
A Maersk anunciou um novo avanço em sua pesquisa sobre combustíveis de baixa emissão, passando para a segunda fase de um projeto-piloto que testa o uso de etanol em motores bicombustíveis a metanol. Após o sucesso do primeiro teste, conduzido entre outubro e novembro de 2025 com uma mistura de 10% de etanol e 90% de e-metanol, a empresa passará agora a testar uma mistura de 50% de etanol e 50% de metanol no navio Laura Mærsk.
O primeiro testo comprovou que o etanol pode ser integrado com segurança e eficiência à mistura de combustíveis, e apontoou o potencial para ampliar a flexibilidade da frota bicombustível da empresa. O teste também reforça a possibilidade de embarcações movidas a álcool bicombustível sem comprometer o desempenho.
“Na Maersk, acreditamos que múltiplos caminhos de combustível são essenciais para que a indústria marítima atinja suas metas climáticas. Isso significa explorar conscientemente diferentes opções e tecnologias”, afirma Emma Mazhari, Head de Mercados de Energia da Maersk.
Laura Mærsk, o navio de testes
O Laura Mærsk foi o primeiro porta-contêineres bicombustível do mundo projetado para operar com metanol. A escolha do navio para os testes com etanol se dá pelo fato de ambos os combustíveis serem álcoois. A expectativa da empresa é que embarcações projetadas para operar com metanol possam se tornar, na prática, navios movidos a álcool em diferentes proporções.
Na fase inicial, a companhia verificou se a mistura E10 manteria eficiência semelhante ao metanol puro, incluindo aspectos de lubrificação e corrosividade. Os resultados confirmaram que o etanol pode ser misturado ao metanol sem afetar negativamente o desempenho do motor, o que permite avançar para teores maiores. Além do teste atual com E50, a empresa pretende futuramente testar a operação com 100% etanol.
“O etanol tem um histórico comprovado, com mercado estabelecido e infraestrutura existente, oferecendo um caminho adicional para a descarbonização. Ao aumentar gradualmente o teor de etanol, obtemos insights valiosos sobre desempenho do motor e impactos na combustão, informando o potencial de fornecimento de combustível”, explica Mazhari.
Sustentabilidade do etanol
Nos testes, a Maersk utiliza etanol anidro, o mesmo aplicado em misturas de gasolina em diversos países. Estados Unidos e Brasil lideram sua produção global, respondendo juntos por 80% do mercado. A ampla disponibilidade é vista como uma grande vantagem de mercado, tornando a alternativa viável para a descarbonização desde que seja monitorada a origem da biomassa usada para a produção do combustível.
De acordo com a empresa, o progresso da iniciativa depende da colaboração com fabricantes de motores e outros parceiros para avaliar o uso do etanol em embarcações bicombustíveis. A análise inclui estudos completos de ciclo de vida, rastreabilidade da cadeia, certificações e práticas responsáveis de fornecimento.
Como parte de sua estratégia de longo prazo, a Maersk decidiu, em 2021, encomendar apenas navios com capacidade bicombustível. A expectativa é de que, até 2025, 19 embarcações desse tipo estejam em operação. Atualmente, o portfólio da empresa inclui opções como bio e e-metano, biodiesel e, a partir de 2027, biometano liquefeito e GNL, que será incorporado com a chegada de navios bicombustíveis a GNL afretados por tempo.