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Startups na logística: o que existe e o que vem por aí

Mesmo com as barreiras que o mercado apresenta, empresas fomentam plataformas e soluções tecnológicas para mudar padrões e inovar nas operações
Por Redação em 5 de agosto de 2019 às 12h09 (atualizado às 12h35)
Startups na logística: o que existe e o que vem por aí

Startups na logística: o que existe e o que vem por aí

Há algum tempo o mercado logístico não conta apenas com as empresas tradicionais. O surgimento das startups trouxe um novo cenário para o setor. E um cenário positivo. São diversas as soluções apresentadas por essas companhias que atuam na esteira do desenvolvimento tecnológico. As oportunidades estão aí e as empresas tradicionais já deram conta disso, investindo em programas de aceleração ou simplesmente adotando as ferramentas ofertadas no mercado.

Mas quem são essas – que nem podemos mais chamar de novas – empresas? De que forma as startups atuam hoje e como observam o futuro quanto aos serviços logísticos? Ouvimos algumas delas e traçamos um panorama daquilo que pode ser mais uma inovação do vanguardista setor logístico.

Players e mercado

Rodrigues, da Frete Rápido
Rodrigues, da Frete Rápido

A Frete Rápido, por exemplo, compõe o cenário descrito acima. O CEO, Mário Rodrigues, explica que a empresa surgiu em 2015 como startup independente e, depois de contar com clientes e operações, passou a fazer parte da TegUp, aceleradora de startups e braço de inovação vinculado à Tegma Gestão Logística.

A meta com a concepção da companhia à época era cuidar de todas as etapas do processo de venda para que as empresas pudessem focar somente em gerar negócios. Na pré-venda, ela realiza o cálculo do frete no carrinho do e-commerce com tabelas próprias. Além disso, disponibiliza outras opções de entregas disponíveis, como omnichannel, multiorigens, consolidação de volumes e campanhas de frete.

No pós-venda, faz o retorno com dados da transportadora escolhida para emissão da nota fiscal, a ordem de coleta, a geração do código de rastreio, o carregamento do Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e), o acompanhamento da entrega, gera SMS de tracking e faz a comprovação da entrega. A Frete Rápido realiza, ainda, gestão com a conciliação de fatura com o CT-e e estipula métricas e KPIs para as transportadoras.

Startups na logística: o que existe e o que vem por aí
Cristofolini, da Pegaki

Outra startup criada quase na mesma época, em 2016, é a Pegaki, que tem como objetivo minimizar os problemas de insucesso de entregas e logística reversa de e-commerces brasileiros. O CEO, João Cristofolini, conta que a empresa nasceu de forma independente, mas desde então já foi acelerada três vezes. “Em 2016 foram R$ 100 mil recebidos pela aceleradora Cotidiano. Já em 2017, captamos R$ 360 mil junto à EqSeed, maior plataforma online de investimentos a startups do Brasil. Em 2018, novamente pela EqSeed, captamos R$ 1,2 milhão”, diz.

O executivo conta porque desenvolveu a startup. “Cerca de 20 milhões de pedidos por ano não são entregues por problemas de insucesso, porque o cliente não está em casa, o prédios não tem porteiro ou o local é uma área de risco, por exemplo. Mais de 5 milhões de pedidos por ano são devolvidos ou trocados e dependem das agências dos Correios, que enfrentam grandes desafios e problemas.”

Para resolver isso, recorda,ele trouxe para o Brasil um modelo de negócios muito comum na Europa, Estados Unidos e Ásia: os pontos de retirada ou pick up points, que representam quase metade das entregas nessas regiões.

Com a rede de pontos de retirada da Pegaki não é preciso investir em infraestrutura, como lojas próprias ou lockers. O negócio funciona da seguinte forma: o consumidor compra online em e-commerces e retira seu produto no ponto Pegaki mais conveniente, que são estabelecimentos que funcionam como pontos de retirada.

Startups na logística: o que existe e o que vem por aí
Alvadjian, da Movetogo

Outro player desse mercado é a Movetogo. O CEO, Cláudio Alvadjian, relata que as operações começaram em 2011 junto à Move Solução em Logística, mas a plataforma própria de cotação e contratação  é recente, datada de novembro de 2018. “Iniciamos como uma transportadora tradicional, focando em transporte urgente, e em 2016 com a expertise operacional já consolidada tínhamos que buscar a inovação”, lembra o executivo.

Já consolidadas, as empresas analisam, agora, de que forma as novas demandas pedem pelo rápido desenvolvimento de soluções. Rodrigues, da Frete Rápido, observa o mercado de startups que desenvolvem soluções específicas para operações logísticas com total atenção, pois, segundo ele, trata-se de um setor muito grande e que pode gerar oportunidades de parceria ou aquisição de outras soluções complementares às da empresa.

Na opinião do CEO da Pegaki, Cristofolini, trata-se de um mercado que vem crescendo seguindo a tendência internacional. “O Brasil possui vários problemas de eficiência logística e áreas de riscos que são grandes oportunidades para empreendedores desse setor”, pontua. Para Alvadjian, da Movetogo, as soluções que saltam aos olhos hoje estão relacionadas à otimização do processo de roteirização, que minimiza as perdas e gera mais rentabilidade.

Barreiras e gargalos

Sistema da Frete Rápido
Sistema da Frete Rápido

Apesar do mercado ser promissor, a concepção e a aplicação de soluções específicas para logística ainda enfrentam desafios. Rodrigues revela que o principal deles é o fato de esse mercado ainda ser bastante fechado. Para o executivo, trata-se de uma questão comportamental. “Nossa solução elimina diversas tarefas e rotinas dessas empresas. Sendo assim, alguns profissionais se sentem ameaçados pela chegada da tecnologia. Mas é importante destacar que nosso posicionamento não é acabar com nenhum cargo, e sim tornar as pessoas mais eficientes”, afirma. O executivo da Frete Rápido aponta também a falta de conexão entre as empresas como um gargalo, sendo necessário unificar a troca de informações, investindo em integração.

Essa também é a opinião de Cristofolini. “A integração da nossa tecnologia com a tecnologia do cliente tem sido nosso principal desafio. E temos o desafio de educar o mercado sobre uma nova maneira de resolver problemas de insucesso de entregas e reduzir o custo da logística reversa”, diz. Além disso, completa, é necessário alterar hábitos e comportamentos tradicionais. “Mudar o ‘sempre fizemos assim’, mostrando que há novas formas de atender às demandas dos consumidores.”

Veículo de entrega da Movetogo
Veículo de entrega da Movetogo

“O maior desafio é mostrar para o cliente que não basta apenas oferecer facilidade tecnológica”, destaca Alvadjian. “Temos que dar a ele o respaldo do processo logístico tradicional, que é o seguro da encomenda e a forma com que ela é transportada. A maior barreira é mostrar que a tecnologia é um caminho sem volta e temos que investir, pois muitos ainda operam como na década de 1990”. Mas o executivo faz uma ressalva. “O maior gargalo em logística está relacionada à operação do dia a dia, que é realizada por veículos e pessoas. Por mais que tenhamos soluções tecnológicas, os problemas continuam sendo os mesmos”, lamenta.

Estratégias e tendências

Ações para superar os gargalos e gerar oportunidades já estão em prática. A Frete Rápido, por exemplo, investe na aproximação com todas as pessoas envolvidas com a ferramenta a fim de eliminar o medo do novo ao mesmo tempo em que entrega relação humana aos clientes.

Na Pegaki, a estratégia é gerar conteúdos, participação em eventos e conversas com os principais players do mercado, enquanto na Movetogo o trabalho consiste em fornecer a ferramenta que desenvolve com o intuito de dar ao cliente mais rastreabilidade ao seu produto.

Quanto às tendências, elas são variadas. Rodrigues acredita num crescimento de empresas que oferecem diferentes formas de realizar o last mile, desde aproveitar viagens para fazer uma entrega até o desenvolvimento de micro centros de distribuição 100% integrados às operações dos embarcadores.

Ponto de retirada da Pegaki
Ponto de retirada da Pegaki

Cristofolini acredita que atualmente as pessoas estão cada vez mais móveis e querem receber suas compras online rapidamente, o que irá estimular ainda mais o mercado. “A demanda por entregas que superem esses desafios com modelos diferentes fez o surgimento de startups nessa área aumentar nos últimos anos”, diz.

Já Alvadjian afirma que a tendência será mesclar o modelo tradicional com o desenvolvimento tecnológico em logística. “Não podemos esquecer que por mais que tenhamos tecnologia o processo logístico é realizado por colaboradores que fazem as entregas porta a porta por meio de empresas parceiras ou veículos próprios”, pontua.

Fique de olho

No rastro do aquecido mercado de startups, a Startse, que atua como ambiente de network do ecossistema de startups do Brasil, lançou a CapTable, sua plataforma de investimentos nessas empresas. Trata-se de uma iniciativa que permitirá que as empresas focadas em inovação captem recursos para suas operações por meio de oferta pública de investimentos. Dentro da CapTable, qualquer pessoa pode se tornar uma investidora desses empreendimentos, aplicando valores a partir de R$ 1.000.

A campanha de pré-lançamento da CapTable foi baseada na ideia “basta uma”. De acordo com um dos diretores da plataforma, Guilherme Enck, o propósito é mostrar que basta uma startup dar certo para que seus investidores tenham ganhos exponenciais. “O diferencial da CapTable é a disponibilização de startups que tenham um real potencial de escalar e que possam gerar retornos a todos que investiram nela. Nosso filtro é muito criterioso e conta com nomes experientes nos mercados de startups e investimentos”, garante.

A CapTable passou pelo chamado Minimum Viable Product (MVP), uma prática comum no universo das startups, que se trata de um período de testes para a formatação do produto, que permitiu seu aperfeiçoamento. Nesse momento estão disponíveis quatro campanhas de captação. A primeira delas é a Trashin, que realiza gestão de resíduos 360° conectando geradores de lixo, cooperativas de reciclagem e todas as indústrias envolvidas na cadeia de produtos descartados. Outra que está captando na CapTable é a agritech (startup do ramo do agronegócio) Eirene Solutions, que atua no desenvolvimentos de novas tecnologias para inovar o setor agrícola com foco em sustentabilidade.

Já no setor de marketing local, a CapTable selecionou e está supervisionando a captação para a NOC. Trata-se de uma startup que funciona como SaaS de produção de conteúdo para pequenos negócios no varejo local, permitindo que campanhas de publicidade de alto nível sejam acessíveis para empreendedores de pequeno porte. Outra opção que está na lista da plataforma é a InBeauty, que faz pesquisa aplicada em nanotecnologia para desenvolver suplementos de vitaminas e minerais em cápsulas que realmente consigam fazer o organismo absorver nutrientes necessários para o fortalecimento de unhas e cabelos e para evitar problemas de saúde.

Fábio Penteado

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