O governo do Acre apresentou na Rússia a Rota Quadrante Rondon, corredor logístico que conecta o Brasil ao Pacífico pelo território acreano, com o objetivo de atrair indústrias de fertilizantes ao estado. A iniciativa integrou agendas institucionais realizadas entre 18 e 22 de novembro, em Moscou, após convite da Câmara Brasil–Rússia de Comércio, Indústria e Turismo.
A missão reuniu representantes designados pela Casa Civil, pelo governador Gladson Cameli e pela vice-governadora Mailza Assis. O foco das reuniões foi ampliar o diálogo bilateral, buscar investimentos e divulgar o novo posicionamento logístico do Acre diante dos projetos de integração com o Pacífico, incluindo estudos relacionados à ferrovia bioceânica.
O estado apresentou aos interlocutores russos o corredor terrestre que parte do Acre em direção aos portos peruanos, destacando a recente entrada em operação do Porto de Chancay, no Peru, conectado a mercados asiáticos. Segundo o governo do Acre, a estrutura pode reduzir o tempo de envio de cargas brasileiras à Ásia em até 17 dias em comparação às rotas atuais, criando novas alternativas para exportação e importação.
A comitiva também destacou a infraestrutura rodoviária já disponível no estado e a implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em Senador Guiomard, área alfandegada que oferece incentivos voltados a empresas exportadoras. O governo avalia que a combinação entre a ZPE e a rota até o Oceano Pacífico pode estimular a instalação de indústrias, com foco no setor de fertilizantes.
A justificativa apresentada é baseada no perfil produtivo da região. Acre, Rondônia e Mato Grosso somam mais de 15 milhões de hectares plantados e dependem de fertilizantes importados. A Rússia responde por cerca de 50% dos insumos adquiridos pelo Brasil, o equivalente a mais de US$ 5 bilhões anuais. A administração estadual busca atrair fabricantes interessados em atender esse mercado a partir de plantas industriais instaladas no Acre.
Durante os encontros, representantes do governo apresentaram informações sobre logística, produção agropecuária, consumo regional e possíveis vantagens operacionais relacionadas à proximidade com Peru, Bolívia, Amazônia Ocidental e Centro-Oeste brasileiro. Segundo a Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), mais de 35 milhões de pessoas vivem em um raio de 1.000 quilômetros da ZPE, configurando potencial mercado consumidor.
O governo também incluiu nas agendas a divulgação da carteira exportadora acreana, formada por produtos como carne bovina, carne suína, madeira, castanha, soja e milho. O objetivo foi abrir conversas comerciais para venda direta e levantar interesse na instalação de unidades industriais vinculadas a esses segmentos.
As apresentações foram realizadas para representantes da Rússia Business, União dos Fabricantes de Fertilizantes Orgânicos da Rússia, Embaixada do Brasil em Moscou, Câmara Cívica da Federação Russa, Organização de Cooperação Eurasiática e Comissão de Interesses Internacionais do Parlamento Russo. Segundo o governo estadual, novas reuniões devem ocorrer para avanço das negociações e definição de possíveis investimentos.
