O número de financiamentos de caminhões no Brasil apresentou retração de 6,4% nos cinco primeiros meses de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024. De acordo com dados da B3 compilados pela publicação Transporte Moderno, foram registradas 112.766 operações de crédito entre janeiro e maio deste ano, contra 120.312 no mesmo intervalo do ano anterior. A redução reflete o comportamento mais cauteloso dos transportadores diante do atual cenário macroeconômico.
O recuo foi impulsionado principalmente pela menor procura por caminhões novos. No acumulado do ano, foram financiadas 49.761 unidades novas, uma queda de 10,7% em relação às 55.707 registradas em 2024. Somente em maio, foram 9.779 operações de financiamento, número 7,8% inferior ao de abril (10.609) e 12,1% menor em relação ao mesmo mês do ano anterior (11.128).
No total, o mês de maio registrou 22.795 operações de financiamento, com redução de 2,1% frente a abril (23.281) e queda de 4,3% na comparação com maio de 2024 (23.809).
O mercado de caminhões usados apresentou maior estabilidade no período. Foram financiadas 63.005 unidades entre janeiro e maio, uma variação negativa de 2,5% em relação às 64.605 registradas no mesmo período de 2024. Em maio, esse segmento registrou 13.016 financiamentos, com aumento de 6% em relação a abril (12.272) e de 7,5% em relação a maio do ano passado (12.096).
O comportamento dos financiamentos acompanha a tendência de crescimento nas vendas de usados. Segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), foram vendidas 162.187 unidades de caminhões usados até maio, alta de 22,4% frente às 132.457 comercializadas no mesmo período de 2024.
Apesar do crescimento acumulado, os dados apontam uma desaceleração no ritmo de expansão mensal. Em maio, foram vendidas 38.400 unidades, aumento de 3,5% em relação a abril (37.391), abaixo das elevações registradas nos dois meses anteriores, que foram de 7,5% e 7,9%, respectivamente.
Segundo a Fenauto, o mercado de veículos comerciais passa a sentir os efeitos do encarecimento do crédito e da inflação persistente. O presidente da entidade, Enilson Sales, observa que, com o IPCA projetado em 5,5% e o PIB estimado em 2,5% para o ano, o segundo semestre deve apresentar maiores restrições ao financiamento, o que tende a impactar as vendas.
Entre as modalidades de crédito, o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) permanece como a principal, com 91.718 contratos firmados até maio, dos quais 18.362 foram registrados no último mês. O consórcio continua ampliando sua presença, com 16.154 cotas comercializadas no acumulado do ano, sendo 3.574 em maio, o maior volume mensal registrado até agora.
Apesar da alta rotatividade da frota e da disponibilidade de estoque, a Fenauto alerta que a continuidade do crescimento nas vendas dependerá da evolução das condições econômicas e da política de crédito dos bancos. A entidade destaca a necessidade de cautela e planejamento por parte dos compradores.
Do lado das vendas de caminhões novos, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) aponta que os juros elevados e a volatilidade dos preços do diesel têm dificultado decisões de investimento. Segundo a entidade, embora exista demanda, transportadores estão postergando aquisições à espera de condições mais favoráveis de financiamento.