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Selic a 15% mantém pressão sobre o mercado de caminhões e freia recuperação do setor

Juros altos e restrição de financiamento impactam vendas de veículos pesados e extrapesados no segundo semestre de 2025
Por Redação em 1 de setembro de 2025 às 7h23
Selic a 15% mantém pressão sobre o mercado de caminhões e freia recuperação do setor
Foto: Reprodução/Freepik
Foto: Reprodução/Freepik

O mercado de caminhões pesados e extrapesados enfrenta retração devido à manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, segundo analistas e dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou durante o 33º Congresso & Expo Fenabrave que a taxa básica de juros deve permanecer elevada por um período prolongado para controlar a inflação, que ainda não convergiu de forma consistente para a meta de 3%, com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

“O processo de convergência para a meta de inflação está sendo lento, e isso demanda manter a Selic em patamar ainda bastante restritivo”, declarou Galípolo. Para Tereza Fernandez, economista da Fenabrave, os juros elevados afetam diretamente a compra de caminhões, considerados bens de capital e, em grande parte, financiados. “Praticamente 100% dos caminhões pesados e tratores agrícolas dependem de crédito. Com juros de 15% ao ano, restrição de financiamento e margens apertadas, muitas empresas — especialmente do setor agrícola — adiam a renovação de frota”, explicou.

O setor agrícola enfrenta desafios adicionais, incluindo empresas em recuperação judicial, safras anteriores ruins e aumento nos custos de insumos como fertilizantes, o que reduziu a rentabilidade. Mesmo com uma safra melhor em 2025, a queda no preço das commodities em real restringe a capacidade de investimento. Segundo Tereza, enquanto veículos leves e médios apresentam sinais de recuperação, caminhões pesados e extrapesados registram retração próxima a 20% em relação a 2024.

Marco Borba, presidente da Associação Brasileira dos Concessionários Volkswagen Truck & Bus (ACAV), confirma que veículos de maior valor, acima de R$ 1 milhão, sofrem mais com o custo elevado do crédito. “O cenário macroeconômico e político também aumenta a cautela do comprador, que tende a adiar aquisições ou limitar-se à substituição de frota”, afirmou. Ele observa que segmentos urbanos e de transporte leve mantêm crescimento, impulsionados por entregas last mile, enquanto transportes de longa distância apresentam queda de 20%. A inadimplência em veículos de maior valor também aumentou, levando bancos a analisar crédito com mais rigor.

Segundo a Fenabrave, o acumulado de 2025 registra queda de 5,3% no mercado de caminhões em relação a 2024, passando de 71.906 para 68.084 unidades emplacadas até o 11º dia útil de agosto. O setor de implementos rodoviários é o mais afetado. Em comparação mensal, os emplacamentos de agosto tiveram leve alta de 0,4% sobre julho, mas caíram 20,3% em relação a agosto de 2024 e acumulam retração de 19,9% no ano.

Caso a Selic permaneça elevada, a tendência é que o desempenho do segundo semestre repita o observado no primeiro, sem perspectivas de melhora significativa para o mercado de caminhões pesados e extrapesados.

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