
O Governo Federal encerrou em Belém (PA) o ciclo nacional de debates que subsidia a elaboração do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050. A etapa final reuniu autoridades, especialistas e representantes do setor produtivo para consolidar diagnósticos sobre transporte e infraestrutura na região Norte, marcada pela dependência de múltiplos modais e por limitações que afetam a competitividade logística.
A metodologia do PNL 2050 se baseia em análise de dados e projeções de longo prazo. Segundo a Infra S.A., a região Norte demanda soluções específicas devido à combinação entre longas distâncias, baixa densidade populacional e forte integração entre rios, rodovias e ferrovias. Esse arranjo sustenta a circulação de cargas, atende populações ribeirinhas e viabiliza atividades econômicas estratégicas.
Com crescimento econômico previsto de 2,6% no primeiro semestre de 2025, a região amplia sua participação nas exportações pelo Arco Norte. Estimativas indicam que o corredor logístico poderá responder por metade das exportações nacionais de soja e milho até 2030. A multimodalidade é considerada fator central para manter essa expansão, especialmente na conexão entre o Polo Industrial de Manaus, hidrovias e eixos terrestres.
Apesar do potencial, o Norte ainda enfrenta gargalos de infraestrutura que limitam o escoamento de grãos, hoje responsável por 6,3% da produção nacional. Para reduzir entraves, o Ministério dos Transportes tem priorizado investimentos estruturantes. Entre os projetos em andamento está a Ferrogrão, ferrovia de 933 quilômetros entre Sinop (MT) e Miritituba (PA). O empreendimento, incluído no portfólio de concessões, tem edital previsto para maio de 2026 e leilão em setembro, com investimento estimado de R$ 33,3 bilhões e capacidade para até 66 milhões de toneladas anuais.
Outras iniciativas incluem a concessão do Sistema Rodoviário BR-364/RO, firmada em julho de 2025, primeiro contrato federal desse tipo em Rondônia. O trecho de 686,7 quilômetros entre Porto Velho e Vilhena receberá R$ 10,2 bilhões ao longo de 30 anos para manutenção, operação e modernização. Em novembro, entrou em operação a ponte sobre o rio Araguaia, ligando São Geraldo do Araguaia (PA) a Xambioá (TO), substituindo a travessia por balsa com investimento de R$ 232,3 milhões.
As discussões do PNL 2050 passaram por dez capitais e reuniram representantes dos modais rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroportuário. Os debates orientam a formulação do plano, que será o primeiro construído de acordo com o Planejamento Integrado de Transportes (PIT), estabelecido em 2024. O objetivo é apoiar decisões de Estado, reduzir desigualdades regionais e fortalecer a competitividade logística nacional.
Com o encerramento do ciclo de encontros, o Ministério dos Transportes segue para a fase de consolidação técnica do plano, em cooperação com órgãos públicos, setores produtivos e sociedade civil.