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Ações conjuntas para o controle e o combate do roubo de cargas no Brasil

Por Fabio Gonçalves em 7 de fevereiro de 2019 às 11h35
Fabio Gonçalves

País com tamanho continental e com a quinta maior extensão territorial do mundo, o Brasil é palco de milhares de movimentações diárias de pessoas e cargas, o que demanda eficiência dos setores de transporte e logística. Segundo o Anuário do Transporte 2018, feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), a malha rodoviária é responsável pela movimentação de mais de 60% das mercadorias e de mais de 90% dos passageiros no país.

É justamente neste cenário complexo que o roubo de cargas se tornou um crescente e lucrativo negócio de baixo risco para facções criminosas. Segundo a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), custou, em 2017, R$ 57 bilhões às indústrias dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Esse custo advém do prejuízo em si, seguros contraídos e investimentos em proteção. Claro que, se considerarmos todo o valor protegido no período, a medida preventiva se justifica, mas ainda assim são valores que deixam de alimentar outros importantes segmentos da economia da região.

 A complexidade na proteção da carga reside, em grande parte, na dimensão da área de circulação das mercadorias, na atratividade de alguns tipos de carga, na baixa efetividade de algumas medidas de proteção quando comparadas com o poder das quadrilhas, a banalização do crime, e as incertezas dos consumidores na utilização do seguro como medida principal de proteção.

Hoje, as principais estratégias de proteção passam por dois importantes pilares: proteção às operações externas (outbound) e proteção às operações internas (inbound). Ambos dependentes da união de forças e da troca de experiências entre os profissionais e as empresas especializadas do setor. O emprego de ações conjuntas para mapear áreas de riscos, bem como o compartilhamento de informações sobre os incidentes de segurança nas empresas, abre espaço para uma cultura de ajuda mútua e colaboração.

As proteções organizacionais outbound e inbound corriqueiramente trazem a reboque os investimentos em tecnologia de ponta - centrais de monitoramento, tecnologia on-board e rastreamento em veículos, alarmes e câmeras em instalações - entre outras alternativas efetivas e disponíveis no mercado. Essas medidas ajudam no controle das operações e no disparo de uma resposta imediata para um evento fora da conformidade.

No entanto, vale destacar que um plano de proteção bem elaborado e detalhado deve ser associado a uma equipe bem treinada e integrada para que a tecnologia consiga, de fato, mitigar perdas. O sucesso da estratégia depende da eficácia na coleta de informações que estão disponibilizadas internamente nas empresas, as rotinas de suas sinistralidades, bem como dos resultados das investigações internas realizadas. A coleta de informações públicas, disponibilizadas pelas diversas mídias e fontes confiáveis, também é de extrema importância.

O uso das tecnologias de inteligência da informação pode ajudar nesse processo, ao facilitar a análise dos dados e a extração de relatórios precisos que possibilitam chegar bem próximo dos pontos de maior risco, tipos de ameaças, modelo de operação, horários etc.

A cultura de ação mútua expande a estratégia para além dos limites de cada organização. Invade positivamente o espaço onde não somente empresas públicas e privadas e instituições estão presentes, mas também a sociedade. Sociedade que é afetada quando a economia é atingida pela ação criminosa e que também é solidária como fonte de informações, fato que é amplamente comprovado pelo sucesso dos disque-denúncias na elucidação de crimes.

A ajuda mútua é crescente no Brasil e provavelmente já estamos muito à frente de vários países neste sentido. Os profissionais de segurança de diferentes empresas e segmentos se reúnem, trocam informações com autoridades policiais, desenvolvem planos conjuntos e trabalham em diferentes comissões buscando unir forças e “expertise” em busca da diminuição da criminalidade no Brasil.

Podemos esperar ainda mais avanços desse modelo de trabalho nos próximos anos, decorrente da consolidação das regulamentações antitruste e anticorrupção nas empresas e aumento da maturidade do setor. Como referência de ação transformadora e bem-sucedida nesse sentido está o programa de tolerância zero de Nova Iorque, onde estado, polícia, empresas e cidadãos organizados agem em prol do bem comum.

Tenho certeza que, com os profissionais de segurança altamente conceituados e experientes do Brasil, recursos sistêmicos disponíveis e integração com as diferentes instituições constituídas, veremos avanços significativos na redução dos índices de roubo no país.

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