A integração entre modais portuário, hidroviário, rodoviário e ferroviário é considerada pelos operadores como condição essencial para o desenvolvimento da infraestrutura de transporte na região Sul, área estratégica para a logística brasileira. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que a sinergia entre diferentes modais permitiria reduzir custos, ampliar a capacidade de carga e mitigar impactos ambientais.
Segundo Rodrigo Cuesta, diretor financeiro e de novos negócios da Norsul, os gargalos atuais da infraestrutura portuária limitam o potencial da região. Ele defende investimentos em dragagens, expansões de terminais e sistemas mais eficientes, aliados a um plano coordenado que alinhe capacidade física, tecnologia e eficiência operacional.
Entre as intervenções em andamento está a duplicação da BR-280, ligação do noroeste catarinense ao Porto de São Francisco do Sul, projeto em análise desde 2012. A necessidade de uma nova faixa de 1,4 km no acesso ao porto levou a administração a assumir o custo de R$ 12,5 milhões da obra.
Na mesma área, uma parceria público-privada envolvendo operadoras, o Estado e o Porto Itapoá prevê R$ 324 milhões em investimentos para aprofundamento e alargamento do canal externo da baía da Babitonga. A expectativa é que a profundidade aumente de 14 para 16 metros e a largura para 260 metros. A meta é dobrar até 2035 a movimentação de cargas, que em 2024 foi de 17 milhões de toneladas.
No Paraná, a Portos do Paraná destina R$ 600 milhões à construção do Moegão, sistema ferroviário para descarga de grãos em Paranaguá. O projeto prevê três linhas independentes capazes de descarregar 180 vagões a cada quatro horas, conectados a 11 terminais por correias transportadoras. A expectativa é reduzir os cruzamentos ferroviários urbanos de 16 para 5. Além disso, está previsto leilão em outubro para concessão do canal de acesso ao porto, com ampliação do calado de 13,1 para 15,5 metros. De acordo com a administração, cada dois metros de calado adicional podem representar mil contêineres ou 14 mil toneladas a mais por embarcação.
No Rio Grande do Sul, a Portos RS reforça a necessidade de integração ferroviária e rodoviária. O presidente da estatal, Cristiano Klinger, destaca a BR-392, que conecta Santa Maria a Rio Grande e ainda possui trechos não duplicados, aumentando riscos e atrasos logísticos. A empresa também investe R$ 731 milhões, provenientes do Fundo do Plano Rio Grande, para recuperar canais de navegação interior e restabelecer o calado do Porto de Rio Grande a 15 metros, após os impactos das enchentes de 2024. A expectativa é superar, em 2025, a movimentação de 45 milhões de toneladas registrada no ano anterior.
As hidrovias do estado também apresentam desafios. A Hidrovia do Mercosul, formada pela lagoa dos Patos e rio Jacuí, enfrenta assoreamento de canais, presença de pedrais e necessidade de dragagem e manutenção, fatores que comprometem a navegabilidade e afetam o transporte de grãos e produtos florestais.