A Santos Brasil adquiriu da China dois portêineres e oito RGTs, equipamentos que chegam para o Tecon Santos a bordo do navio Zhen Hua 28 e fazem parte do programa de modernização e transição energética do terminal, que prevê investimentos de aproximadamente R$ 300 milhões. A incorporação dos novos guindastes altera a capacidade operacional do terminal e impacta diretamente a execução das operações logísticas de movimentação de contêineres no Porto de Santos.
O navio transporta os equipamentos montados sobre o convés e tem previsão de chegada para a primeira quinzena de janeiro. O desembarque será realizado por trilhos conectados ao cais, procedimento que vem sendo adotado nas últimas entregas de equipamentos de grande porte. A operação padrão está prevista para fevereiro, enquanto a operação remota dependerá de testes de sensores, configurações de sistemas e treinamento de operadores, processo que pode se estender por até um ano.
Segundo a empresa, a aquisição acompanha o plano de expansão do Tecon Santos e tem como objetivo ampliar a eficiência da cadeia logística atendida pelo terminal. O diretor de Operações de Terminais Portuários de Contêineres, Bruno Stupello, afirma que a companhia mantém a estratégia de desenvolver soluções voltadas ao comércio exterior e aos clientes do complexo portuário. O executivo destacou que o treinamento de operadores será parte central do processo de integração dos novos equipamentos.
Em comunicado, o Porto de Santos informou que os portêineres possuem o sistema TPS (Truck Position System), utilizado para definir o posicionamento de carretas durante embarques e descargas. O terminal já opera quatro unidades com esse sistema, e os novos equipamentos incorporam a possibilidade de operação remota, que desloca os operadores das cabines para o centro de controle no prédio administrativo. O modelo também será aplicado aos RGTs, que passam a integrar a frota elétrica iniciada em 2024.
Cada portêiner possui 50 metros de altura e 70 metros de lança, com capacidade para movimentar dois contêineres de 20 pés carregados simultaneamente, totalizando até 100 toneladas por ciclo. Os novos RGTs se somam às oito unidades elétricas já instaladas e fazem parte da migração programada para substituir gradualmente os modelos movidos a diesel. O projeto prevê a aquisição de mais 30 unidades elétricas nos próximos anos.
De acordo com o terminal, a troca da frota reduz emissões de aproximadamente 20 toneladas de CO₂ por mês por equipamento. A substituição integral dos modelos a diesel deverá evitar a emissão de 713 toneladas de CO₂ mensais, representando uma queda de 97% nas emissões referentes à frota de RGTs.
O plano de modernização do Tecon Santos teve início em 2019 e prevê investimentos de cerca de R$ 3 bilhões até 2031, dos quais cerca de R$ 2 bilhões já foram executados. O projeto integra o Plano de Transição Climática da Santos Brasil, que estabelece a meta de neutralidade de carbono até 2040. Os RGTs elétricos são equipados com câmeras, scanners a laser e sensores integrados aos sistemas de operação, controlados remotamente por joysticks em mesas com múltiplas telas. Segundo Stupello, a operação assistida amplia a precisão das manobras e reorganiza a função dos operadores dentro da estrutura do terminal.
