A Mercedes-Benz estima que o Brasil assumirá, até o fim de 2025, a liderança global em vendas de caminhões da marca, ultrapassando a Alemanha, atual maior mercado da empresa. A previsão considera uma alta entre 15% e 20% nas vendas no país em relação a 2024, mesmo diante de um cenário interno marcado por juros elevados e queda nas vendas de veículos extrapesados.
Segundo a companhia, o Brasil já ocupou a primeira posição em vendas em 2020 e 2022. No primeiro semestre de 2025, os emplacamentos da marca cresceram 13%, o que garantiu à Mercedes-Benz 25% de participação de mercado. A expectativa é que o segundo semestre, historicamente mais aquecido, impulsione ainda mais os resultados.
O desempenho brasileiro contrasta com a desaceleração observada no mercado europeu. De acordo com Jefferson Ferrarez, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, fatores como inflação, conflitos geopolíticos e instabilidade política têm reduzido os investimentos na Europa, enquanto a demanda brasileira permanece estável.
O segmento de caminhões pesados e extrapesados é apontado como principal vetor de crescimento. Em 2024, esse nicho cresceu acima da média e atualmente representa 45% do mercado total, estimado em mais de 100 mil unidades.
A avaliação da empresa também considera a atuação de novos concorrentes no mercado europeu. “Há uma crescente presença de fabricantes chineses na região. Isso fortalece o desempenho do Brasil, onde a procura segue estável”, afirmou Ferrarez.
Achim Puchert, CEO global da Mercedes-Benz Trucks, destacou o peso do mercado brasileiro na estratégia internacional da montadora. Ele citou a estrutura econômica do país e o potencial de crescimento como elementos que consolidam o Brasil como uma das principais bases operacionais da marca fora da Europa.
Impactos de medidas comerciais nos EUA
Apesar das projeções positivas, a empresa monitora possíveis impactos da medida anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que prevê uma tarifa de 50% sobre produtos agrícolas importados, como café e suco de laranja, a partir de 1º de agosto. A taxação, caso confirmada, poderá afetar diretamente o agronegócio brasileiro, setor que influencia a demanda por caminhões, especialmente os extrapesados.
Segundo Ferrarez, a Mercedes-Benz trabalha com três cenários possíveis para avaliar os desdobramentos da medida norte-americana, mas ressalta que ainda é cedo para estimar o impacto com precisão. A volatilidade do ambiente político e econômico é apontada como obstáculo para projeções mais claras. “Por precaução, seguimos operando como se nada mudasse, justamente porque muitas decisões são revistas ou revertidas rapidamente”, disse o executivo.
A empresa reconhece que a eventual perda de competitividade das exportações agrícolas brasileiras poderá afetar o volume de cargas transportadas internamente, reduzindo a demanda por novos veículos pesados. Ainda assim, a montadora mantém sua projeção de crescimento no Brasil para 2025.