A MRS Logística iniciou uma nova operação multimodal de transporte de café com origem em Varginha, no Sul de Minas Gerais, com destino aos portos de Santos (SP) e Rio de Janeiro (RJ). A solução integra os modais rodoviário e ferroviário, em parceria com o terminal TCI, e busca atender à demanda do setor cafeeiro por alternativas logísticas com maior capacidade, previsibilidade e menores custos.
De acordo com a empresa, a operação já está em funcionamento e apresenta redução de até 30% nos custos logísticos em comparação ao transporte realizado exclusivamente por rodovias. A iniciativa também tem impacto sobre a sustentabilidade da cadeia logística, com potencial de redução de cerca de 47,9% na emissão de gases poluentes, dependendo da rota utilizada.
O modelo logístico contempla a consolidação da carga em Varginha, o embarque ferroviário até os portos e a posterior entrega para exportação. A escolha pela ferrovia também proporciona maior segurança, com menor exposição ao trânsito de grandes centros urbanos e, consequentemente, redução nos riscos de roubo e furto de carga. A gestão integrada entre os modais permite mais flexibilidade no planejamento e maior previsibilidade nas entregas.
A MRS afirma que o projeto representa um avanço na oferta de soluções para o escoamento da produção cafeeira. Segundo Marco Dornelas, gerente comercial da empresa, a operação já demonstrou resultados positivos em prazos, segurança e eficiência. "Por se tratar de uma carga de alto valor, com exigências específicas de manuseio, a performance logística foi validada na prática", afirmou.
Ferrovia e café: conexões históricas e estratégicas
A relação entre o transporte ferroviário e o café no Brasil remonta ao século XIX. A inauguração da Estrada de Ferro Mauá, em 1854, teve como principal objetivo facilitar o escoamento da produção cafeeira do interior do país para os portos. A ampliação da malha ferroviária impulsionou a expansão das áreas produtoras para regiões afastadas do litoral, como o interior de São Paulo e o sertão mineiro.
Esse processo foi decisivo para o crescimento econômico de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, além de consolidar o Porto de Santos como o principal ponto de exportação do café brasileiro. A estrutura ferroviária tornou-se, ao longo do tempo, um dos pilares logísticos da economia nacional.
Mais de 150 anos depois, o modal ferroviário continua a desempenhar papel relevante no transporte do café, agora em um cenário que exige integração com outros modais, soluções digitais, eficiência ambiental e competitividade global. A operação lançada pela MRS atualiza esse histórico ao incorporar novas tecnologias e práticas de gestão logística ao legado da ferrovia na cadeia produtiva do café.