
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) identificou uma redução no volume de recursos destinados aos investimentos em infraestrutura de transporte no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026. O documento prevê R$ 16,05 bilhões em investimentos públicos federais no setor, o que representa 6,3% do total de investimentos da União para o próximo ano. Desse montante, R$ 13,83 bilhões são recursos diretos da União e R$ 2,22 bilhões correspondem ao orçamento das estatais federais, como a Companhia Docas e a Infraero.
As informações fazem parte da nova edição da Série Especial de Economia – Investimentos em Transporte, divulgada nesta terça-feira (11) pela CNT. O estudo avalia a evolução orçamentária e a distribuição dos investimentos entre os modos de transporte.
Segundo a entidade, embora o orçamento geral da União apresente crescimento, a fatia destinada à infraestrutura de transporte teve redução em relação à proposta de 2025. A CNT avalia que o cenário requer atenção do Congresso Nacional durante a tramitação do PLOA, diante da importância dos investimentos logísticos para a eficiência econômica e competitividade do país.
O volume de investimentos da União — sem considerar as estatais — caiu de R$ 16,53 bilhões, no PLOA 2025, para R$ 13,83 bilhões na proposta atual. A maior retração ocorreu no Ministério dos Transportes, cujo orçamento de investimentos passou de R$ 15,91 bilhões para R$ 13,10 bilhões. Apesar da queda nominal, a participação dos investimentos dentro do orçamento da pasta aumentou de 49,2% para 71,1%, indicando priorização de obras e intervenções diretas.
O Ministério de Portos e Aeroportos terá orçamento de R$ 737 milhões para investimentos em 2026, valor ligeiramente superior ao previsto para o exercício anterior.
Assim como nos anos anteriores, o modo rodoviário continuará concentrando a maior parte dos investimentos federais, com R$ 11,90 bilhões, equivalentes a 86% do total. Em seguida aparecem o modo ferroviário, com R$ 891,57 milhões (6,4%); o aquaviário, com R$ 453,49 milhões (3,3%); e o aéreo, com R$ 268,17 milhões (1,9%). A distribuição percentual entre os modais manteve-se praticamente estável em relação a 2025.
A diretora executiva da CNT, Fernanda Rezende, afirmou que a redução nos investimentos previstos para o setor exige monitoramento, pois a infraestrutura impacta diretamente os custos operacionais, os preços de mercadorias e o desempenho econômico. Segundo ela, “historicamente, os valores efetivamente executados ficam abaixo das necessidades do setor”, e é necessário que o Congresso avalie formas de ampliar as dotações orçamentárias durante a análise do PLOA 2026.
O levantamento também aponta aumento nos investimentos das estatais federais, que devem somar R$ 2,22 bilhões em 2026. A maior parte, 77%, será direcionada ao setor portuário, sob gestão da Companhia Docas, que administra 15 portos públicos federais. A Autoridade Portuária de Santos S.A. deve receber R$ 759,84 milhões, quase o triplo do valor estimado em 2025. A Infraero, responsável por 24 aeroportos, terá R$ 501,27 milhões em recursos para o próximo ano.
No total, o PLOA 2026 prevê R$ 6,53 trilhões em despesas da União. Deste valor, R$ 6,33 trilhões correspondem ao orçamento fiscal e da seguridade social, e R$ 197,86 bilhões estão alocados no orçamento das estatais. Somando-se os R$ 55,31 bilhões de investimentos diretos da União e o orçamento das estatais, o volume total de investimentos públicos projetado para 2026 é de R$ 253,17 bilhões.