
A nova edição da Pesquisa CNT de Opinião indica que o ambiente político, econômico e social percebido pela população pode alterar os rumos do transporte e da logística no país. O levantamento revela como os brasileiros avaliam governo, economia, segurança pública, Congresso Nacional, eleições de 2026, crime organizado, mudanças climáticas e instituições — fatores diretamente relacionados à formulação de políticas, aprovação de leis, disponibilidade orçamentária, investimentos em infraestrutura e funcionamento das cadeias logísticas. A pesquisa foi realizada com 2.002 entrevistados em todas as regiões brasileiras, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Os dados chegam em um momento em que o país discute a modernização de rodovias, ferrovias, portos, hidrovias, aeroportos, transporte urbano e logística verde. Empresas transportadoras, operadores logísticos, concessionárias, embarcadores e investidores monitoram a percepção pública porque ela influencia prioridades de governo, estabilidade regulatória, políticas de segurança, incentivos fiscais, ambiente de negócios, gestão de crises climáticas e financiamento de grandes obras.
A pesquisa mostra que 34% avaliam o governo federal como positivo e 36% como negativo, enquanto a aprovação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de 48% e a desaprovação de 49%. Esses índices compõem o cenário institucional no qual decisões sobre concessões rodoviárias, ampliação ferroviária, investimentos portuários, descarbonização do transporte e integração logística são negociadas. Em períodos de avaliação equilibrada, governos tendem a intensificar entregas públicas; em momentos de desgaste, é comum que projetos estruturantes sejam adiados.
O estudo também registra tendências eleitorais que podem impactar o planejamento logístico. Em um dos cenários da corrida presidencial de 2026, Lula aparece com 39% das intenções de voto e Jair Bolsonaro com 27%. Outros cenários incluem nomes como Tarcísio de Freitas, Ratinho Jr. e Romeu Zema. Além disso, 33% preferem um candidato que não esteja vinculado a Lula nem a Bolsonaro, o que indica possível descontinuidade de políticas. Para o setor de logística, mudanças de governo podem alterar concessões, marcos regulatórios, diretrizes ambientais, privatizações e distribuição de recursos federais destinados à infraestrutura.
Outro eixo de influência é a segurança pública. A pesquisa mostra que parte da população considera que o Estado terá dificuldade em retomar o controle de áreas dominadas por organizações criminosas. O tema é relevante para transportadoras, armazéns, terminais portuários, centros de distribuição e empresas de comércio eletrônico, já que roubos de carga, bloqueios territoriais e fraudes afetam rotas, seguros, custos operacionais e decisões de expansão. O apoio de 76% dos entrevistados ao Projeto de Lei Antifacção pode acelerar políticas nacionais de enfrentamento, com reflexos diretos no setor.
A percepção sobre o Congresso Nacional também faz parte da análise. Apenas 17% avaliam positivamente a atuação parlamentar e 37% avaliam negativamente. O baixo nível de confiança dificulta o avanço de agendas regulatórias que interessam ao transporte, como revisão tributária do diesel, políticas de incentivo ferroviário, regulamentação de combustíveis sustentáveis, atualização de normas trabalhistas para motoristas, regras de cabotagem e licenciamento ambiental de obras logísticas. A pesquisa sugere que parlamentares podem enfrentar resistência social para aprovar medidas impopulares, mesmo que necessárias para o setor.
No campo econômico, o levantamento registra expectativas de melhora no emprego e na renda nos próximos meses, o que tende a ampliar produção, consumo, distribuição e circulação de cargas. O crescimento da demanda pressiona a capacidade logística, exige expansão de frota, armazenamento, malha de transportes e digitalização das operações. Porém, o cenário ocorre em contexto de juros altos e inflação persistente, que encarecem crédito, combustíveis, manutenção, seguros e investimentos em equipamentos.

As percepções sobre mudanças climáticas também compõem a pesquisa. Os entrevistados reconhecem o aumento de eventos extremos, como enchentes, secas e deslizamentos. Para o setor logístico, essa percepção fortalece a exigência por infraestrutura resiliente, revisão de mapas de risco, planos de contingência, integração modal e políticas de transporte de baixa emissão. A realização da COP30 no Brasil reforça o debate sobre transição energética, metas climáticas, carbono no frete, combustíveis alternativos, eletrificação de frotas e incentivos a hidrovias e ferrovias.
O levantamento também aborda confiança institucional. Corpo de Bombeiros, Forças Armadas e igrejas apresentam maior credibilidade pública, enquanto partidos políticos, Congresso e imprensa registram maior desconfiança. Para a logística, esses dados indicam quais instituições tendem a liderar, apoiar ou dificultar agendas públicas ligadas à infraestrutura. Investidores observam segurança jurídica, estabilidade regulatória e previsibilidade como fatores determinantes para aportes em concessões e parcerias público-privadas.
A pesquisa ainda mostra que parte expressiva dos entrevistados desconhece ações governamentais relacionadas ao crime organizado, logística de fronteiras, fiscalização viária e controle territorial. A ausência de percepção pública sobre essas iniciativas pode pressionar autoridades a reforçar comunicação, operações policiais, monitoramento de rotas e integração entre estados. O tema é crítico para transporte internacional, logística agrícola, comércio exterior, portos e circulação de cargas estratégicas.
O comportamento eleitoral para o Congresso Nacional também foi investigado. Um número significativo de eleitores pretende escolher novos representantes em 2026, sinalizando possível renovação legislativa. Mudanças no perfil parlamentar podem alterar prioridade de projetos estruturais ligados a rodovias federais, obras ferroviárias, licitações portuárias, financiamento público, reformas regulatórias e incentivos tributários ao setor produtivo.
A segmentação regional da pesquisa ajuda a identificar percepções diferentes entre Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Para empresas de logística, esse recorte orienta planejamento de expansão, abertura de centros de distribuição, investimentos em tecnologia, definição de rotas e estratégias comerciais. A percepção pública sobre economia, segurança, infraestrutura e meio ambiente interfere no ritmo de industrialização, consumo interno e movimentação de cargas.

O setor acompanha também a relação entre opinião pública e políticas de incentivo à mobilidade urbana, transporte público, integração metropolitana, projetos de metrô, corredores de ônibus e regulação de aplicativos. Embora o tema não seja central no levantamento, ele se conecta ao funcionamento da cadeia logística urbana, responsável por abastecimento de supermercados, comércio eletrônico, farmácias e redes de varejo.
Nos bastidores, pesquisas de opinião como a da CNT são utilizadas por governos, bancos, investidores, concessionárias, operadores logísticos e indústrias para modelar cenários de longo prazo. Quando a população demonstra expectativas de crescimento econômico, empresas tendem a ampliar investimentos. Quando a percepção é de instabilidade, projetos são adiados, renegociados ou redimensionados. A opinião pública, portanto, funciona como indicador estratégico.
A pesquisa revela também como a população percebe riscos, prioridades nacionais, expectativas de futuro e preferências políticas. Esses elementos moldam decisões governamentais que impactam diretamente a logística — da escolha de ministros ao orçamento federal, passando por distribuição de recursos entre setores concorrentes como saúde, educação, infraestrutura, segurança e meio ambiente.
No conjunto, o estudo mostra que a logística brasileira opera em ambiente marcado por pressões eleitorais, expectativas econômicas moderadas, preocupações ambientais crescentes, baixa confiança institucional e debate permanente sobre segurança pública. A combinação dessas percepções determinará como governos, empresas e investidores conduzirão projetos de infraestrutura, transporte e integração produtiva nos próximos anos.
A próxima rodada da Pesquisa CNT de Opinião deverá indicar se o quadro permanece estável ou se haverá mudanças próximas às eleições de 2026.