O parlamento do Irã aprovou, neste domingo (22), o fechamento do Estreito de Ormuz, segundo informações da mídia local. O local é uma rota marítima estratégica por onde passa cerca de 20% do petróleo consumido globalmente.
A decisão ocorreu em resposta aos ataques realizados pelos Estados Unidos contra três instalações nucleares do Irã em Fordow, Natanz e Isfahan, na noite deste sábado (21). A ação representa a escalada das tensões entre EUA e Irã em meio ao conflito entre Israel e o país persa.
O fechamento do estreito ainda aguarda a decisão final do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, mas a ameaça de fechamento já foi suficiente para provocar volatilidade nos mercados e acender discussões sobre o impacto que um bloqueio efetivo teria sobre a segurança energética global.
De acordo com dados expostos pela CNN, o preço do petróleo disparou desde a última sexta-feira (13), com o início das ofensivas entre Israel e Irã. No primeiro dia de conflito, a alta chegou a 8%. Desde então, o barril do tipo Brent, referência global, avançou 13,5%, passando de US$ 69,36 na quinta-feira (12) para US$ 78,74 nesta quinta (19). Já o WTI, usado como referência nos Estados Unidos, subiu 10,9%, de US$ 66,64 para US$ 73,88 no mesmo intervalo.
Qual a importância do Estreito de Ormuz?
O Estreito de Ormuz liga o Golfo Pérsico ao Mar de Omã. O local é considerado essencial para o escoamento da produção de países como Arábia Saudita, Iraque, Irã, Emirados Árabes, Catar e Kuwait, dando passagem a cerca de um quinto do petróleo consumido mundialmente. Além do petróleo, o Estreito é importante para o transporte de gás natural liquefeito (GNL), especialmente do Catar, segundo maior exportador global.
O local tem apenas 39 km de largura em seu ponto mais estreito, com tráfego nos dois sentidos. Isso torna a área vulnerável a bloqueios navais, minas e ataques com drones.
Para Marcelo de Assis, sócio da consultoria MA2 Energy, a situação ainda não é crítica, mas o envolvimento dos EUA, ou qualquer outro país, certamente pode influenciar Teerã a fechar o estreito, o que atinge também exportações de gás natural liquefeito.
“Nesse cenário, os preços do petróleo poderiam saltar para até US$ 120 por barril. Até agora, os valores têm se mantido na faixa de US$ 70 a US$ 75 por conta da demanda fraca, influenciada pela guerra tarifária, mas um fechamento de Ormuz causaria um choque imediato de oferta”, afirma.
No momento, especialistas especulam que o Irã não levará adiante uma interdição completa, o que escalaria ainda mais o conflito e prejudicaria as exportações do próprio país. Mas um eventual bloqueio, mesmo parcial, também teria efeito sobre a oferta de energia para a Europa e a Ásia, aumentando os custos logísticos e forçando a mudança de rotas comerciais.
* Com informações da CNN