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Gargalos em portos da Europa afetam logística global e pressionam fretes

Relatório aponta atrasos crescentes em terminais estratégicos e reforça impacto das tensões comerciais entre EUA, China e União Europeia
Por Redacción el 30 de mayo de 2025 a las 10h26
Gargalos em portos da Europa afetam logística global e pressionam fretes
Foto: Reprodução/Freepik
Foto: Reproducción/Freepik

O congestionamento nos principais portos do norte da Europa tem se intensificado nas últimas semanas, com impactos diretos no planejamento logístico global e no custo do transporte marítimo. Segundo relatório divulgado em 23 de maio pela consultoria britânica Drewry, os tempos de espera para atracação aumentaram de forma significativa em terminais como Bremerhaven (Alemanha), Antuérpia (Bélgica) e Hamburgo (Alemanha), afetando também os portos de Roterdã (Holanda) e Felixstowe (Reino Unido).

Entre o fim de março e meados de maio, o tempo de espera em Bremerhaven cresceu 77%, enquanto Antuérpia registrou aumento de 37% e Hamburgo, 49%. A Drewry aponta dois fatores principais para a situação: escassez de mão de obra e baixos níveis de água no rio Reno, que comprometem o tráfego de barcaças entre os portos e o interior europeu.

Além dos fatores logísticos regionais, o relatório destaca que as tensões comerciais entre Estados Unidos e China estão impulsionando uma demanda atípica por transporte marítimo, com impacto direto nos fluxos entre Ásia, Europa e América do Norte. A suspensão temporária de tarifas de 145% sobre produtos chineses, determinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, motivou um aumento antecipado de embarques entre as duas maiores economias do mundo.

A Drewry indica que os atrasos nos portos estão alongando os tempos de trânsito, dificultando o planejamento de estoques e levando empresas a recorrerem à formação de estoques adicionais. O comércio transpacífico no sentido leste já apresenta indícios de alta temporada antecipada, impulsionado por uma trégua tarifária de 90 dias entre EUA e China, com vencimento previsto para 14 de agosto.

Sinais semelhantes têm sido observados em Shenzhen (China), Los Angeles e Nova York (EUA), onde o número de navios porta-contêineres aguardando atracação vem crescendo desde o final de abril. Executivos do setor indicam que a normalização da situação nos portos europeus poderá levar entre seis e oito semanas.

Apesar do aumento da movimentação, o economista-chefe da Apollo Management, Torsten Slok, avalia que a trégua tarifária ainda não se refletiu em um crescimento expressivo no número de embarques no Pacífico. A análise sugere incerteza por parte das empresas americanas, que aguardam possível redução adicional nas tarifas antes de intensificar os pedidos.

A instabilidade nas políticas comerciais tem dificultado o planejamento de importadores e exportadores, contribuindo para oscilações fora de época na demanda e elevação de custos operacionais. A ameaça feita por Trump de impor tarifas de 50% sobre importações da União Europeia a partir de 1º de junho adicionou nova camada de incerteza ao cenário. Após conversa com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o prazo foi adiado para 9 de julho.

A consultoria norueguesa Xeneta projeta que, até essa data, o fluxo de cargas no eixo transatlântico deve aumentar, impulsionado pela tentativa de antecipar embarques antes da possível vigência das tarifas. A Oxford Economics destaca que países como Alemanha, Irlanda, Itália, Bélgica e Holanda são os mais vulneráveis, dada a proporção de suas exportações aos EUA em relação ao PIB.

Estudos da Bloomberg Economics indicam que tarifas adicionais de 50% poderiam reduzir para quase zero as exportações da União Europeia para os EUA de produtos abrangidos por medidas recíprocas, resultando em corte de mais da metade das exportações totais europeias ao mercado americano.

O setor de transporte marítimo enfrenta também pressões geopolíticas em outras rotas. Desde o fim de 2023, navios de carga continuam evitando o Mar Vermelho devido a ataques realizados por rebeldes houthis do Iêmen. Como alternativa, embarcações têm contornado o sul da África para conectar Ásia, Europa e EUA, o que prolonga os tempos de viagem e eleva os custos operacionais.

A Hapag-Lloyd, operadora baseada em Hamburgo, afirmou em seminário online que a retomada do tráfego pelo Canal de Suez dependerá de condições de segurança e deverá ser feita de maneira gradual para evitar colapsos logísticos nos portos.

A MSC Mediterranean Shipping Co., maior empresa de transporte de contêineres do mundo, anunciou aumentos gerais de tarifas e sobretaxas sazonais para embarques com origem na Ásia a partir de junho. A expectativa é de que os preços no mercado à vista do frete marítimo continuem em alta nas próximas semanas.

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