A Toyota Industries Corporation (TICO) anunciou investimento de R$ 101 milhões no País para a construção de sua primeira fábrica brasileira de empilhadeiras, na cidade de Artur Nogueira, região de Campinas (SP). A unidade tem início de produção previsto para outubro de 2013, atingindo já em 2014 sua capacidade máxima instalada, de cinco mil unidades anuais. Com a produção local, voltada inteiramente ao atendimento do mercado interno, a empresa espera enfrentar melhor a crescente concorrência e ampliar sua participação para 30% no mercado até 2014, com sete mil unidades vendidas, contando as máquinas de fabricação nacional e as importadas. Em 2011, a empresa vendeu quatro mil empilhadeiras no Brasil.
A fábrica de Artur Nogueira terá cerca de 31.000 m2, num terreno de 93.000 m2 e empregará aproximadamente 120 pessoas. Inicialmente, a planta produzirá apenas os modelos da Série 8 da Toyota, empilhadeiras a combustão com capacidades de 1,8 a 3 toneladas. “Essas máquinas representam 80% das vendas da Toyota no Brasil e é a faixa onde somos líderes de mercado, com participação de 25% em 2011. Mais tarde, poderemos ampliar a gama de modelos produzidos pela fábrica brasileira, inclusive os elétricos, conforme a evolução do mercado. É difícil iniciar a produção de muitos modelos de uma só vez. Preferimos ir passo a passo”, afirma Hiroyuki Ogata, presidente da Toyota Material Handling Mercosul (TMHM), responsável pela importação e distribuição no País – além da Toyota – das máquinas da americana Raymond e da sueca BT. A nova fábrica será criada como uma divisão industrial da TMHM. Ogata garante que toda a gama hoje oferecida continuará disponível para os consumidores brasileiros.
Segundo o executivo, uma das principais vantagens da produção interna é a possibilidade de atingir o índice de nacionalização de 60% nas máquinas, permitindo sua aquisição pelo Finame do BNDES. “Calculamos que a metade das empilhadeiras vendidas no Brasil seja através de financiamentos deste tipo, e oferecer aos nossos clientes mais essa possibilidade certamente ampliará nossa participação, principalmente entre os pequenos e médios, que dependem de crédito para adquirir as empilhadeiras”, ressalta o presidente. Outras vantagens da produção interna apontadas por ele são a redução do tempo de entrega e do preço final das máquinas.
A empresa não precisará atrair seus fornecedores internacionais para o Brasil, pois existem fabricantes locais preparados, e importará apenas os componentes mais sofisticados, como motor e transmissão. “Tudo irá depender dos fornecedores locais. Já estamos em negociação, analisando capacidades, preços e também a qualidade desses parceiros. Queremos manter, nos produtos feitos aqui, a mesma qualidade e tecnologia daqueles que importamos hoje, e pretendemos adotar o mesmo modelo de produção que empregamos no Japão e outros lugares onde fabricamos nossos produtos”, afirma Ogata.
Segundo o presidente da TMHM, o Japão está vendo o Brasil como um mercado importante e em crescimento, e esta fábrica é prova disso. “Mas mesmo assim, devemos ser cautelosos em fazer negócios aqui, porque as condições mudam muito. O Governo acaba de anunciar o Plano Brasil Maior, de desoneração da indústria brasileira para aumentar a competitividade e equilibrar a balança comercial. Isto é bom para quem produz. Mas nunca há garantias de continuidade”, ressaltou. “De qualquer forma – e isso vale para o mundo todo – quem quer ter sucesso em um mercado tem de ter produção local”.
Localização
A região de Campinas foi escolhida por estar próxima tanto do mercado consumidor quanto do parque de fornecedores, e também pela excelente qualidade de sua mão de obra. “Além disso, a municipalidade de Artur Nogueira foi muito receptiva aos planos da Toyota, tanto em termos de benefícios fiscais quanto em facilidade para aquisição do terreno”, diz o executivo, informando que existem outras empresas japonesas no município e elas foram consultadas antes da decisão final.
“Claro que os incentivos do município são importantes, mas apenas isso não seria suficiente para uma tomada de decisão tão importante. A cidade também está servida por uma boa estrutura de transportes, com larga malha viária, fácil acesso ao Porto de Santos e próxima ao Aeroporto Internacional de Viracopos. Os incentivos são de curto prazo, mas a infra-estrutura é para sempre”, reforça o presidente.
Além da nova fábrica, a empresa está expandindo sua rede de filiais e aumentando seu quadro de funcionários, hoje composto por 322 pessoas. A TMHM prepara ainda, para o próximo mês de junho, a mudança de sua sede atual da cidade de São Paulo para Diadema, com 5.000 m2 de área, que abrigará um centro de treinamento para a equipe interna, estoque de peças, oficinas maiores para serviços de revisão e consertos e um local para demonstração das máquinas, que possibilitará aos clientes fazer um test drive das empilhadeiras.