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Setor naval busca no etanol brasileiro uma alternativa além das negociações da IMO

Maiores produtores de etanol do país apoiam projeto piloto da Maersk e Everllence e reforçam o protagonismo nacional na transição energética
Por Redação em 23 de outubro de 2025 às 7h48
Setor naval busca no etanol brasileiro uma alternativa além das negociações da IMO
Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

As companhias A.P. Moller – Maersk e Everllence, gigantes globais do transporte marítimo, apresentaram um posicionamento conjunto em defesa de soluções de baixo carbono com escala e disponibilidade imediata, como o etanol. A iniciativa ocorre após o recente ciclo de discussões da Organização Marítima Internacional (IMO) sobre o futuro marco regulatório de emissões do setor naval.

Apesar das indefinições sobre o Net-Zero Framework (NZF), Maersk, Everllance e os principais produtores brasileiros de etanol – Atvos, Copersucar, FS, Inpasa e Raízen – seguem focados em soluções tangíveis e prontas para acelerar a descarbonização global.

 

Etanol: solução comprovada, acessível e pronta para uso

O posicionamento conjunto reforça o papel técnico e regulatório do Brasil no debate internacional, mostrando que a transição energética não precisa depender exclusivamente de um marco global. Em diversos países, o etanol já é amplamente utilizado como aditivo ou combustível direto no transporte rodoviário.

No setor marítimo, a escala produtiva consolidada e sustentável do etanol brasileiro oferece uma vantagem competitiva significativa. Testes realizados com sucesso empregaram o etanol e um blend E10 em navios dual fuel (bunker e metanol), demonstrando a viabilidade técnica e operacional da alternativa.

A Maersk mantém até o final de novembro o projeto-piloto com o navio Laura Maersk, primeiro porta-contêineres movido a metanol do mundo, com capacidade para 2.100 TEUs e operação no Mar Báltico. O objetivo é comparar o desempenho do E10 e do metanol convencional em termos de ignição, corrosão, lubrificação e emissões, ampliando o leque de opções para motores de combustível duplo.

 

Brasil como protagonista da transição energética

Ao apoiar a iniciativa, as produtoras brasileiras reafirmam o compromisso do país com um futuro energético mais limpo, competitivo e baseado em fontes renováveis — alinhado à agenda global de neutralidade de carbono.

“Este é um momento memorável, possível graças à soma de muitos esforços. A escala de produção existente do etanol é uma vantagem e pode oferecer uma terceira opção de combustível para motores a metanol de combustível duplo”, afirma Morten Bo Christiansen, Senior Vice-President e Head de Transição Energética da A.P. Moller – Maersk.

“O etanol, amplamente utilizado em outros modais, é um dos combustíveis alternativos que merecem avaliação técnica e regulatória mais profunda. O Brasil tem capacidade de produzi-lo de forma sustentável, com potencial de crescimento e certificações rigorosas — essenciais à descarbonização global”, completa Danilo Veras, Vice-Presidente de Políticas Públicas e Regulatórias para a América Latina da Maersk.

 

Oportunidade econômica e industrial

A validação do etanol no transporte marítimo representa uma oportunidade estratégica para o Brasil, maior produtor global de combustíveis renováveis. Segundo projeções do setor, se apenas 10% da demanda mundial de bunker em 2030 for substituída por etanol, o volume necessário seria equivalente à atual produção nacional — um impulso expressivo para a economia, geração de empregos e investimentos em infraestrutura, inovação e certificação.

A safra recorde 2024/25 alcançou 34,96 bilhões de litros, demonstrando a maturidade e prontidão da cadeia nacional para integrar soluções energéticas renováveis no mercado internacional.

 

Rumo a um padrão global baseado em dados

As produtoras reforçam a importância de um padrão global sólido para combustíveis marítimos, com base em emissões de ciclo de vida e transparência de dados, garantindo que a transição energética seja guiada pelas soluções mais eficientes e disponíveis.

“Apoiamos plenamente o trabalho da IMO para analisar a compatibilidade do etanol com as tecnologias marítimas, a competição por matérias-primas, o ciclo de vida e os processos de certificação. Continuaremos a investir e demonstrar a viabilidade do etanol, independentemente dos desafios regulatórios”, concluem as produtoras brasileiras.

 

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