Ibovespa
158.491,80 pts
(-0,36%)
Dólar comercial
R$ 5,35
(0,34%)
Dólar turismo
R$ 5,55
(0,18%)
Euro
R$ 6,22
(0,51%)

Déficit de caminhoneiros pressiona capacidade logística no Brasil e expõe tendência global de escassez

Redução da força de trabalho, envelhecimento da categoria e condições estruturais insuficientes ampliam risco de gargalos no transporte rodoviário
Por Redação em 1 de dezembro de 2025 às 7h19
Déficit de caminhoneiros pressiona capacidade logística no Brasil e expõe tendência global de escassez
Foto: Freepik
Foto: Freepik

O Brasil enfrenta retração acelerada na oferta de caminhoneiros, com impacto direto na operação logística nacional. Dados da Senatran indicam que o país perdeu 1,1 milhão de profissionais entre 2013 e 2023, queda de 20% no período. O setor, responsável por movimentar mais de 60% das cargas brasileiras, opera sob capacidade reduzida, enquanto transportadoras relatam dificuldade crescente para preencher vagas e manter fluxos regulares de abastecimento.

Estudos recentes apontam que o envelhecimento da força de trabalho e o desinteresse dos jovens pela profissão ampliam a pressão sobre transportadoras e embarcadores. Pesquisas mostram que grande parte dos motoristas em atividade se aproxima da aposentadoria, enquanto novos profissionais não ingressam em ritmo suficiente para compensar a saída dos mais experientes. A CNT informa que 26,9% dos caminhoneiros têm entre 40 e 49 anos, e outra parcela relevante está acima dos 50 anos. Ao mesmo tempo, a CNTA projeta que mais de 37% dos autônomos deixarão a atividade até 2026, principalmente devido aos custos de operação, instabilidade de fretes e jornadas extensas.

O déficit afeta diversos segmentos do transporte rodoviário. Operações que exigem qualificação específica, como o transporte de veículos por cegonheiros, também registram dificuldade de renovação de mão de obra, já que a formação tradicional — baseada no acompanhamento de veteranos — se tornou financeiramente inviável para empresas e motoristas.

Entidades e empresas do setor indicam que a recuperação da capacidade operacional depende de investimentos contínuos em qualificação. Programas de formação, parcerias entre transportadoras e autoescolas e estímulos para obtenção da habilitação profissional são mencionados como medidas necessárias. A modernização da frota também aparece como elemento de atração, já que veículos com tecnologias embarcadas reduzem desgaste e ampliam a eficiência do trabalho. Transportadoras ressaltam ainda que remuneração, infraestrutura de descanso e condições adequadas de jornada serão determinantes para evitar a evasão de profissionais.

A escassez registrada no Brasil é observada em outros mercados. O Truck Driver Barometer 2024, produzido pela IRU em parceria com a Michelin, mostra percepção negativa da profissão na Europa, com rejeição média de -43 em relação ao interesse pela carreira. Espanha (-76), Polônia (-59) e Itália (-48) registram os índices mais desfavoráveis, enquanto Alemanha (-31), Holanda (-26) e Reino Unido (-25) também apresentam resultados negativos. Apesar disso, 81% dos profissionais afirmam que gostam da atividade, indicando que os problemas estão relacionados às condições de trabalho.

Segundo o levantamento, motoristas europeus citam falta de estacionamentos seguros, atendimento inadequado em docas e baixa valorização social como causas principais de insatisfação. A idade média elevada da categoria também preocupa: 25% têm mais de 55 anos, enquanto apenas 4% têm menos de 25.

Na Alemanha, a escassez coincide com desempenho econômico limitado. O país registrou crescimento de 0,3% no terceiro trimestre de 2025, enquanto a confiança empresarial permanece baixa. A falta de motoristas reduz a capacidade de transporte e pressiona os custos operacionais. Empresas ampliaram salários em 3,7% nos últimos 12 meses, ritmo acima do reajuste dos fretes. Assim, mesmo com estabilidade nos preços de diesel, veículos e armazenamento, a mão de obra se tornou o principal fator de custo da logística alemã.

A combinação entre envelhecimento da categoria, baixa entrada de novos profissionais, infraestrutura insuficiente e condições operacionais adversas reforça o risco de restrições logísticas no Brasil e em outros países. Entidades do setor defendem como prioridades a ampliação de áreas de descanso, políticas de qualificação, incentivos financeiros para formação e iniciativas de valorização profissional, além de estratégias contínuas de renovação da frota.

Usamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência, analisar estatísticas e personalizar a publicidade. Ao prosseguir no site, você concorda com esse uso, em conformidade com a Política de Privacidade.
Aceitar
Gerenciar