Durante a Intermodal South America, realizada em São Paulo, executivos da Log-In Logística Intermodal e da Tecmar Transporte & Logística analisaram o atual cenário do transporte de cargas no Brasil, destacando o crescimento da cabotagem e as estratégias para enfrentar os desafios de excesso de capacidade, alta de juros e restrições de infraestrutura no Norte do país.
Felipe Gurgel, Diretor Comercial da Log-In, afirmou que o volume de importações tem aumentado e, consequentemente, deve impulsionar a transformação dessas cargas em produtos finais para abastecimento do mercado interno. "Em algum momento, essa carga que está chegando vai se transformar e será vendida. Existe a expectativa de aquecimento na movimentação rodoviária e na cabotagem", declarou.
Gurgel destacou que, apesar do crescimento do volume importado, o setor enfrenta dificuldades econômicas, como juros elevados e restrição de crédito, que impactam o consumo interno. "O cenário é de uma capacidade instalada elevada, mas com demanda abaixo do esperado, o que pressiona preços de frete e obriga operadores a selecionar melhor as cargas transportadas", disse.
Segundo o executivo, a capacidade de transporte marítimo aumentou significativamente no último ano, especialmente em Manaus, com a entrada de navios de maior porte. "O crescimento da capacidade no mercado foi de 40%, e em Manaus, houve um incremento de 85% em função da chegada de novos navios", afirmou Gurgel.
A expectativa é que o volume de cargas continue a crescer, impulsionado pela recuperação do consumo e pela conversão das importações em produtos finais. Em 2023, a cabotagem doméstica cresceu 9,6%, e a Log-In espera manter esse ritmo em 2024, com reforço na estrutura logística. "Em 2023, o último trimestre foi afetado pela falta de soluções logísticas. Agora, em 2024, estamos mais estruturados", explicou.
Para atender ao aumento da demanda, a Log-In lançou o serviço Expresso Manaus e, a partir de maio, aumentará a capacidade com a inclusão de um quarto navio na rota. "Estamos aumentando em cerca de 30% a capacidade para atender à importação que chega em Manaus e que depois será distribuída para o varejo nacional", disse Gurgel.
Sobre o impacto da estiagem nos acessos fluviais de Manaus, Gurgel afirmou que, apesar dos níveis atuais dos rios estarem favoráveis, o cenário climático ainda é incerto. "Hoje, os dados indicam um impacto menor, mas tudo depende do regime de chuvas até o segundo semestre", explicou. Segundo ele, o planejamento logístico envolve antecipação de embarques e utilização de armazenagem para evitar maiores prejuízos em caso de restrições de navegação.
Maurício Alvarenga, Diretor Executivo da Tecmar, empresa do Grupo Log-in, reforçou que o setor está melhor preparado para enfrentar a possível seca. "Hoje conseguimos antecipar cargas, garantir estoques e usar estruturas de armazenagem que não existiam com a mesma força dois anos atrás", afirmou. Ele destacou que a indústria também vem se antecipando para evitar o aumento de custos logísticos decorrentes de restrições sazonais.
Em relação à infraestrutura portuária de Manaus, Gurgel afirmou que, apesar dos esforços para melhorias, como dragagem e novas estruturas de pátio, os desafios permanecem. "Existe a expectativa de que a dragagem ajude, mas a solução definitiva ainda não foi implementada", disse.
Alvarenga também relatou avanços no setor de transporte rodoviário, com a modernização da frota e adoção de novas tecnologias de controle e rastreamento de cargas. "Hoje, operamos de forma mais moderna, com monitoramento de cargas e incremento da eficiência operacional", afirmou.