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Chegou a hora de remodelar o sistema de entregas no Brasil

Por Renato Junoy em 15 de outubro de 2020 às 9h42
Renato Junoy

As entregas de encomendas e o sistema de delivery registraram um grande crescimento com a pandemia da Covid-19, permitindo que as empresas mantivessem suas vendas por canais digitais com a suspensão das atividades nas lojas físicas. Contudo, o desempenho poderia ser mais expressivo se não fosse por um antigo problema: a pouca diversidade no sistema de entregas. A grande maioria das empresas que atuam digitalmente ainda utiliza os Correios como principal método de levar seus produtos país afora – ficando reféns dos problemas que esse modelo traz. É preciso inovar e remodelar as entregas no Brasil, abrindo espaço para iniciativas mais ágeis e eficientes.

A dependência dos Correios é uma realidade comum ao e-commerce nacional. Apesar de a utilização de transportadores privados ter aumentado 60% entre 2013 e 2019 nas lojas virtuais do país, a empresa pública ainda é a preferida dos empreendedores, sendo utilizada por 88,6% dos negócios digitais do país, segundo dados de 2019 da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Não à toa, o mesmo levantamento mostra que o atraso é o principal problema, com 61%, seguido por roubos, furtos e extravios (39%).

Essa preferência tem raiz histórica e cultural. Por muito tempo, os Correios possuíam o monopólio das entregas no país (ainda hoje são os únicos responsáveis pela entrega de cartas e telegramas) e têm até hoje abrangência nacional. Dessa forma, gerações inteiras se acostumaram com essa dinâmica. A questão é que a empresa é vinculada ao governo federal, ou seja, está suscetível à troca de estratégias continuamente, dificultando a operação do negócio. Assim, pequenas falhas desencadeiam graves problemas ao longo dos processos, culminando na prestação de um serviço incipiente às demandas da população.

Até porque o mundo mudou bastante nos últimos anos com as novas soluções digitais no dia a dia – e a pandemia de Covid-19 apenas acelerou esse movimento –, quando uma pessoa compra algo pela internet, ela espera receber no menor prazo possível. Com a quarentena, muitos supermercados apostaram nos canais digitais e tiveram que realizar entregas no mesmo dia por conta de produtos perecíveis. Em suma: é preciso ter agilidade, eficiência e soluções tecnológicas adequadas para conseguir levar as encomendas com segurança e rapidez aos consumidores. Não dá mais para continuar com uma estrutura arcaica.

Portanto, chegou o momento de inovar e abrir caminho para soluções inovadoras que contribuem para a eficiência logística em todo o país. A maior presença de transportadoras privadas é um começo, sem dúvida, mas é necessário ampliar a participação das logtechs, startups que combinam tecnologia e automação para transformar o segmento das entregas.

Com propostas simples, que combinam cidadãos comuns com seus meios de transporte e os varejistas por meio de uma plataforma baseada em dados, é possível agilizar o last mile (último trecho) e o same-day delivery (entrega no mesmo dia), dois pontos cruciais no atual cenário das entregas no Brasil. Além disso, a inovação passa pelo fato de não ser uma medida isolada, mas que pode trabalhar em conjunto com outros players logísticos, otimizando ainda mais esse serviço essencial.

Levar um produto pelo Brasil não é uma tarefa simples. As dimensões continentais do território, aliadas à baixa infraestrutura nos modais de transporte, são agravantes na hora de entregar produtos e encomendas. A saída, como se vê, passa pela adoção inteligente da tecnologia, capaz de trazer inovação e soluções com potencial para transformar o segmento, impulsionando diferentes negócios. Enquanto o mercado continuar restrito a velhas táticas logísticas, o país não conseguirá alavancar a economia. Já são 20 anos no século 21. Passou da hora de as entregas se atualizarem.

Chegou a hora de remodelar o sistema de entregas no Brasil
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