A partir de 6 de agosto, os Estados Unidos passam a aplicar uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras. A medida, decorrente de ordem executiva assinada em 30 de julho, afeta diretamente setores do agronegócio e exige atenção de exportadores com contratos já firmados, que ainda pretendem embarcar mercadorias negociadas antes da nova regra.
De acordo com Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e consultor na área, produtos embarcados até 5 de agosto poderão chegar aos Estados Unidos sem a cobrança da tarifa, desde que utilizem apenas um modal de transporte — como navio ou avião — e que o desembarque ocorra até 5 de outubro, dentro do prazo de 60 dias estabelecido.
Alguns segmentos anteciparam embarques para evitar a sobretaxa. A indústria de couros, por exemplo, enviou cargas por via aérea, segundo o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). O setor tem nos Estados Unidos seu segundo principal mercado, com exportações anuais próximas de US$ 200 milhões, e avalia que a medida coloca em risco esse volume de negócios.
Impacto no transporte marítimo
O tempo médio de trânsito dos navios entre portos brasileiros e norte-americanos varia entre 20 e 30 dias, sem contar deslocamentos internos até o embarque. Barral avalia que não há prazo suficiente para acelerar novas cargas marítimas antes do início da cobrança, já que fretes e seguros costumam ser contratados com antecedência de meses.
A expectativa é de elevação nos custos de transporte. Situação semelhante foi registrada em abril, quando a primeira tarifa imposta pelos Estados Unidos ao Brasil provocou antecipação de compras e aumento nos preços de frete.