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Senai inaugura parque de inovação em Pernambuco com projetos de pesquisa para transição energética

Novo centro já inicia as operações com dois projetos de pesquisa e desenvolvimento de hidrogênio verde e baterias de lítio de baixa tensão
Por Redação em 20 de outubro de 2025 às 10h47
Senai inaugura parque de inovação em Pernambuco com projetos de pesquisa para transição energética
Senai Park em Ipojuca (PE). Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil
Senai Park em Ipojuca (PE). Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

O Senai-PE inaugurou hoje (20/10) o parque de inovação e tecnologia Senai Park, na cidade de Ipojuca (PE), na região metropolitana do Recife. O novo centro focado no desenvolvimento de tecnologias para a transição energética funcionará como um “berçário”  formado por plantas-piloto, nas quais empresas industriais podem simular procedimentos, realizar testes e medir desempenho de produtos e técnicas. 

O empreendimento conta com dois projetos de desenvolvimento já contratados por mais de dez empresas, somando R$ 100 milhões. As duas iniciativas são relacionadas à descarbonização.


Hidrogênio verde

Um dos projetos é a produção e pesquisa de hidrogênio verde, com participação das empresas Neuman & Esser, Siemens, White Martins, Hytron, Compesa e CTG Brasil. O Senai Park conta com um eletrolisador, equipamento que permite chegar ao produto.

Senai inaugura parque de inovação em Pernambuco com projetos de pesquisa para transição energética

O hidrogênio é um gás que pode ser utilizado como combustível sem emitir gás carbônico (CO²), causador de efeito estufa. No entanto, apesar de ser o elemento mais comum na natureza, dificilmente é encontrado isoladamente. Geralmente está associado a outros elementos, como no caso da água (H₂O).

Um dos meios mais desenvolvidos para extração do hidrogênio é a eletrólise, quando se extrai a molécula presente na água. Para fazer a separação dos elementos químicos, é preciso usar energia. Quando essa energia é de origem limpa, como a hidrelétrica, é possível classificar o hidrogênio resultante como verde.

O diretor de Inovação e Tecnologia do Senai-PE, Oziel Alves, explica que o centro de inovação trabalhará com hidrogênio verde tanto na produção de combustível para mobilidade de veículos, quanto para desenvolver formas de armazenar o elemento em células combustíveis. O hidrogênio é considerado um vetor energético e pode ser transformado em energia elétrica.

Segundo o diretor, o eletrolisador tem capacidade de produzir 30 quilos de hidrogênio por dia, quantidade suficiente para abastecer quatro veículos fazendo percurso de ida e volta entre o Porto do Suape e Recife (cerca de 50 km).

Oziel ressalta que, além de ser um passo rumo à transição energética, o desenvolvimento de energia limpa como o hidrogênio verde – que também tem a função de ser matéria-prima para determinados ramos industriais – pode fazer bem às finanças no negócio.  Ele lembra que alguns mercados, como a União Europeia, cobram valores adicionais de empresas que emitem quantidade significativa de poluentes durante o processo operacional. 

“Produtos intensivos de energia, como cimento, ácido e produtos específicos que entram no mercado europeu precisam ter certificação [de energia limpa]”, lembra Oziel. 

 

Armazenamento de energia

O diretor do Senai apontou que outro projeto sendo pesquisado são sistemas de armazenamento de energia. O executivo aponta que o projeto pode ser uma solução para o problema do curtailment (redução, em inglês), procedimento técnico que consiste em descartar energia limpa, como a eólica e solar, nos momentos do dia em que o sistema elétrico nacional tem excesso de geração. 

A medida, tomada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), causa insatisfação nas empresas, que deixam de ser remuneradas durante a diminuição ou interrupção de geração. “A gente poderia armazenar essa energia, por exemplo, e depois produzir hidrogênio com energia residual sobressalente do que não está sendo utilizado na rede”, projeta Alves.

 

Baterias de lítio

O outro projeto contratado é a produção de baterias de lítio de baixa tensão, componente utilizado na crescente frota de carros elétricos pelo mundo. O projeto é executado pelo Grupo Moura, que já as fabrica para carros convencionais.

Atualmente, o Brasil depende de baterias fabricadas na China, que domina a tecnologia e, consequentemente, o mercado essencial para os carros elétricos. O lítio é um dos minerais estratégicos para tecnologias de transição energética.

A diretora regional do Senai, Camila Barreto, chama o processo de produção nacional de “tropicalização”. “Dar ao Brasil a condição de trazer essa tecnologia e passar a produzir essas baterias aqui”, esclarece. O investimento inicial é de R$ 20 milhões. A linha de produção será robotizada, e a instalação deve ficar pronta no primeiro trimestre de 2026, com capacidade de produção de mil baterias de 12v (volts) e 48v por mês.

“É um projeto de tecnologia e inovação que mostra que a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico, a inovação, não fica só na bancada, não é algo teórico. Conecta com demandas de mercado e do presente”, define Camila.

A linha de pesquisa conta com recursos do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, voltado para descarbonização da indústria automotiva. O projeto conta com parceria e interesse de empresas do setor automotivo, como Stellantis (detém marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën), Volkswagen, Iochpe Maxion (líder mundial na produção de rodas automotivas) e Horse (Grupo Renault).

Oziel Alves ressalta que apesar de serem concorrentes, as empresas compartilham informações sobre as inovações no Senai Park. Apenas implementações “internalizadas” são protegidas por segredo industrial. “O conhecimento geral desenvolvido aqui ao longo do projeto, que é o nosso foco inicial, é compartilhado entre grupos de empresas. O específico de cada empresa é preservado, cada um explora de acordo com os seus interesses comerciais”, detalha.

O diretor de operações do Grupo Moura, Spartacus Pedrosa, afirma que as baterias de lítio passam a receber mais destaque porque colaboram para a eficiência energética. “Ajuda a reduzir a pegada de carbono”, diz.

O projeto é pioneiro e se dedica a produzir as baterias, mas ainda como células de lítio que vêm da China. O Brasil ainda explora pouco o mineral estratégico em território nacional. Outras unidades do Senai, como a do Paraná, fazem estudos direcionados à mineração desse elemento. 

 

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