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CNT aponta renovação de frotas como eixo central para reduzir emissões no transporte de cargas

Entidade defende políticas públicas para acelerar a substituição de veículos antigos e orientar estratégias de descarbonização no setor logístico
Por Redação em 1 de dezembro de 2025 às 7h35
CNT aponta renovação de frotas como eixo central para reduzir emissões no transporte de cargas
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) apresentou novos cenários que colocam a renovação de frotas como principal medida de curto prazo para reduzir emissões no transporte rodoviário de cargas no Brasil. Os dados foram detalhados na Estação do Desenvolvimento, na Green Zone da COP30, em Belém (PA), e reforçam que a substituição de veículos antigos pode gerar impacto imediato na emissão de poluentes e na eficiência logística, enquanto a eletrificação ainda depende de custos e condições estruturais.

Durante a palestra “Impactos Ambientais e Econômicos Advindos da Renovação de Frotas no Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil”, o analista da CNT, Gustavo Willy, afirmou que a renovação da frota é a medida mais viável no curto prazo, considerando que ônibus e caminhões elétricos chegam a custar até três vezes mais do que modelos convencionais. Segundo ele, a transição completa para veículos elétricos permanece em horizonte de médio e longo prazos, enquanto a substituição de modelos antigos oferece redução imediata de poluentes associados ao transporte de cargas, tema que afeta diretamente o desempenho logístico e a saúde pública.

Willy apresentou dados históricos do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), criado em 1986, que estabeleceu limites progressivamente mais restritivos para emissões. Ele citou que um veículo fabricado em 1989 poderia emitir até 60 vezes mais material particulado do que um modelo atual, evidenciando os efeitos acumulados da evolução tecnológica e da atualização da frota.

Nos cenários projetados pela CNT, retirar de circulação veículos classificados como P0 — os mais antigos — representaria a substituição de 11% da frota nacional, mas reduziria 33% das emissões de poluentes atmosféricos. Em um cenário mais amplo, a troca de todos os modelos fabricados até 2012 pelos padrões atuais (P8) diminuiria 95% das emissões, com renovação de 86% da frota.

O impacto financeiro, no entanto, é elevado. A renovação integral demandaria mais de R$ 1,16 trilhão, valor aproximado a um ano de PIB brasileiro. Mesmo descontando o valor venal dos veículos antigos, o custo líquido chegaria a R$ 845 bilhões. A CNT também avaliou cenários intermediários: a retirada apenas de caminhões com mais de 13 anos reduziria 80% das emissões, com necessidade de investimento estimado em R$ 529 bilhões.

Segundo Willy, a projeção de cenários tem como objetivo orientar a formulação de políticas públicas e definir caminhos viáveis para o país. Ele defendeu que a discussão avance sobre alternativas que considerem diferentes perfis de transportadores e o ritmo possível de implementação, levando em conta custos, financiamento, infraestrutura e impactos logísticos.

A CNT apresentou ainda um conjunto de propostas para sustentar programas nacionais de renovação de frota. Entre elas estão a criação de mecanismos acessíveis para autônomos e grandes frotistas, a formação de fóruns de discussão entre governo, sociedade civil e setor privado, o estímulo ao setor de reciclagem automotiva e à logística reversa, além de incentivos fiscais e linhas de financiamento adequadas. As sugestões incluem princípios da economia circular como diretriz, com foco na destinação de veículos descartados e no aproveitamento de materiais.

A entidade argumenta que transportadores de pequeno porte não conseguem substituir seus veículos sem suporte financeiro ou regulatório e que a ausência de políticas estruturadas pode gerar acúmulo de veículos sucateados sem destino adequado. As propostas serão encaminhadas a diferentes instâncias governamentais para orientar políticas ambientais e logísticas voltadas ao transporte de cargas.

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