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Um mês após tarifaço, exportações para os EUA desabam, mas Brasil tem superávit comercial de US$ 6,1 bi

Exportações para os EUA caíram 18,5% em agosto, enquanto exportações para países como China, Índia, México, Argentina e Reino Unido cresceram
Por Redação em 9 de setembro de 2025 às 8h00
Um mês após tarifaço, exportações para os EUA desabam, mas Brasil tem superávit comercial de US$ 6,1 bi
Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

A balança comercial brasileira fechou o mês de agosto com superávit de US$ 6,133 bilhões, segundo balanço divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Apesar de o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ter reduzido em 18,5% as exportações brasileiras para o país, o crescimento das vendas para a China, que avançaram 29,9% no período, impulsionou os resultados do mês.

De acordo com os dados divulgadospelo Ministério, as exportações brasileiras somaram US$ 29,861 bilhões em agosto, enquanto as importações ficaram em US$ 23,728 bilhões. Com isso, a corrente de comércio atingiu US$ 53,589 bilhões. No acumulado de janeiro a agosto, o saldo positivo chega a US$ 42,812 bilhões, com exportações recordes de US$ 227,6 bilhões.

 

Relação comercial com os EUA em cheque

A queda significativa de 18% nas exportações para os EUA intensificou o desequilíbrio na balança comercial entre Brasil e Estados Unidos, que já pendia para o país norte-americano antes da imposição das tarifas em agosto. As importações de produtos dos Estados Unidos no período aumentaram mais de 4%, resultando em um déficit de mais de US$ 1 bilhão para o Brasil na relação com o país.

Em agosto do ano passado, o valor total das vendas do Brasil para os EUA somou US$ 3,39 bilhões. Neste ano, o montante acumulado no mês foi de US$ 2,76 bilhões, o menor para um mês de agosto desde 2020, auge da pandemia de Covid-19.

As quedas mais relevantes ocorreram com aeronaves (93%), turborreatores, turbopropulsores e outras turbinas a gás (60,9%), óleos essenciais (52,25%), madeira perfilada (48,52%) e carne bovina congelada (47,69%). Já o minério de ferro não teve nenhum embarque para os Estados Unidos em agosto.

Entre as maiores quedas na exportação estão produtos que escaparam do tarifaço de 50%, como aeronaves, óleos combustíveis, minério de ferro e celulose, e itens que foram sobretaxados, como açúcar, máquinas, carne bovina e madeira. Na avaliação do diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão, parte da retração decorre da antecipação de vendas em julho, quando exportadores brasileiros buscaram driblar o impacto do tarifaço anunciado pelo republicano antes de o tarifaço entrar em vigor, em 6 de agosto.

“Houve uma corrida antes da entrada em vigor das tarifas, que gerou crescimento naquele mês e queda agora em agosto”, explicou. “A incerteza que teve em relação à tarifa de julho gerou uma antecipação de embarques que fez com que alguns produtos, mesmo não tarifados, caíssem em agosto. E outros produtos tarifados caíram muito provavelmente em razão de maiores tarifas. Mesmo esses produtos podem ter sofrido aumento de antecipação”, explica.

 

Diversificando a balança

Os números de agosto apontam para uma aproximação do Brasil com outros parceiros estratégicos.  As exportações no mês de agosto apresentaram crescimento de 29,9% para a China (incluindo Hong Kong e Macau), 11% para o Reino Unido, de 43,82% para o México; de 40,37% para a Argentina e de 58% para a Índia.

Durante o mês, as vendas para China, Hong Kong e Macau totalizaram US$ 9,60 bilhões, contra importações de US$ 5,54 bilhões, resultando em um superávit bilateral de US$ 4,06 bilhões. Os números revelados pelo MDIC também indicam superávits comerciais com parceiros como Índia, Argentina e México, consolidando o Brasil como um fornecedor estratégico de alimentos, energia e matérias-primas para mercados em expansão.

As maiores quedas registradas foram de 43,8% para a Bélgica; de 31,3% para a Espanha; de 30,44% para a Coreia do Sul e de 17,1% para Singapura.

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, comentou os números e disse que o Brasil "segue um gigante  nas exportações", mesmo após o tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump.

"Os números são bastante animadores. Mesmo num período de tarifaço, de desafio do segundo mais importante parceiro comercial do Brasil, os números mostram um crescimento das exportações brasileiras para o mundo inteiro. Teve uma queda de 18% para os Estados Unidos, mas crescimento de 31% com a China, o Mercosul cresceu quase 28%", citou Jorge Viana, em vídeo publicado na última quinta-feira (04/09). 

 

Futuro incerto

De acordo com o MDIC, o governo federal deve esperar mais meses para estimar o real impacto das tarifas americanas. A linha de crédito de R$ 30 bilhões anunciada em 13 de agosto pelo governo brasileiro para socorrer exportadores ainda não está disponível. O governo também anunciou medidas como a prorrogação, por um ano, do prazo para que as empresas consigam exportar mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo chamado "drawback"; autorização da Receita Federal para adiar a cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço; crédito tributário de até 3,1% de alíquota para grandes e médias empresas e de até 6% para micro e pequenas empresas; e mais acesso a operações de seguro para pequenas e médias empresas.

A União, estados e municípios também poderão fazer compras públicas de produtos afetados pelas sobretaxas dos EUA para seus programas de alimentação, como merenda escolar, hospitais e outros. O governo anunciou, ainda, que continuará trabalhando para diversificar mercados, buscando novos países compradores dos produtos sobretaxados pelos Estados Unidos.

Com as vendas enfrentando taxas de 50% e os canais diplomáticos fechados, os empresários brasileiros tentam restabelecer os negócios diretamente com compradores americanos. Um comitiva de cerca de 130 empresários brasileiros reunidos pela Confederação Nacional da Indústria se reuniu em Washington com representantes de empresários americanos nos dias 3 e 4 de setembro.

O embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, participou dos encontros como consultor da CNI. Ele defendeu que o Brasil não adotou práticas que tenham prejudicado o comércio dos Estados Unidos, ao contrário do que o presidente Donald Trump tem afirmado. A contestação veio em resposta ao pedido de Donald Trump de abrir investigação contra o Brasil sob a alegação de que o país comete "práticas comerciais desleais", e tem base na seção 301 da Lei de Comércio de 1974, que apura práticas estrangeiras que impactem no comércio americano. "Ao contrário, muitas das empresas americanas se beneficiaram das políticas brasileiras", afirmou Azevêdo.

 

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