No dia 26 de maio, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu uma licença ambiental para viabilizar a navegabilidade na hidrovia do rio Tocantins, uma das principais vias de transporte sustentável entre o Centro-Oeste e o Norte brasileiro. A licença permite intervenções em determinados trechos do rio para efetivar o derrocamento do chamado Pedral do Lourenço, no Pará, formação rochosa no fundo do rio que restringe a passagem segura de embarcações de carga.
O Pedral do Lourenço é uma formação rochosa entre Marabá e o Lago de Tucuruí que, durante décadas, limitou a navegabilidade do rio, sobretudo nos períodos de estiagem. A remoção desse obstáculo permitirá que embarcações naveguem durante todo o ano, transportando grãos, minérios e insumos com mais eficiência, menor impacto ambiental e redução de custos operacionais.
Com a obra, estima-se que a capacidade da hidrovia salte para até 20 milhões de toneladas por ano, por estar localizada no cerrado, a maior região produtora de grãos do país. A decisão do Ibama também contempla condicionantes ambientais importantes, como monitoramento da fauna, controle da qualidade da água e mitigação de impactos sonoros e vibracionais, garantindo que o desenvolvimento da infraestrutura ocorra de forma responsável.
A hidrovia do rio Tocantins se estende por mais de 1.700 quilômetros, entre as cidades de Peixe (TO) e Belém (PA), mas tem sua capacidade reduzida neste trecho rochoso de aproximadamente 40 quilômetros. “A análise ambiental é fundamental para o desenvolvimento sustentável do país e deve levar em consideração também o impacto positivo que uma hidrovia promove, reduzindo tráfego nas rodovias e emissão de gases de efeito estufa”, reforçou o secretário de Hidrovias e Navegação, Dino Antunes.
“É um marco histórico, uma decisão que deve trazer desenvolvimento socioeconômico para o Centro-Norte do país, além de ajudar a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, já que o desenvolvimento de hidrovias é o principal meio para cumprir o Acordo de Paris”, comemorou o ministro Sílvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. “É uma excelente notícia para o Brasil e para os brasileiros, especialmente em ano de COP 30, quando os olhos do mundo estarão voltados para o estado do Pará”, disse.
A autorização representa um avanço estratégico e foi recebida com entusiasmo pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que avalia a medida como um passo decisivo para o desenvolvimento logístico sustentável da região Norte e do país.
Para o presidente da entidade, Eduardo Rebuzzi, a decisão é um avanço necessário: "É uma conquista histórica para a logística nacional, especialmente para o desenvolvimento da região Norte. O transporte hidroviário é essencial para reduzir desigualdades, melhorar a competitividade e ampliar as opções logísticas do país. O derrocamento do Pedral do Lourenço é uma obra estratégica, que precisa avançar com responsabilidade e investimento contínuo. E deve vir acompanhada de políticas públicas que incentivem o uso pleno da hidrovia, garantindo sua integração aos demais modais", afirmou.
O vice-presidente extraordinário da NTC&Logística para o Transporte da Amazônia, Daniel Bertolini, enfatiza que essa autorização representa uma virada de chave para o transporte na região e no Brasil: "O Norte tem um papel fundamental na matriz logística brasileira. A liberação do derrocamento é uma resposta concreta à necessidade de melhorar a infraestrutura para que o transporte de cargas fluvial possa competir em igualdade com outros modais. Com essa obra, será possível transportar milhões de toneladas com menos impacto ambiental e menor custo, beneficiando produtores, exportadores e transportadores de todo o país. É um ganho direto para a logística regional e nacional", destaca.
Daniel também observa que a Hidrovia Tocantins-Araguaia será fundamental para interligar as regiões produtivas do Centro-Oeste com os portos da região Norte, especialmente Vila do Conde, em Barcarena (PA), promovendo uma integração logística mais inteligente e sustentável: "Essa obra vai além da Amazônia. Ela impacta o agronegócio, a mineração, os portos e todos os elos da cadeia logística nacional. É a prova de que, com planejamento e visão de futuro, é possível transformar gargalos em oportunidades", concluiu.