
A LATAM Cargo Brasil instalou um sistema de sorterização automática no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e ampliou a capacidade de processamento diário para até 72 mil pacotes. O equipamento, o primeiro do tipo dentro da holding LATAM, marca a principal expansão logística recente da companhia e integra um conjunto de R$ 10 milhões em investimentos em automação e infraestrutura realizados nos últimos três anos no principal hub doméstico da empresa.
Segundo a companhia, o novo sorter acelera a triagem de volumes e fornece dados de peso e cubagem em tempo real, com classificação automatizada por destino e até 24 saídas de roteamento. A tecnologia é capaz de processar cerca de 3 mil pacotes por hora e está integrada aos sistemas operacionais de carga da LATAM. De acordo com Otávio Meneguette, diretor da LATAM Cargo Brasil, “os investimentos realizados refletem a nossa evolução em inovação e automação, oferecendo soluções logísticas cada vez mais ágeis, precisas e confiáveis aos nossos clientes”.
A expansão ocorre em um momento de forte crescimento das encomendas domésticas. Nos últimos anos, o fluxo de consumo via comércio eletrônico reorganizou o perfil da carga transportada no país. No cenário doméstico, o transporte aéreo passou a integrar de forma mais decisiva as cadeias de distribuição, tanto pela demanda por prazos reduzidos como pela combinação de fatores relacionados a geografia, segurança e perecibilidade. Meneguette explica que “a relação do tempo passou a ser um fator muito correlato de negócio e de conversão” e que a velocidade de entrega tornou-se determinante na escolha do modal.
Os dados operacionais mostram um ambiente de alta complexidade. A unidade de Guarulhos processa desde eletrônicos, medicamentos e perecíveis até documentos, insumos industriais, cargas de alto valor agregado e encomendas do e-commerce. A operação envolve cargas granéis, volumes fracionados e produtos com exigências específicas, como biológicos e embalagens térmicas. Segundo Meneguette, “a beleza do negócio não está na estética, mas no lugar onde a gente participa da cadeia de produção”, destacando a variedade de itens movimentados e a necessidade de cumprir diferentes protocolos de segurança e balanceamento de aeronaves.

O hub de Guarulhos atende 51 bases operacionais e combina voos cargueiros e de passageiros. A rota São Paulo–Manaus permanece entre as mais relevantes, apoiada pela produção da Zona Franca. Para Meneguette, geografia e segurança seguem como elementos centrais na opção pelo modal aéreo, especialmente em fluxos para regiões distantes e no transporte de produtos com alto valor agregado. “É melhor colocar um pouco mais de dinheiro no transporte e evitar um risco que gera custo ao cliente”, afirma.
A LATAM Cargo também registra mudanças estruturais no mercado, impulsionadas pelo aumento do consumo digital. Desde a pandemia, operadores logísticos e varejistas passaram a ocupar de forma mais intensa a capacidade aérea, alterando o mix de cargas transportadas no país. No primeiro semestre de 2025, 70% das encomendas originadas em Congonhas e Guarulhos chegaram ao destino final em até 48 horas, mais que o dobro do registrado em 2024. A companhia também ampliou sua área dedicada ao e-commerce para 2,9 mil m² e lançou novos serviços domésticos, como o éFácil, além de firmar parcerias com grandes varejistas — entre elas, a operação com a Amazon em 19 estados.
Desde abril de 2025, a empresa lidera o segmento doméstico em voos de passageiros, com 39% de participação. No exterior, conecta o Brasil a 23 destinos com aeronaves de passageiros e cargueiros, incluindo novas rotas como Miami–São José dos Campos, Miami–Brasília, Amsterdam–Curitiba e Viracopos–Recife–Bruxelas.
O grupo LATAM Cargo foi eleito “Companhia Aérea de Carga do Ano de 2025” pela Air Cargo News, reconhecimento apoiado pela expansão da frota de cargueiros Boeing 767 e pela modernização de hubs na América do Sul, América do Norte e Europa. Para Meneguette, a combinação entre automação, inteligência operacional e aumento de capacidade deve seguir determinando o papel do transporte aéreo na cadeia logística. “A complexidade da operação exige automação e processos cada vez mais integrados”, afirma.