A operadora logística Coopercarga – formada por um grupo de 143 transportadores e com sede em Concórdia (SC) – apresentou na semana passada, durante a feira Intermodal South America, em São Paulo, dois projetos que fazem parte de sua estratégia de sustentabilidade. Um deles foi desenvolvido juntamente com a Scania e a fabricante de cosméticos Natura, composto por dois caminhões movidos a etanol, que emitem até 90% menos CO2 na operação.
Este projeto teve início há seis meses e já está validado, tendo comprovado sua eficiência operacional e benefícios ao meio ambiente segundo informou o presidente da Coopercarga, Osni Roman. “A sustentabilidade faz parte de nossa estratégia, e não apenas no discurso. Estamos investindo tempo, dinheiro e esforços para colocá-la em prática”, afirma Roman.
O veículo utilizado – segundo a empresa o primeiro caminhão movido a etanol a operar no Brasil – é um cavalo mecânico Scania P270 com carreta de três eixos. O etanol, diferente do utilizado pelos carros de passeio, é fornecido pela Raízen especificamente para o projeto.
O fato de utilizar um combustível diferenciado, aditivado e mais caro é uma das complexidades do projeto, de acordo com o presidente. “Ele custa um pouco mais, então as três partes – Natura, Scania e Coopercarga – entrararam com investimentos no projeto, apostando na sustentabilidade. Os caminhões foram desenvolvidos e cedidos em comodato pela montadora e nós entramos com o implemento e a base de abastecimento, que fica em Itupeva (SP)”, explicou o executivo, sem datalhar números.
O projeto do etanol agora está em fase de ampliação e de disponibilização para outros clientes com os quais a empresa já está em negociação, que não foram revelados.
GNV
Na mesma ocasião, a Coopercarga apresentou também seu mais novo projeto voltado à sustentabilidade, este desenvolvido junto à Volkswagen/Man e à Ambev. Trata-se de um caminhão Constellation 24280 movido a etanol, que ficou pronto no final de março e cuja operação em testes estava prevista para começar ainda em abril, no centro do Rio de Janeiro. O veículo é trucado, voltado para a distribuição urbana, e tem capacidade para dez paletes de bebidas.
“Estamos muito gratificados por termos sido escolhidos para este projeto, o que se deu muito pelo relacionamento que já mantemos com a Ambev. Percebemos que os fatores nível de serviço, gestão e segurança nas informações foram fundamentais para que a Coopercarga entrasse no projeto, além da visão de sustentabilidade que compartilhamos”, afirma Roman, contando que o veículo é dotado com dispositivos para a captação de dados da operação.
Ele informa que o caminhão deverá rodar por seis meses, período em que passará por todas as análises, extraindo dele todos os dados para validação do projeto. “Este é mais um motivo de orgulho para nós, porque o veículo necessita de um operador que saiba conduzi-lo de forma adequada, para que sejam obtidas todas as informações relevantes”.
Segundo ele, a expectativa é gerar uma redução de 20% de emissões de CO2 e de 10% de economia operacional com o uso do GNV, números que podem até ser superados. Outra vantagem deste caminhão é a emissão reduzida de ruídos, o que contribui para o entorno e para o conforto do motorista. “Num projeto como este, todos os componentes da sustentabilidade devem ser observados: o ambiental, o social e o econômicio também. Por isso o desempenho operacional é importante”.
Assim como o projeto do caminhão a etanol, o do GNV também deverá ser ampliado depois da fase de testes, a depender dos resultados. “Existe o interesse total das partes envolvidas. Acreditamos que este projeto tenha boa velocidade porque contempla todos os fatores da sustentabilidade. Com a vantagem de que o GNV não é especial e o caminhão pode ser abastecido em qualquer posto que ofereça o combustível”, ressalta o executivo.
A Coopergarga possui hoje uma frota de cerca de 1.900 veículos, que deve ganhar mais 400 unidades este ano, de acordo com Roman. No ano passado, e empresa faturou R$ 746 milhões, 22% a mais em relação a 2012. Para 2014, ela projeta crescer 15% e está otimista com o desempenho dos primeiros meses do ano. “Nosso crescimento ocorre muito no orgânico, porque nosso nível de serviço e capacidade de investimento dão segurança aos clientes para nos ofertarem mais volumes dentro do negócio deles. Além disso, a Copa do Mundo aquece dois segmentos em que atuamos fortemente: alimentos e bebidas e bens de consumo. Por isso apostamos em muito mais negócios nos clientes que já temos”.