Estudo conduzido pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) aponta para a necessidade de mudanças no modelo de contratação de motoristas de caminhão no Brasil. De acordo com o levantamento, o país tem registrado um envelhecimento progressivo da força de trabalho no setor e uma participação reduzida de profissionais em início de carreira.
Segundo Mauricio Lima, sócio-diretor do ILOS, o setor enfrenta uma diminuição constante na quantidade de motoristas disponíveis, especialmente entre os mais jovens. Em 2024, apenas 4,11% dos motoristas tinham até 30 anos, enquanto 11,05% estavam acima dos 70 anos. Os dados indicam um deslocamento etário da categoria para faixas mais avançadas.
Entre 2018 e 2021, o mercado já havia registrado queda na disponibilidade de profissionais, tendência que se intensificou ao longo da década. Em 2014, o Brasil contava com aproximadamente 5,5 milhões de motoristas de caminhão. Em 2024, o número caiu para 4,4 milhões, representando uma redução de 20% em dez anos.
A distribuição etária dos motoristas em 2024 reforça o cenário de envelhecimento da categoria:
18 a 30 anos: 181 mil
31 a 40 anos: 576 mil
51 a 60 anos: 1,22 milhão
61 a 70 anos: 898 mil
Acima de 70 anos: 468 mil
Lima afirma que a principal dificuldade do setor não é a evasão dos profissionais para outras áreas, mas sim a baixa atração de novos talentos. Um dos fatores que contribui para esse cenário, segundo ele, é o modelo predominante de contratação no Brasil, baseado na atuação de motoristas autônomos, que precisam arcar com o investimento em veículos próprios.
A projeção do ILOS é que esse modelo tende a perder força nos próximos anos. A expectativa é que as empresas do setor logístico passem a investir diretamente na aquisição de veículos, assumindo o papel de contratantes diretas dos motoristas. Essa prática já ocorre em determinadas regiões do país, especialmente no interior, e pode se expandir como alternativa para garantir a continuidade da operação de transporte.
Do ponto de vista da frota, o cenário atual não apresenta restrições. Em 2024, o número de novos caminhões licenciados chegou a 120 mil unidades, o que representa um aumento líquido de 65 mil veículos. A disponibilidade de caminhões não é considerada um gargalo no momento, apesar do alerta para a oferta futura de mão de obra qualificada para condução desses veículos.