de atendimento, por exemplo, cria bases sólidas para uma operação mais digital e integrada, sem perder o foco humano da comunicação. O cliente busca não apenas eficiência, mas também atenção, transparência e parceria, quer saber que há pessoas por trás de cada processo, comprometidas em manter suas operações em andamento, com segurança.
 

Experiência contínua na jornada do cliente 

No contexto da cabotagem e da logística integrada, em que eficiência operacional e sustentabilidade precisam coexistir, colocar o cliente no centro das decisões é também um modelo de inovação. De um modo geral, a tecnologia contribui para reduzir custos, tempo e impacto ambiental, mas a combinação entre recursos digitais e sensibilidade humana garante valor real à operação.

Nesse contexto, a automação de processos, o uso de dados em tempo real e a integração entre sistemas tornaram-se parte essencial da rotina logística. Esses recursos ampliam a precisão das operações e permitem decisões mais rápidas e assertivas. No entanto, é o olhar humano que garante que a tecnologia seja usada de maneira relevante e sensível às necessidades de cada cliente. A jornada de CX é, portanto, um processo contínuo de aprendizado e adaptação, que depende tanto da evolução das ferramentas quanto da capacidade das equipes de interpretar e aplicar o conhecimento gerado.

Essa conexão entre experiência e inovação reflete a evolução natural do setor logístico, em que a qualidade das entregas está diretamente ligada à capacidade de adaptação das empresas. A consolidação de práticas voltadas ao cliente fortalece a confiança nas relações comerciais e cria bases mais sólidas para o crescimento sustentável. Atender bem deixa de ser um objetivo pontual e passa a ser um processo permanente, que envolve aprendizado constante, revisão de rotinas e atenção às novas demandas do mercado.

Assim, a evolução da experiência do cliente passa pela integração entre tecnologia e sensibilidade, unindo precisão operacional, capacidade analítica e atenção genuína às necessidades de quem utiliza os serviços. Cada entrega carrega expectativas, compromissos e relações que se constroem ao longo do tempo, e é nesse vínculo que se consolida a confiança entre empresa e cliente. A maturidade em CX resulta desse equilíbrio, no qual a eficiência dos processos se converte em relacionamento sustentável e a escuta ativa orienta decisões que fortalecem a parceria a longo prazo.

 

Rafael d'Assunção é Diretor de Atendimento, CX e Inovação na Log-In Logística Integrada, grupo de soluções logísticas, movimentação portuária, operações rodoviárias e navegação de Cabotagem, Mercosul e Feeder.

Usamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência, analisar estatísticas e personalizar a publicidade. Ao prosseguir no site, você concorda com esse uso, em conformidade com a Política de Privacidade.
Aceitar
Gerenciar