
O transporte rodoviário de cargas representa 90% das emissões relacionadas aos transportes, setor responsável por 11% das emissões de CO2 do Brasil. Para auxiliar no monitoramento e redução e emissões, a Simple Carbon lançou a primeira plataforma de medição de emissões de gases de efeito estufa específica para o transporte rodoviário de cargas. Apresentada ao público durante a COP30 em Belém (PA), a solução foi reconhecida pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que destacou o case na Estação do Desenvolvimento da COP como referência nacional para o setor.
Como funciona
Desenvolvida no Brasil, a plataforma tem foco em automação, rastreabilidade e conformidade, e promete ser uma solução com implementação imediata, aproveitando dados já existentes. Voltada a empresas de todos os portes, a plataforma conecta-se aos documentos fiscais eletrônicos obrigatórios da contratante e de seus parceiros logísticos e interpreta parâmetros técnicos das operações utilizando metodologias reconhecidas pelo GHG Protocol e pelo IPCC.
Para a empresa, a plataforma transforma dados fiscais obrigatórios em inteligência operacional, permitindo que embarcadores e transportadoras tenham visibilidade placa a placa de cada veículo, rota, modal e distância percorrida, dispensando planilhas e cálculos manuais. A solução oferece um inventário contínuo de emissões, rotas ociosas, perfil da frota e ranking de desempenho de transportadores terceirizadas. Com isso, gargalos logísticos se tornam visíveis, rotas de alto custo são identificadas e é possível comparar prestadores de serviço com base em desempenho real.
Além dessas ferramentas de visibilidade, a plataforma também oferece visão cliente-embarcador e relatórios de ESG e compliance, facilitando a visão geral do desempenho de sustentabilidade entre diversos stakeholders.
Cenário brasileiro
O transporte rodoviário é responsável por mais de 60% da movimentação de cargas no Brasil, mas o setor carece de eficiência operacional e inteligência de dados para apoiar a tomada de decisões. De acordo com o panorama provido pela Simple Carbon, a maioria das empresas relata não conseguir calcular ou reportar seus indicadores ESG de forma confiável. A ausência de dados padronizados e transparência sobre a eficiência das operações é predominante em todo o setor, e muitas empresas ainda não atendem às exigências da Lei 15.042 que regula o mercado de carbono.
A Lei 15.042 criou o SBCE – Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, que estabelece um ambiente regulado para monitorar, reportar, reduzir e compensar emissões de GEE no país. Com isso, as empresas passam a ser enquadradas em dois níveis:
1. Empresas que emitem acima de 10 mil tCO₂e/ano – equivalente a cerca de 100 caminhões em operação – precisam monitorar e reportar suas emissões e remoções anuais.
2. Empresas que emitem acima de 25 mil tCO₂e/ano – equivalente a cerca de 250 caminhões em operação – precisam reportar reduções, compensações e cumprir metas obrigatórias de mitigação.
O não cumprimento das regras pode implicar punições severas, incluindo multas de até R$ 5 milhões ou 3% do faturamento bruto da empresa; embargo das atividades; perda de benefícios fiscais e linhas de financiamento; proibição de contratar com a administração pública por até 3 anos; e cancelamento de registro.
Além de acompanhar as diretrizes do Mercado Brasileiro de Carbono e do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), a plataforma integra os parâmetros da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O objetivo é oferecer segurança técnica e regulatória para as empresas que precisam alinhar suas operações às exigências ambientais e contratuais.
De acordo com a Simple Carbon, além da conformidade legal, a iniciativa tem benefícios para todas as partes interessadas: as transportadoras ganham atendimento legal, credibilidade em relatórios ESG, transparência e diferencial competitivo em negociações; o mercado agora contam com padronização do cálculo de emissões, suprindo uma lacuna do setor; e a sociedade ganha uma logística mais eficiente e menos poluente.