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Parceria efetiva

Por Redação em 16 de junho de 2005 às 15h59 (atualizado em 12/05/2011 às 12h04)

Seguindo uma orientação corporativa global, a Ericsson Telecomunicações S/A transferiu, em 2000, o gerenciamento de todas as  operações logísticas de sua unidade em São José dos Campos (SP) para a Panalpina, empresa de atuação mundial que já era parceira da Ericsson na China e em países da América Latina e África. O modelo adotado nessa unidade - responsável pela produção de equipamentos e materiais para infra-estrutura de telefonia celular (estações de rádio-base, antenas e cabos) - foi inovador, pois não se tratou apenas de terceirizar as operações, mas sim de ter um terceiro dentro da empresa para gerir todas as atividades logísticas, incluindo a coordenação do trabalho desenvolvido por outros operadores logísticos para essa unidade da Ericsson.

Depois de quase quatro anos adotando esse modelo, os resultados consolidados comprovam o sucesso esperado quando da implementação do projeto. Imediatamente após a transferência da administração da logística para a Panalpina, a Ericsson obteve uma redução nos custos das operações da ordem de 30% e, a cada ano, vem proporcionando novas reduções que tem ficado em torno de 10% a 15%. Porém, segundo Oswaldo de Moraes Jr., gerente de Distribuição da Ericsson, o ganho mais significativo foi a melhoria dos processos envolvidos em cada uma das etapas - desde o recebimento de materiais e insumos, para alimentação da linha de produção, até a entrega dos equipamentos no local de instalação -, que refletiu num atendimento de excelência aos clientes.

"Hoje temos melhor visibilidade de todas as operações e maior flexibilidade de ação. Como a equipe da Panalpina está integrada às nossas atividades, dispondo de todas as informações, consegue antecipar as soluções em cada um dos projetos da Ericsson. Ou seja, se vamos fazer uma exportação, ou vamos atender no Norte do Brasil, a Panalpina já enxerga as necessidades e as oportunidades, uma vez que está engajada no processo. Dessa forma, evitamos aquela situação em que só se irá pensar em como entregar ou distribuir depois do projeto pronto", justifica Moraes Jr., acrescentando que, dessa maneira, é elaborada uma solução completa para o cliente final, atendendo melhor a suas expectativas. "Acho que esse é um diferencial muito importante."

Parceria de sucesso

Para chegar a esse estágio, a Panalpina montou uma estrutura de gerenciamento dentro da unidade da Ericsson, batizada de Torre de Controle, contando com uma equipe própria de 15 pessoas, que, além de acompanhar todas as operações realizadas dentro da unidade, é responsável pela coordenação de todas as outras operações envolvidas na cadeia de abastecimento, inclusive as desempenhadas por outros prestadores de serviços logísticos. "O nome Control Tower foi adotado porque a idéia é exatamente a mesma da torre de um aeroporto, pela qual se tem uma visibilidade dos aviões que partem e que chegam", explica Miguel Buchidid Amarante, gerente Comercial de Logística da Panalpina.

Toda essa visibilidade a que ele se refere é sustentada por um sistema de informação desenvolvido pela equipe de TI da Panalpina especificamente para a Ericsson. É esse sistema que permite o acompanhamento de toda a trajetória dos materiais que a Ericsson recebe, tanto dos nacionais (de cidades do interior de São Paulo e do Paraná), como dos importados (vindos das plantas da empresa no México, China e Suécia).

Para o controle da entrada de materiais e insumos na unidade de São José dos Campos foram adotados hand-helds (com tecnologia de radiofreqüência). Eles alimentam o sistema da Ericsson com todas as informações relativas ao tipo de produtos e insumos e respectivas quantidades e, por meio deles, os operadores recebem a orientação para armazenagem dos produtos que alimentarão a linha de produção. Um WMS (Warehouse Management System), também desenvolvido pela Panalpina, indica todas as coordenadas do endereço de cada produto no armazém.

Na outra ponta das operações está a movimentação do produto final até a entrega aos clientes (todas as operadoras de telefonia celular). "Quando a Ericsson vende uma unidade, nós somos o braço operacional, com absoluto controle de tudo. Quando ela fatura para o cliente, temos a visibilidade desse pedido; fazemos então a sua separação, a consolidação, o acompanhamento dessa entrega, a contratação do frete de entrega e o transporte", destaca Amarante, complementando que a Panalpina também é responsável por serviços adicionais, como a instalação e a remoção de equipamentos nos clientes.

"O nível de serviço que a Ericsson dá para o cliente é muito bom. Tanto que disponibiliza seu operador logístico para realizar alguns serviços agregados. Muitas vezes, além da entrega, é necessário fazer o içamento (por meio de guindaste) dos equipamentos - que são unidades grandes, chegando a pesar uma tonelada - para colocá-los, por exemplo, em topos de edifícios", explica. "Também pode haver remoções no ato de uma entrega, ou seja, a retirada de uma estação de rádio-base, quando se trata da substituição de um equipamento que vai para outro site da operadora de telefonia celular. Nesses casos, executamos também o içamento no outro local que a operadora indicar", descreve o gerente da Panalpina.

A premissa para que todo esse trabalho seja executado com a eficiência comprovada, contudo, está numa postura ainda pouco comum entre clientes e fornecedores de soluções logísticas: a total transparência de informações. A Ericsson permitiu à Panalpina o acesso a dados considerados estratégicos, que incluem o perfil de seus clientes e até o seu comportamento em relação aos pedidos como, por exemplo, o que e como compram.

Para Moraes Jr., trata-se de uma relação de confiança mútua, pois, da mesma forma que a Ericsson abriu suas informações, a Panalpina fez o mesmo em relação às operações dos armazéns que possui e seu processo de distribuição. "Isso facilita muito a operação dos dois lados, porque permite que se conheça de antemão onde possíveis problemas podem ocorrer e possamos atuar antes que aconteçam. A atuação deixa de ser reativa, como acontece comumente, para ser realmente proativa", completa o gerente da Ericsson.

Segundo Amarante, o modo como foi estabelecida essa parceria permitiu que a Panalpina tivesse um outro olhar sobre as operações que normalmente desempenha. "Neste caso, não adianta apenas ter foco no cliente, temos de enxergar a operação como se fôssemos o cliente. E, muitas das vezes, até mais do que ele mesmo enxergaria, porque essa é nossa especialidade e o core-bussines do cliente é outro. Dessa forma, estamos continuamente sugerindo otimizações. São soluções que vão surgindo no dia-a-dia, enquanto executamos as operações. Temos essa possibilidade por sermos o gerenciador e o operador ao mesmo tempo", destaca o gerente da Panalpina.
Para ele, o sucesso no gerenciamento de supply chain deve-se ao acesso disponível aos dados da Ericsson, que acabam sendo relevantes para as operações. "Com a transparência de informações temos melhores condições de atuar. É diferente de outras situações em que o cliente diz que precisa despachar 100 caminhões por mês, quando na verdade são necessários 50, ou que precisa de cinco dias para uma entrega, quando são necessários dois. Tendo a informação precisa e em tempo real damos a melhor solução. Por exemplo, se a Ericsson vendeu para um determinado cliente 50 toneladas, quando a previsão inicial era de 30 toneladas, nós temos condições de, imediatamente, atender a essa nova necessidade na melhor condição para o cliente."

Aperfeiçoamento contínuo

A implementação do projeto também exigiu condições especiais, para que a transição de um modelo de operações interno (realizado por trabalhadores da Ericsson) para o terceirizado ocorresse de forma segura. Durante o primeiro ano, a Panalpina trabalhou dentro da estrutura existente na Ericsson (trabalhadores e equipamentos). "Só depois de um ano pudemos implementar o modelo da Panalpina nessa estrutura", ressalta Amarante.

O gerente da Ericsson afirma que esse tempo foi necessário para que ambas as empresas pudessem assimilar a nova condição de trabalho. "Em seis meses, fizemos a parte de terceirização propriamente, e os outros seis meses foram para que a Panalpina tivesse mais contato com o que realmente acontece dentro da empresa, propondo melhorias, verificando o que poderia ser alterado. Foi basicamente um ano de interação a quatro mãos."

Segundo ele, o processo de melhorias e evolução do trabalho proposto, a partir daí, passou a ser contínuo. "Estamos na etapa de maturação, em que os ganhos são os melhores para os dois lados. Agora estamos trabalhando na análise dos pontos que ainda são lentos ou muito burocráticos e do que pode ser solucionado ou melhorado. Não estamos fazendo nenhum projeto gigantesco, mas são pequenos projetos que, somados, vão reduzir o tempo no fluxo total de distribuição. São micro projetos que estão correndo em paralelo para ganharmos ainda mais em termos de performance."

Na sua avaliação, para que um projeto como este dê certo, assim como está sendo visto na Ericsson, devem ser consideradas três questões fundamentais. A primeira está na conduta que a empresa que vai terceirizar adotará a partir de então. "Não se pode ter a ilusão de que terceirizando se está transferindo todos os problemas para o seu parceiro logístico. Não se deve confundir delegar com `delargar` as atividades relativas à logística, ou seja, entrego para o terceiro e esqueço. Na verdade, a responsabilidade só aumenta, porque as tarefas deixam de estar sob sua alçada e passam a ter uma interface."

O segundo ponto está no fato de que, para terceirizar, é preciso envolver o fornecedor de serviços logísticos nas rotinas da empresa, fazer com que ele conheça o seu perfil, como atua no mercado, sua filosofia; enfim, um amplo conhecimento da empresa em que vai atuar. "Por isso, durante seis meses o pessoal da Panalpina esteve dentro da nossa casa trabalhando como se fossem funcionários Ericsson, tendo uma supervisão nossa muito forte, para que aprendessem a trabalhar com a gente. E, do mesmo modo, pessoas da Ericsson foram para a Panalpina para conhecer como é a empresa, como trabalha, qual é a filosofia da empresa. Entendemos que com isso a relação fica muito mais fácil."

E, por fim, há o componente da transparência das informações, como já foi ressaltado. "Se isso não ocorrer, sempre existirão problemas em razão das desconfianças de cada um. Aí o trabalho não acontece ou, quando acontece, como não se confia, vai ter de ser revisto e checado mais de uma vez. Isso inviabiliza a relação e, conseqüentemente, o trabalho", conclui Oswaldo de Moraes Jr.
(Sônia Monfil Cardona)

Ericsson: (12) 3908-4933
Panalpina: (11) 2165-5845


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80 anos de presença no Brasil

Corporação presente em 140 países, que emprega no total 61 mil trabalhadores, sendo líder mundial em telecomunicações, a Ericsson foi fundada em 1876, na Suécia, onde está situada sua matriz (Estocolmo). No Brasil, está presente desde 1924, quando estabeleceu no Rio de Janeiro a Sociedade Ericsson do Brasil Ltda., cuja razão social foi alterada, em 1999, para Ericsson Telecomunicações S/A.

Hoje, o Brasil está entre os 10 maiores mercados da Ericsson em todo o mundo, no qual participa com 40% no mercado de telefonia móvel e 35% no de telefonia fixa. Com sede na cidade de São Paulo, possui diversos escritórios regionais distribuídos por todo o País e, além da unidade industrial de São José dos Campos - obra projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, inaugurada em 1995 -, conta com um Centro de Pesquisas e Desenvolvimento situado em Indaiatuba (SP), inaugurado em 2001, o único da empresa na América Latina, responsável pelos projetos de software, que atualmente respondem por 20% das exportações.

Veja mais informações sobre a Panalpina na reportagem sobre o modal aéreo, nesta edição.

 

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