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Desafios e obstáculos: Brasil enfrenta atraso de 5 anos na transição para veículos elétricos, aponta pesquisa da A&M

Baixo poder aquisitivo e dificuldade de acesso ao crédito são fatores que limitam a demanda nacional por veículos elétricos, revela estudo da consultoria empresarial
Por Redação em 11 de dezembro de 2023 às 10h57
Desafios e obstáculos: Brasil enfrenta atraso de 5 anos na transição para veículos elétricos, aponta pesquisa da A&M
Foto: Reprodução/Freepik
Foto: Reprodução/Freepik

Um recente levantamento realizado pela A&M, empresa global de consultoria empresarial, revela que o Brasil enfrenta um atraso de aproximadamente cinco anos na transição para veículos elétricos em comparação com os mercados líderes. Segundo a pesquisa, a demanda no país ainda não está pronta para adotar o novo conteúdo tecnológico devido ao baixo poder aquisitivo dos brasileiros e às barreiras de acesso ao crédito.

De acordo com o diretor da A&M, David Wong, mesmo com a queda nos preços, os veículos elétricos ainda são significativamente mais caros do que os modelos tradicionais com motores a combustão interna. A bateria, sozinha, representa entre 30% e 40% do custo total do veículo.

"Mesmo quando a indústria estiver totalmente instalada, o Brasil pode não ter escala para exportar carros puramente elétricos, pois outros países já serão mais autossuficientes na produção desses veículos e seus componentes", destacou Wong.

O estudo da A&M indica que atualmente circulam cerca de 100 mil veículos elétricos no Brasil. A estimativa para 2030 é de 1,3 milhão de veículos, e, a longo prazo, até 2050, o país precisará atingir a marca de pelo menos 20 milhões de veículos puramente elétricos na frota para alcançar as metas de descarbonização. Isso será complementado por uma frota ainda maior de veículos híbridos, principalmente com uso de etanol.

Para Wong, atingir essa meta enfrentará diversos obstáculos. Ele ressalta que, embora o cenário mundial aponte para a perda de participação do veículos híbrido em favor dos modelos 100% elétricos. No Brasil, o híbrido ainda é uma alternativa viável como transição tecnológica. Isso seria possível por meio da hibridização, seguida pela expansão para veículos totalmente elétricos.

O executivo destaca como um dos maiores desafios a ausência de uma indústria de baterias, desde o beneficiamento até a produção das células, no Brasil. Apesar de o país possuir praticamente todos os minérios necessários, como fosfato, ferro e lítio, Wong ressalta que o investimento estimado de pelo menos US$ 1 bilhão é necessário para iniciar uma planta, sendo também necessário um período de aproximadamente três anos, desde o planejamento até o início da operação da fábrica.

Por outro lado, Wong enfatiza que o Brasil, com sua indústria e escala, é um dos poucos países capazes de sustentar a produção de sistemas para a tecnologia de motores a combustão interna. Ele destaca a importância de as empresas pensarem estrategicamente em como aproveitar essa escala de produção, garantindo competitividade durante a transição para as novas tecnologias e evitando o risco de a indústria perder relevância local e global, transformando-se em mero importador de veículos montados no futuro.

BYD inaugura fábrica de veículos elétricos na Bahia
Em um marco para a indústria automobilística brasileira, a BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos, anunciou a inauguração de sua fábrica em Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA), conforme publicado em outubro pela Tecnologística. A planta, anteriormente pertencia à Ford, e marca um passo significativo na nacionalização dos produtos da BYD e uma transformação na região.

O governador do estado, Jerônimo Rodrigues, confirmou a aquisição da planta no final de junho, com um investimento de pelo menos R$ 3 bilhões e a promessa de criar 1.200 empregos. A fábrica será a primeira dedicada à produção de carros elétricos no Brasil e irá fabricar os modelos Dolphin, Yuan Plus e Song Plus, enquanto mantém a importação dos modelos Seal, Tan e Han. Além disso, a BYD planeja adicionar o subcompacto Seagull e uma picape elétrica à linha de montagem, inicialmente importados da China. A empresa também confirmou que a fábrica produzirá ônibus e caminhões.


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