O Perfil de Comércio e Investimentos da ApexBrasil, que será enviado nesta quarta-feira (10) a empresários, apresenta os Estados Unidos como principal destino das exportações brasileiras de produtos com maior valor agregado em 2023. Embora a China tenha se mantido como o principal parceiro comercial em volume total, os EUA lideraram nas compras de itens industrializados e na origem do investimento direto estrangeiro no Brasil.
Segundo o levantamento, as exportações brasileiras para os EUA ultrapassaram US$ 40 bilhões no último ano, representando o maior volume já registrado na relação bilateral. Os norte-americanos foram responsáveis por 78% das compras de produtos de maior valor agregado provenientes do Brasil. Entre os principais segmentos com oportunidades identificadas no mercado norte-americano estão vestuário, máquinas e equipamentos, além de móveis de madeira.
O estudo aponta ainda que o Brasil detém 55,8% de participação no mercado norte-americano de produtos semiacabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço, posicionando-se como principal fornecedor desses itens. O país, no entanto, pode enfrentar novos desafios com a política tarifária dos EUA. Atualmente, o Brasil não é afetado pela tarifa de 25% sobre aço implementada durante o primeiro mandato do ex-presidente Donald Trump, mas foram anunciadas mudanças que devem estender a sobretaxa a todos os parceiros comerciais, sem exceções.
Em termos de política comercial, o Brasil não possui acordo de livre comércio com os EUA. Além disso, o Sistema Geral de Preferências (SGP) — programa norte-americano que concedia benefícios tarifários a países em desenvolvimento — permanece suspenso para o Brasil e não há previsão de renovação sob a atual administração norte-americana.
No campo dos investimentos, o estudo indica que o estoque de investimento direto estrangeiro (IED) dos EUA no Brasil atingiu US$ 287,7 bilhões em 2023. O montante representa um crescimento de 16,8% em relação ao ano anterior, reforçando o papel dos Estados Unidos como principais investidores no país.
Os dados apresentados pela ApexBrasil também revelam que, até 2024, pouco mais de um terço das importações dos EUA teve origem em parceiros com acordos comerciais, como México e Canadá. Nesse contexto, a ausência de um acordo similar com o Brasil pode influenciar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado norte-americano.