A VLI, empresa de logística integrada que opera ferrovias, terminais e portos, anunciou investimento de aproximadamente R$ 600 milhões para iniciar sua atuação como Agente Transportador Ferroviário de Cargas (ATF-C) na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). A operação, aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), prevê a aquisição de locomotivas e vagões, além de adequações operacionais e contratação de mais de 700 profissionais em Minas Gerais e no Espírito Santo.
A iniciativa marca a primeira operação da VLI como ATF-C, categoria instituída após a promulgação da Lei das Ferrovias (Lei 14.273/2021). Por meio desse modelo, empresas com registro na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) podem realizar transporte ferroviário com seus próprios ativos, mesmo em trechos controlados por outras concessionárias, desde que haja contratos operacionais específicos (COEs) e compartilhamento de infraestrutura.
Na EFVM, atualmente sob concessão da Vale, o transporte de carga geral vinha sendo realizado com locomotivas e tripulações da própria concessionária. Com a mudança, a VLI poderá operar diretamente com seus maquinistas e material rodante, negociando fluxos logísticos com clientes interessados no uso da ferrovia. A previsão é que a estrutura completa esteja implementada até o segundo semestre de 2026.
Segundo a empresa, cerca de R$ 530 milhões serão destinados à compra de 50 locomotivas e 1.040 vagões, parte dos quais já eram utilizados pela Vale no modelo anterior de operação. Outros R$ 70 milhões serão aplicados em adequações nas instalações logísticas voltadas ao transporte de carga geral.
As vagas de emprego geradas pelo projeto serão distribuídas entre funções operacionais e administrativas, com lotações previstas em diferentes pontos da malha ferroviária utilizada pela VLI nos dois estados.
A atuação da VLI na EFVM se insere no chamado Corredor Leste, que inclui também o trecho da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) com origem no Triângulo Mineiro. Anualmente, a empresa já movimenta cerca de 22 milhões de toneladas de carga nessa rota.
A operação da VLI como ATF-C não altera as responsabilidades contratuais da Vale como concessionária da EFVM. De acordo com a companhia, seguem sob sua alçada a gestão da infraestrutura, a manutenção da ferrovia, os investimentos previstos em contrato e o transporte de minério de ferro, cargas gerais e passageiros.
O novo modelo foi possível com a reformulação do marco regulatório ferroviário, que passou a permitir maior participação de operadores independentes no setor. A expectativa do governo federal e da agência reguladora é de que a ampliação do acesso à malha ferroviária contribua para o aumento da eficiência, da concorrência e dos investimentos no setor logístico brasileiro.