O setor portuário brasileiro vive um momento de expansão sem precedentes, com previsão de R$ 96,7 bilhões em investimentos até 2030, somando aportes públicos e privados. Os dados foram apresentados pelo diretor substituto da Secretaria Nacional de Portos, Julio Cesar de Sousa Dias, durante o congresso técnico Portos & Costas Brasil 2025, em Itajaí, que ocorreu em 23 e 23 de setembro no Riviera Convention Center, na Praia Brava, em Itajaí (SC).
Segundo Julio, os portos já respondem por cerca de 26% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, movimentando mais de 780 milhões de toneladas de cargas apenas entre janeiro e julho deste ano. Além da relevância estratégica para o comércio exterior, os investimentos previstos prometem ampliar a competitividade logística, estimular a economia regional e reforçar a sustentabilidade das operações.
Santa Catarina em destaque
O estado de Santa Catarina concentra alguns dos maiores aportes previstos, que, somados, chegam a R$ 5,3 bilhões. Entre eles estão a dragagem do canal da Babitonga, em Itapoá, com investimentos de R$ 300 milhões; o reforço do molhe de abrigo de Imbituba (R$ 87 milhões), o Terminal de Granéis de Santa Catarina (R$ 884,2 milhões); o Terminal Graneleiro da Babitonga (R$ 1,15 bilhão), o arrendamento para fertilizantes no Porto de Imbituba (R$ 30,1 milhões) e a concessão dos serviços portuários do Porto de Itajaí (R$ 2,83 bilhões).
Além disso, o estado receberá recursos de dividendos para melhorias de acesso rodoviário e infraestrutura de apoio, incluindo R$ 17 milhões para o Porto de Imbituba, R$ 12,6 milhões para São Francisco do Sul e R$ 14 milhões para acessos viários no Sul do estado. Também está previsto o investimento de R$ 2,2 milhões para um novo posto avançado da Marinha em Imbituba.
Obras nacionais
Entre os projetos de grande porte está o Túnel Santos-Guarujá, considerado o maior investimento em infraestrutura de transportes do país, estimado em R$ 6,8 bilhões. A obra terá 1,5 km de extensão, com seis faixas de tráfego, ciclovia, passagem de pedestres e VLT, com previsão de início em 2026 e concessão de 30 anos.
Outro destaque é a primeira concessão de dragagem do Canal de Acesso do Porto de Paranaguá (PR), que prevê R$ 1,23 bilhão em Capital Expenditure (CAPEX) e R$ 2,35 bilhões em operação e manutenção, incluindo dragagem, derrocamento, sinalização náutica e gestão ambiental.
Até 2030, também estão previstos ainda R$ 3,7 bilhões em dragagem nos portos públicos, garantindo condições de acesso e segurança para a navegação. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), os investimentos no setor já representam mais de 2,2% do PIB federal, um percentual que reforça o peso do modal aquaviário para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
"Trata-se da maior carteira de concessões da história do setor portuário, com participação decisiva do capital privado e o compromisso do poder público em assegurar infraestrutura de qualidade", destaca Julio Dias.