Ibovespa
143.150,84 pts
(0,56%)
Dólar comercial
R$ 5,39
(-0,27%)
Dólar turismo
R$ 5,60
(-0,44%)
Euro
R$ 6,33
(0,03%)

Roubo de Cargas no Brasil registra prejuízo recorde de R$ 1,2 bilhão

Estudo da ICTS Security revela mudança no perfil das quadrilhas, que agora miram cargas mais valiosas e rotas antes pouco visitadas
Por Redação em 12 de setembro de 2025 às 8h00
Roubo de Cargas no Brasil registra prejuízo recorde de R$ 1,2 bilhão
Foto: Freepik
Foto: Freepik

O roubo de cargas segue como uma das principais ameaças à logística brasileira, de acordo com o novo estudo da ICTS Security. A empresa especializada em consultoria e gestão de segurança analisou dados de 2023 e 2024 sobre as ocorrências em todo o país. O levantamento revela um cenário paradoxal: enquanto o número total de roubos caiu 11% em 2024, o prejuízo financeiro disparou, atingindo R$1,217 bilhão, um aumento de 21% em relação ao ano anterior.

A pesquisa indica uma transformação no perfil das quadrilhas, que vêm priorizando cargas de alto valor agregado e de rápida revenda, como alimentos, cigarros, eletroeletrônicos, medicamentos e cosméticos. Essa seletividade tem ampliado o impacto financeiro das ações, mesmo com uma menor quantidade de ataques.

O Sudeste permanece como epicentro dos crimes, concentrando 83,6% dos prejuízos nacionais. O estado de São Paulo responde por 47,2% das perdas, seguido por Rio de Janeiro (18,7%) e Minas Gerais (14,2%). No entanto, o estudo revela uma redistribuição geográfica do risco: o Nordeste saltou de 8,3% para 11,7% de participação nos prejuízos, com destaque para os corredores logísticos de Pernambuco, Maranhão e Bahia.

"O avanço das quadrilhas para rotas menos protegidas, especialmente no Nordeste e interior de São Paulo, mostra uma adaptação rápida do crime organizado às vulnerabilidades regionais. A seletividade dos alvos é uma tendência que exige das empresas uma revisão constante de seus planos de gerenciamento de risco", afirma Anderson Hoelbriegel, Diretor de Negócios da ICTS Security.

Além do aumento de seletividade, o estudo também mapeou a sazonalidade e os horários mais críticos para as ocorrências. Em 2024, 31,1% dos roubos aconteceram durante a madrugada e 27,8% à noite, invertendo o padrão de anos anteriores, quando as manhãs lideravam as estatísticas. Os meses de março e maio, associados ao aumento do fluxo logístico por datas comerciais, foram os mais críticos.

Outro dado que merece atenção é o crescimento das ocorrências em estados da Região Norte. Historicamente fora do radar, a região passou de 0,1% para 0,9% de participação nos prejuízos nacionais, puxado por ocorrências no Pará e Amazonas.

O estudo também destaca a região Sul como referência em ações integradas entre forças públicas e privadas. O estado do Paraná eliminou estatisticamente as ocorrências de roubo de carga em 2024, resultado de uma forte integração entre a Polícia Rodoviária Federal, estaduais e o setor privado. "O exemplo do Paraná comprova que a cooperação e o uso intensivo de dados e tecnologia são capazes de neutralizar a atuação das quadrilhas. Mas essa vigilância precisa ser constante, pois o crime se adapta com muita rapidez", pontua Hoelbriegel.

O estudo da ICTS Security reforça que, para conter a evolução do crime organizado, é essencial investir em tecnologia embarcada, inteligência preditiva, planejamento de rotas e estratégias colaborativas entre empresas e órgãos públicos. Corredores logísticos como a BR-116, BR-381, Rodoanel, BR-101 e BR-232 são apontados como prioritários nas ações de prevenção.

"A evolução do crime logístico no Brasil não é apenas uma questão de segurança pública, mas um desafio estratégico para a economia. A proteção das cadeias de abastecimento passa, necessariamente, pela capacidade de antecipar riscos com base em dados, fortalecer cooperação público-privada e garantir que as tecnologias estejam acessíveis a todas as empresas, inclusive as de médio porte", conclui Hoelbriegel.

Usamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência, analisar estatísticas e personalizar a publicidade. Ao prosseguir no site, você concorda com esse uso, em conformidade com a Política de Privacidade.
Aceitar
Gerenciar