O baixo volume de chuvas no Acre em 2025 reduziu drasticamente a navegabilidade dos principais rios do estado, provocando mudanças nas operações de transporte e no fornecimento de água. O nível do Rio Acre está abaixo de 2 metros há mais de três meses consecutivos, o que afeta diretamente o deslocamento de cargas e dificulta o acesso de comunidades ribeirinhas.
Dados oficiais indicam que em julho, na capital Rio Branco, foram registrados apenas 8 milímetros de precipitação. O índice representa um dos menores volumes já observados para o período e evidencia a persistência da estiagem que se prolonga desde o início do ano.
Em 6 de agosto, o governo estadual e a prefeitura da capital publicaram decretos de emergência válidos por 180 dias. Os documentos apontam que a redução no regime de chuvas do primeiro semestre comprometeu a manutenção do volume de água nos rios.
A situação levou ao racionamento em sistemas de abastecimento, ao envio de caminhões-pipa para bairros urbanos e áreas rurais e ao aumento dos custos de distribuição. Empresas que atuam na logística regional relatam necessidade de redirecionar cargas para estradas, onde os custos são mais elevados e há risco de interrupções sazonais.
No dia 18 de agosto, o governo federal reconheceu a situação de emergência em 21 municípios acreanos. A inclusão de Rio Branco foi oficializada posteriormente, no Diário Oficial da União de 28 de agosto. A homologação viabiliza repasses financeiros e contratação de serviços emergenciais.
O Ministério da Integração e a Agência Nacional de Águas (ANA) também classificaram a escassez hídrica como crítica nos rios Acre, Purus, Juruá e Iaco, com vigência até 31 de outubro. O parecer técnico orienta gestores públicos a intensificar medidas de contingência e reforçar planos emergenciais de transporte.
Além do abastecimento de água, a estiagem afeta cadeias produtivas. O transporte de combustíveis, alimentos e insumos agrícolas sofre atrasos, enquanto o encarecimento do frete pressiona a economia local. No setor da construção civil, empresas relatam dificuldade no recebimento de materiais, e agricultores enfrentam obstáculos para escoar a produção até centros de consumo.
Com a redução prolongada da vazão dos rios, especialistas avaliam que a logística no Acre permanecerá sob pressão nos próximos meses. A adaptação de rotas rodoviárias e a dependência de apoio federal são apontadas como medidas imediatas para garantir o fornecimento de bens essenciais e mitigar os efeitos econômicos da seca.