Crescimento do setor de serviços se apoia em transportes e informação, aponta IBGE

O crescimento do setor de serviços no Brasil tem sido sustentado principalmente pelos segmentos de transportes e de informação e comunicação, segundo avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de o volume total de serviços renovar patamares elevados ao longo dos últimos meses, o avanço não ocorre de forma disseminada entre todas as atividades do setor.

De acordo com Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, o desempenho recente indica concentração do crescimento. Segundo ele, os demais segmentos apresentam variações próximas da estabilidade quando observados em uma perspectiva de médio e longo prazo. Ainda que tenha havido expansão em todas as cinco atividades pesquisadas na passagem de setembro para outubro, há sinais de perda de ritmo em parte delas.

O IBGE aponta que esse arrefecimento pode estar relacionado a fatores como o ambiente de juros mais elevados, embora não haja uma causa única. O setor de serviços, segundo o instituto, é heterogêneo, com dinâmicas distintas entre as atividades. Entre os segmentos com desaceleração mais perceptível está o de serviços profissionais e administrativos.

Na análise mensal, o principal destaque em outubro foi o crescimento de 1,0% da atividade de transportes, que acumulou expansão de 2,4% ao longo de três meses consecutivos. Dentro desse grupo, o transporte aéreo e o transporte rodoviário de cargas concentraram os maiores avanços.

Segundo o IBGE, o transporte aéreo tem sido impulsionado pelo aumento no número de passageiros ao longo do ano, enquanto o transporte rodoviário de cargas reflete o escoamento de uma safra agrícola recorde e a expansão das entregas vinculadas ao comércio eletrônico. Esses fatores reforçam o papel do setor de transportes como eixo central da dinâmica logística e da circulação de mercadorias no país.

Além dos transportes, o segmento de informação e comunicação avançou 0,3% em outubro frente a setembro. Outros serviços cresceram 0,5%, enquanto serviços profissionais e administrativos e serviços prestados às famílias registraram alta de 0,1% cada, indicando desempenho moderado fora dos segmentos líderes.

No recorte específico do transporte, o segmento de passageiros apresentou crescimento de 2,3% em outubro na comparação mensal. Com esse resultado, o nível de atividade ficou 13,1% acima do registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia, embora ainda permaneça 13,0% abaixo do pico observado em fevereiro de 2014.

O transporte de cargas, por sua vez, cresceu 0,9% no mesmo período e opera em um patamar 41,0% superior ao nível pré-pandemia. Apesar disso, o segmento ainda se encontra 2,5% abaixo do recorde alcançado em julho de 2023. As séries históricas desses indicadores têm início em janeiro de 2011 e abrangem apenas o resultado agregado nacional, sem detalhamento regional.

Na comparação interanual, outubro de 2025 registrou crescimento de 1,2% no transporte de passageiros e de 2,8% no transporte de cargas, reforçando a relevância desses modais para a sustentação do setor de serviços.

O IBGE também divulgou dados sobre o agregado de atividades turísticas, que cresceu 0,8% em outubro ante setembro. Houve avanço em 13 dos 17 locais pesquisados, com destaque para Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná. Em sentido oposto, São Paulo, Amazonas e Goiás apresentaram retração.

O segmento de turismo opera atualmente 12,7% acima do nível pré-pandemia e está 1,0% abaixo do recorde registrado em dezembro de 2024. Na comparação com outubro do ano anterior, o volume de atividades turísticas cresceu 1,6%, marcando o 17º resultado positivo consecutivo.