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SAP Ariba: as empresas brasileiras de logística estão preparadas para a transformação digital?

Solução fornecida pela SAP, o Ariba é um conjunto de sistemas que tem como principal finalidade a automatização dos processos envolvidos na manutenção e gestão da cadeia de suprimentos de empresas a partir de suas aplicações baseadas na nuvem. No Brasil, já se verifica um movimento de aplicação por parte de empresas de grande porte e multinacionais. E as demais, estão atentas àquilo que as tecnologias oferecem quanto à gestão e ao controle operacional?
Por Redação em 30 de abril de 2019 às 11h31 (atualizado às 11h32)
SAP Ariba: as empresas brasileiras de logística estão preparadas para a transformação digital?

“Nossa ideia é fazer a empresa gastar melhor. Mas para garantir melhores resultados é preciso parar e pensar melhor. A ideia é levar inteligência aos processos comerciais. O intelligent spend management é o futuro dos negócios. O futuro é inteligente, digital, e isso precisa agregar valor aos processos.”

Essas frases, soltas, podem parecer um tanto quanto sem sentido ou desconexas, mas quem nuca se pegou numa reunião ou apresentação escutando afirmações parecidas? O mundo corporativo exige cada vez mais controle dos mais variados processos e variantes que compõem o dia a dia comercial e operacional das organizações. Nesse contexto, a aplicação de ferramentas tecnológicas é lição de casa para aqueles que desejam não apenas se diferenciar no mercado, mas obter a garantia de melhores condições em diferentes ambientes de negócios.

Mas o setor logístico acompanha essas mudanças e tendências? Conhece e aplica as plataformas existentes? Uma delas, por exemplo, é o SAP Ariba, um conjunto de sistemas que tem como principal finalidade a automatização dos processos envolvidos na manutenção e na gestão da cadeia de suprimentos de empresas a partir de suas aplicações baseadas na nuvem.

A convite da SAP, a Tecnologística participou, no mês de abril, do SAP Ariba Live. Realizado em Austin, no estado do Texas, nos Estados Unidos, o evento debateu tendências e demonstrou como empresas de diferentes setores têm utilizado o sistema na gestão da cadeia de suprimentos.

SAP Ariba: as empresas brasileiras de logística estão preparadas para a transformação digital?

O que a solução oferece

O Chief Operating Officer (COO) Latin America and Caribbean da SAP Ariba, Luiz Fernando Caldas, afirma que nas empresas de logística e nos transportadores brasileiros o Ariba já é utilizado, mas com a aplicação de um módulo específico, o Sourcing, que ajuda a estruturar os processos de negociação durante o BID. “Ele estrutura os fluxos logísticos e compartilha com os diversos fornecedores que, por meio dessa solução, negociam seus serviços. É um mercado dinâmico de acordo com a oferta e a demanda e isso gera uma competitividade no processo que proporciona para quem contrata uma redução de custo”, garante. Segundo o executivo, dependendo do serviço contratado ou produto adquirido, o Sourcing proporciona reduções que variam de 5% a 30%.

Caldas revela que as grandes transportadoras estão, agora, buscando entender a ferramenta mais profundamente e já vislumbram que a tecnologia pode ser utilizada na aquisição de seus insumos – pneus, lubrificantes e diesel – além de aplicada para a renovação da frota, por exemplo. O executivo lembra, porém, que não há um movimento das empresas de pequeno e médio portes do segmento de transporte para a adoção do sistema. De acordo com ele, ainda há certo desconhecimento e falta de maturidade.

Para o executivo, as companhias do setor de logística e transporte precisam conhecer a amplitude da solução. Isso porque o Ariba tem, principalmente na área de suprimentos, ajudado as empresas na colaboração externa com seus fornecedores em diversas fases do processo. “Uma etapa importante está relacionada à garantia de que aquilo que foi demandado seja entregue nas quantidades, nos prazos e nos valores acordados”, explica Caldas. Ele diz também que o Ariba auxilia as companhias a entenderem, por exemplo, o que elas contratam, como serviço de transporte. Além disso, permite que os processos sejam monitorados de forma colaborativa.

Evolução

Com essa visão, continua Caldas, a SAP tem cada vez mais se aprofundado naquilo que a ferramenta é capaz de entregar e tem investido na parte de colaboração de supply chain. “Já permitíamos que fossem enviados pedidos, etapa em que se inicia o processo logístico do fornecedor, quando há o recebimento da confirmação da demanda do cliente. Também tínhamos as etapas de recebimentos de notas fiscais e pagamentos, mas havia uma lacuna nesse processo quando falávamos de matéria-prima”, reconhece.

Isso foi solucionado. “Evoluímos o sistema e agora é possível que as empresas colaborem com seus fornecedores em determinas etapas, como planejamento de demanda. Esse módulo, dentro do Ariba, é denominado Ariba Supply Chain Colaboration. É possível dar visibilidade para o fornecedor sobre planejamento, quais as necessidades quanto aos materiais que ele fornece. Hoje é comum, ainda, as empresas terceirizarem a manufatura e esse módulo possibilita, também, que as companhias visualizem o fornecedor do seu fornecedor”, conta.

No Brasil, o COO revela que esse módulo já está sendo implementado por seis clientes da SAP. Entre os segmentos que podem utilizar essa solução está o de produtos de beleza, que possui como característica a sazonalidade. “Se não houver uma sincronização muito boa do supply chain os materiais que foram planejados para determinada data ou apresentam excesso, o que pode gerar perda, ou há ruptura e falta de atendimento, com a consequente perda de venda.”

O segmento de eletroeletrônicos é outro que vem demandando esse módulo, pois o ciclo de vida dos produtos é muito rápido e são itens caros, que exigem uma alta otimização do nível de estoque.O varejo também, uma vez que trabalha com baixas margens e grandes volumes e essa sincronização mostra-se estratégica.

O executivo diz que no Brasil ainda não há números que mensurem os ganhos com esse novo módulo, mas clientes globais que já o utilizam computam redução do inventário ao longo da cadeia em cerca de 30%, enquanto a redução do ciclo de entrega, do pedido realizado à entrega no cliente, fica entre 30% e 40%.

Estratégia regional

Catalina, da SAP Ariba América Latina
Catalina, da SAP Ariba América Latina

As novidades geram otimismo na SAP. A gerente geral da SAP Ariba América Latina, Catalina Manrique, revela que apesar das recentes crises no Brasil, não houve desaquecimento nos negócios. “Temos grande penetração em empresas de grande porte, mas sentimos uma aceleração dos negócios em companhias médias. As empresas estão buscando transparência”, resume.

A América Latina acompanha o ritmo brasileiro, com foco nas médias organizações, e vem registrando nos últimos quatro anos crescimento de dois dígitos. A executiva frisa que as condições dos países em que atuam articulam a forma como a empresa opera no mercado. “Nessa região, as empresas têm necessidade de inteligência, e nossa meta é simplificar o que tem relação com a gestão de compras e a cadeia de suprimentos”, pontua.

As ações estão traçadas. A SAP vem estruturando equipes de venda e pós-venda e desenvolvemos soluções na nuvem, além de acompanhar todo o processo de implementação. “Temos soluções standard que aplicamos nos clientes para que eles adotem as melhores práticas. A transformação digital é clara, permite a otimização dos processos num curto prazo e os resultados são palpáveis”, ressalta Catalina.

Soluções logísticas customizadas

Ochoa, do Grupo Lala
Ochoa, do Grupo Lala

Algumas gigantes latino-americanas já se deram conta dessas vantagens. O Grupo Lala, que em meados de 2017 adquiriu no Brasil a Vigor, é uma delas. O gerente de Transformação de Abastecimento, Eric Ochoa, divulga que há quatro anos adotou o Ariba e recentemente renovou o contrato por mais quatro anos. “Aplicamos na operação e essa iniciativa fez parte de um redesenho de nossos processos”, resume.

No Brasil, o executivo afirma que já está sendo realizada a reengenharia nos processos da Vigor. Ele acredita que esse trabalho leve entre 12 e 24 meses, com a garantia de mudanças. “Vamos colocar em prática as estratégicas. Teremos um processo transparente, iremos automatizar os processos e alinhá-los para tornar as atividades mais dinâmicas.”

Ele acredita que haverá impactos na logística da Vigor com a aplicação do Ariba, mas antes será preciso gerenciar e ter o controle de outros serviços e materiais para, após isso, migrar para a linha de produção e processos logísticos. “Ainda temos limitações tecnológicas, digitais e alguma resistência. Para ampliar para a logística, precisamos desenvolver nos fornecedores de transporte a maturidade digital e fazê-los ter habilidade para que usem o sistema”, define.

Torres, da Coca-Cola Femsa
Torres, da Coca-Cola Femsa

Na Coca-Cola Femsa, a aplicação do Ariba nas operações logísticas brasileiras também está no escopo de atuação. “Vamos concluir a aplicação no próximo mês de julho. Mas é importante frisar que antes disso foi fundamental ter um plano de negócios e adotar as ferramentas necessárias que atendam as demandas da empresa”, frisa o diretor de Abastecimento Estratégico, Jorge Torres.

O executivo destaca outro ponto. “O grande desafio foi mudar a mentalidade de nossos clientes internos. É necessário convencer os funcionários e convencê-los que teríamos que ter uma nova forma de trabalho, de realizar as compras. No início houve resistência, mas agora se adaptaram e conseguem visualizar que têm todo o controle”, comemora.

A companhia atua em dez países da América Latina – são 300 distribuidoras e 48 unidades produtivas. O executivo conta que os estudos para a aplicação do Ariba começaram há três anos, realizando uma análise da estrutura de compra. A aplicação nas unidades teve início há dois anos.

Segundo Torres, a nova forma de trabalho com o Ariba permitiu que os profissionais tivessem mais tempo para desenvolver outras soluções. Uma delas é a aplicação de códigos de barras nas garrafas retornáveis, projeto já em andamento no México e no Brasil. “Conseguimos visualizar quantas vezes a garrafa retorna para a empresa, o que causa impacto, por exemplo, nas operações e custos da logística reversa”, explica. Ainda não há resultados para ilustrar, pois de acordo com Torres trata-se de um projeto de longo prazo, mas ele conta que atualmente uma garrafa retorna entre 40 e 50 vezes, e a empresa acredita que pode reduzir essa movimentação.

Fábio Penteado

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