O Brasil registrou, na última década, uma redução de 1,2 milhão no número de motoristas de caminhão ativos. Os dados são da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), com análise realizada pela plataforma Motorista PX. O levantamento foi apresentado em 18 de junho de 2025, durante o evento Frotas Conectadas, em São Paulo.
A redução no número de motoristas levanta preocupações sobre a capacidade do setor de transporte rodoviário de cargas em manter o atendimento à demanda logística do país. Atualmente, 67% da produção nacional depende do modal rodoviário.
O envelhecimento da categoria é apontado como um dos principais fatores para a queda no número de profissionais. Segundo os dados da Senatran, mais de 500 mil motoristas ativos no Brasil têm mais de 71 anos. A análise indica que a idade média da categoria não apresenta redução, o que sugere baixa entrada de novos profissionais.
A falta de renovação da mão de obra tem impacto direto nas operações de transporte. Empresas já relatam caminhões parados devido à ausência de motoristas, com maior incidência nas operações de longa distância.
Entre os fatores que contribuem para a baixa atratividade da profissão estão as jornadas extensas, a infraestrutura rodoviária, a insegurança nas estradas e a remuneração considerada insuficiente frente às exigências da atividade.
Estudos apresentados no evento também apontam um fator geracional. As novas gerações demonstram preferência por modelos de trabalho com maior flexibilidade e qualidade de vida, o que dificulta a atração de jovens para a atividade de transporte de cargas.
A escassez de motoristas de caminhão não é exclusiva do Brasil. Países como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e México enfrentam o mesmo problema. Nos Estados Unidos, medidas como o aumento de salários e a flexibilização na contratação de estrangeiros, especialmente motoristas mexicanos, foram adotadas. Mesmo assim, a dificuldade de preencher as vagas persiste.
Plataformas digitais têm surgido como alternativas para atrair novos profissionais. A Motorista PX, por exemplo, conecta motoristas autônomos a cargas por meio de tecnologia digital. O sistema permite que o motorista escolha horários e tipos de viagem, com remuneração por demanda e formalização por meio de emissão de nota fiscal.
A empresa também desenvolve programas de formação para novos motoristas, incentivando a migração de profissionais com carteira de habilitação categoria C para D, o que amplia as possibilidades de atuação.
A necessidade de mudança de postura por parte das empresas do setor também foi destacada no evento. Segundo representantes da iniciativa privada, as transportadoras precisam adotar estratégias de gestão voltadas ao bem-estar, à qualificação e ao reconhecimento de desempenho dos motoristas.
A utilização de ferramentas de gestão baseadas em tecnologia, com mecanismos de gamificação e programas de eficiência, foi citada como uma das alternativas para aumentar o engajamento e reter profissionais.