
A circulação de cargas entre as regiões Norte e Nordeste do país foi restabelecida nesta segunda-feira, 22 de dezembro, com a liberação ao tráfego da nova Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na BR-226, sobre o Rio Tocantins. A obra recompõe a ligação rodoviária entre os municípios de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, interrompida desde o colapso da antiga estrutura, ocorrido em dezembro do ano passado, e devolve capacidade operacional a um dos principais eixos de transporte de grãos do país.
A ponte integra um corredor federal utilizado para o deslocamento de insumos, produtos agrícolas e mercadorias industriais, com impacto direto sobre a logística do Matopiba, região que concentra parte relevante da produção nacional de grãos e depende da BR-226 para acessar centros consumidores, terminais ferroviários e portos. Durante o período de interdição, o transporte rodoviário foi desviado para rotas alternativas e para travessias por balsas, o que alterou prazos, volumes e custos de operação.
Com a entrega da nova estrutura, o tráfego volta a fluir de forma contínua entre os dois estados. Antes da liberação da ponte, a travessia do rio era realizada por balsas disponibilizadas pelo Governo Federal, que atendiam diariamente motocicletas, veículos leves e caminhões. A retomada da ligação fixa elimina a necessidade desse sistema provisório e restabelece a previsibilidade logística para transportadores e embarcadores que operam na região.
A obra recebeu investimento de R$ 171,97 milhões do Governo do Brasil e foi executada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A nova ponte possui 630 metros de extensão e 19 metros de largura e foi projetada para permitir futura duplicação da rodovia. Durante a execução, cerca de 500 trabalhadores atuaram em regime contínuo para atender ao cronograma estabelecido após a declaração de situação de emergência.

A ligação rodoviária atende diretamente à população de Estreito, município com cerca de 34 mil habitantes, e de Aguiarnópolis, com aproximadamente 4,5 mil moradores. Para esses municípios, a travessia é utilizada diariamente para deslocamentos relacionados a trabalho, estudo, acesso a serviços públicos e atividades comerciais. Com a normalização do tráfego, o fluxo entre as duas margens do rio volta a ocorrer sem interrupções.
Além do impacto local, a reativação da ponte tem efeito direto sobre a logística agrícola. O Matopiba responde por cerca de 19% da produção nacional de soja, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária. Entre as safras 2013/2014 e 2022/2023, a produção de grãos da região passou de 18 milhões para 35 milhões de toneladas. A BR-226 é uma das principais rotas utilizadas para o escoamento dessa produção, conectando áreas produtoras a outros corredores rodoviários e a infraestruturas de transporte multimodal.
A construção da nova ponte utilizou o método de balanço sucessivo, empregado em obras de grandes vãos onde não é possível o uso de escoramentos convencionais apoiados no solo. A técnica consiste na execução da estrutura em segmentos que avançam a partir de pilares centrais. No total, foram executadas 26 fundações e pilares, instaladas 2.088 pré-lajes e utilizadas 45 vigas pré-moldadas. O método permitiu a execução simultânea de etapas e a redução do prazo de entrega.
O colapso da antiga Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira ocorreu em 22 de dezembro de 2024. No dia seguinte, o DNIT formalizou a situação de emergência para viabilizar a contratação da empresa responsável pelo projeto e pela execução da nova estrutura. A contratação emergencial foi concluída em 31 de dezembro de 2024, nove dias após o acidente, possibilitando o início imediato dos projetos de engenharia e da preparação do canteiro de obras.
Em cerca de dez meses de execução, o empreendimento atingiu 90% de conclusão, permitindo que a liberação ao tráfego ocorresse exatamente um ano após o colapso. Durante o período de obras, o Governo Federal manteve quatro balsas em operação gratuita — duas destinadas a veículos leves e duas a veículos de carga — para assegurar a travessia do Rio Tocantins e reduzir os impactos da interrupção da rodovia.
Como medida complementar, foram realizadas intervenções em rodovias estaduais nos dois estados para garantir rotas alternativas ao transporte de pessoas e mercadorias. No Tocantins, quase 393 quilômetros de estradas foram recuperados, incluindo trechos urbanos e rodoviários. No Maranhão, as obras abrangeram 21 quilômetros de vias próximas à BR-010. Essas ações mantiveram a circulação regional enquanto a ligação principal permanecia interrompida.
A inauguração da nova ponte também incluiu a instalação de memoriais nas cabeceiras da travessia, em referência às vítimas do colapso da estrutura anterior. Com a liberação da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, o corredor da BR-226 volta a operar plenamente, restabelecendo um fluxo estratégico para a logística nacional e para a movimentação econômica entre Maranhão, Tocantins e estados vizinhos.