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América Latina mostra forte divisão quanto à preocupação com o clima em 2025

Preocupação com mudanças climáticas aumentou no Brasil e no México, mas diminuiu nos demais países pesquisados
Por Redação em 28 de outubro de 2025 às 13h00
América Latina mostra forte divisão quanto à preocupação com o clima em 2025
Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

O Forest Stewardship Council (FSC) (Conselho de Manejo Florestal, em português) informa que a preocupação pública com as mudanças climáticas está diminuindo em grande parte da América Latina, mesmo após a Organização Mundial de Meteorologia ter registrado furacões, enchentes, secas e incêndios florestais recordes na região em 2024.

A organização não-governamental divulgou hoje (28/10) em sua Assembleia Geral a Pesquisa Global de Consciência do Consumidor 2025, que revela que a guerra e os conflitos (52%) agora dominam as principais preocupações do público, enquanto as mudanças climáticas aparecem em segundo plano, com 31%. O estudo foi feito em parceria com o instituto IPSOS e entrevistou mais de 40 mil pessoas em 50 países, fazendo comparações históricas nos 32 mercados pesquisados tanto em 2022 quanto em 2025.

 

Forte divisão na preocupação com as mudanças climáticas na América Latina 

Entre os dez países analisados na região, a preocupação pública com as mudanças climáticas apresenta uma grande divergência: o México lidera com 42%, enquanto a Bolívia aparece em último lugar, com apenas 17% – uma diferença de 25 pontos percentuais que demonstra uma lacuna significativa dentro da região.

Apesar da alta vulnerabilidade da América Latina aos impactos climáticos, apenas Brasil e México registraram aumento na preocupação com as mudanças climáticas desde a pesquisa de 2022. O Brasil se destaca globalmente como o único país onde a preocupação quase dobrou, passando de 18% para 33% nos últimos dois anos.

Por outro lado, a preocupação pública caiu em vários outros países:

Argentina: 26% → 21% (-5)
Colômbia: 29% → 25% (-4)
Chile: 30% → 26% (-4)
Peru: 27% → 26% (-1)

Essas mudanças evidenciam uma desconexão crescente entre a urgência da crise climática e a percepção pública em muitas partes da região.

“A ampla dispersão da América Latina nos mostra que a atenção e o risco são desiguais. Mas isso não é apatia — é um sinal de que precisamos ser práticos. Quando as pessoas percebem riscos florestais concretos — fogo, escassez de água, perda de biodiversidade — elas reagem. Nosso trabalho é tornar a ação climática tangível: cadeias de suprimento comprovadamente livres de desmatamento, salvaguardas florestais mais robustas e resultados que as empresas possam apresentar aos clientes”, disse Subhra Bhattacharjee, Diretora Geral do FSC.

 

Florestas: onde os latino-americanos sentem as mudanças climáticas de forma mais direta

Em termos de preocupações relacionadas às florestas, a exploração madeireira ilegal ocupa, em média, a posição mais alta na América Latina do que em qualquer outra região, com 25%. A América Latina também é a única região na pesquisa global onde tanto os incêndios florestais quanto o desmatamento estão entre as maiores preocupações relacionadas às florestas.

Em conjunto, os resultados mostram por que proteger as florestas e as pessoas que dependem delas é tanto uma necessidade climática, quanto uma prioridade para a cadeia de suprimentos. “As comunidades ficam mais seguras quando as cadeias de suprimento recompensam as boas práticas. Ao comprar de operações verificadas de forma independente, livres de desmatamento, que cumprem o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI), mantêm áreas de proteção e compensação, e compartilham benefícios por meio de acordos claros, as empresas reduzem riscos e ajudam a manter pessoas e florestas seguras”, acrescentou Subhra.

 

Consumidores ainda agem em favor do clima na hora da compra

Apesar da queda nos níveis de preocupação, o estudo mostra que o comportamento do consumidor ainda revela fortes valores climáticos: 72% dos consumidores globais, em 29 mercados, afirmam preferir produtos que não causem danos a plantas ou animais

O FSC é a organização responsável pela certificação FSC de boas práticas de manejo florestal, e afirma que o reconhecimento do seu selo está associado a maiores níveis de confiança nas marcas, demonstrando que escolhas conscientes em relação ao clima são um poderoso motor de lealdade e reputação. Nos 29 mercados analisados, México (89%), Brasil (86%) e Chile (83%) se destacam globalmente, mostrando níveis de confiança acima da média mundial (72%) em marcas associadas a produtos certificados pelo FSC.

 

Panorama global: o clima perde espaço na agenda

Europa: a preocupação pública com as mudanças climáticas caiu acentuadamente desde 2022 — entre 6 a 10 pontos percentuais — em países como França, Dinamarca, Espanha, Reino Unido e Alemanha, revelando um crescente descompasso entre as ambiciosas políticas climáticas da UE e o engajamento público.

Quênia: A preocupação caiu 12 pontos percentuais desde 2022 (42% → 30%).

Canadá: a preocupação com as mudanças climáticas diminuiu, mesmo com os incêndios florestais (46%) sendo o principal temor relacionado às florestas.

Japão: um dos poucos países que contraria a tendência — a preocupação do consumidor aumentou em 9 pontos (29% → 38%).

 

Por que isso importa

O FSC teme que, com guerras, pandemias e inflação dominando o debate público, as mudanças climáticas correm o risco de sair do centro da atenção política e do consumidor. Ao mesmo tempo, porém, as pessoas demonstram desejo por produtos sustentáveis e consideram a perda de espécies de plantas e animais como a maior preocupação florestal, com a maioria esperando que as empresas assegurem que seus produtos não contribuam para o desmatamento.

A organização faz um chamado por estratégias integradas, que combinem ação ambiental com segurança social e econômica, garantindo que as soluções climáticas não sejam deixadas de lado diante das crises. Esses resultados estão sendo debatidos nesta semana durante a Assembleia Geral do FSC, que reúne atores globais para definir o futuro do manejo florestal responsável e seu papel no enfrentamento da emergência climática.

 

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