O governo de Mato Grosso do Sul projeta investir cerca de R$ 20 bilhões em infraestrutura logística nos próximos dez anos. O anúncio foi feito pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) durante entrevista ao programa CNN Money, na qual detalhou os principais eixos do plano, que inclui o Corredor Bioceânico como componente estratégico para a integração internacional da produção agropecuária do Estado.
A rota, que conectará Campo Grande aos portos da costa norte do Chile, é considerada essencial para reduzir o tempo de transporte de cargas destinadas ao mercado asiático. De acordo com Riedel, a nova ligação poderá diminuir em até 14 dias o trajeto logístico, o que impactará diretamente no custo e na competitividade das exportações brasileiras, em especial do setor de carnes.
O corredor logístico, que envolve Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, depende de três elementos principais para sua consolidação: a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, a pavimentação de trechos viários em território paraguaio e o acesso à ponte, que compreende 13 quilômetros de estrada considerados tecnicamente complexos. A conclusão da ponte está prevista para 2026.
O governador destacou o avanço das obras no Paraguai, conduzidas pelo governo do país vizinho. A ministra da pasta de Obras Públicas e Comunicações do Paraguai, Claudia Centurión, foi citada como responsável pela condução das obras em ritmo acelerado.
Além do corredor rodoviário, o governo estadual pretende investir em outros modais de transporte, como a ferrovia e a hidrovia. Um dos principais projetos é a retomada da Malha Oeste, que liga Mato Grosso do Sul à Malha Paulista e, por consequência, aos portos do Sudeste. O plano também prevê o fortalecimento do transporte hidroviário na região de Corumbá.
Essas ações fazem parte de uma estratégia de diversificação e integração logística, com foco em ampliar a capacidade de escoamento da produção agroindustrial e reduzir a dependência do modal rodoviário. Os investimentos, segundo Riedel, serão direcionados para quatro eixos estruturais: rodovias, ferrovias, hidrovias e o Corredor Bioceânico.
A produção de proteínas animais, como frango, carne suína e bovina, é um dos principais focos das exportações via Corredor Bioceânico. A recente certificação do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação é vista como uma oportunidade para acessar mercados com maior exigência sanitária e potencial de maior valor agregado.
O governador afirmou que o fortalecimento da defesa sanitária é um fator essencial para manter o novo status e garantir a expansão das exportações. Ele também defendeu que os investimentos em infraestrutura logística devem ser acompanhados de políticas para o adensamento da cadeia produtiva, por meio da agroindustrialização.
De acordo com Riedel, a articulação entre logística e transformação industrial é fundamental para ampliar a geração de empregos, aumentar a renda e reduzir a pobreza no Estado. A expectativa do governo é que os investimentos contribuam para a criação de uma nova dinâmica econômica regional, com maior integração aos fluxos globais de comércio.