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Seguro de cargas: mais do que obrigação legal, serviço garante conformidade das operações

Companhias de seguro desenvolvem produtos específicos para cada tipo de produto movimentado e modal utilizado; transportadores contam com rede de apoio e podem utilizar soluções como diferencial competitivo
Por Redação em 2 de julho de 2020 às 10h11 (atualizado às 10h51)
Seguro de cargas: mais do que obrigação legal, serviço garante conformidade das operações

Seguro de cargas: mais do que obrigação legal, serviço garante conformidade das operações

O cenário atual no setor de transporte de cargas demandou uma série de alterações. O aquecimento do e-commerce e, consequentemente, das entregas expressas (leia mais aqui), além do maior volume movimentado, demandaram ações que garantissem a conformidade das movimentações e a integridade dos itens.

E é nesse ambiente que as seguradoras de carga passam a figurar como um elo cada vez mais importante da cadeia, com soluções dedicadas e serviços que buscam abranger as mais diferentes necessidades, do embarcador à transportadora. Mas, mais do que isso, é lei. De acordo com a resolução nº 73/1966, o seguro para transportadoras de cargas é obrigatório, o que proporciona maior tranquilidade para o proprietário quanto à sua carga transportada.

O mercado de seguros se movimenta para cumprir a legislação e ir além, fornecendo também para o dono da carga mais segurança nesse período de aquecimento das operações de transporte.

Mudança de hábito

Vagner Toledo, diretor da AT&M Tecnologia, que realiza averbação eletrônica para o transporte de cargas e hoje é responsável pelo tráfego de mais 80 milhões de documentos, entre seguradoras, corretoras, transportadoras e embarcadores, diz que algumas demandas por transporte tiveram queda, mas bem menor do que se esperava inicialmente.

Seguro de cargas: mais do que obrigação legal, serviço garante conformidade das operações
Toledo, da AT&M Tecnologia

“Se formos comparar a demanda por transportes do mês de março deste ano com abril e maio, temos de analisar os números por duas óticas distintas: os valores transportados e o volume de carga”, pontua. Segundo ele, somente pela ótica dos valores transportados em abril houve uma retração de 23%, mas em maio essa queda foi de apenas 12,5%.

Na opinião do executivo, a mudança de hábito e forma de consumo provocada pela pandemia irá gerar reflexos significativos que vão perdurar e, com isso, muitos setores terão de se adaptar a esses novos costumes. A forma eletrônica de venda terá de ser incorporada e as presenciais terão de ser cercadas de novos cuidados e protocolos de conduta se o estabelecimento ou negócio quiser manter e também atrair novos consumidores. Com isso, continua, também o mercado transportador terá de identificar e adaptar as rotinas operacionais a esses novos tempos

A visão das seguradoras

E são essas novas práticas mercadológicas e de transporte que estão na mora das companhias de seguro. A gerente da Porto Seguro Transportes, Rose Matos, ressalta, por exemplo, que muitas empresas desconhecem que há opções de seguros também para o embarcador. A executiva exlica que esses produtos garantem uma dupla segurança à carga da empresa. “Caso alguma coisa aconteça, é importante que o proprietário tenha a garantia do ressarcimento do valor segurado em caso de sinistro. Muitas vezes o prejuízo pode comprometer a sustentabilidade da empresa ou até mesmo quebrá-la”, alerta.

O diretor de Transportes da Seguros Sura, Amilcar Spencer, exlica que o seguro de transporte de cargas é um dos principais segmentos da companhia no Brasil e afirma que ela estuda constantemente os avanços e transformações do setor, reforçando que o ambiente das seguradoras de cargas pode sofrer ainda muitas mudanças.

“Na Seguros Sura procuramos ter uma visão transversal, com o cliente entendendo o mercado de logística e seus reais riscos para, a partir disso, oferecermos soluções e capacidades ao nosso segurado, além da proteção financeira, e alavancar seu negócio. Nós somos mais que uma seguradora que financia riscos, nós somos gestores de tendências e riscos”, pontua.

O diretor ressalta que para setores de logística e transporte é constante o risco de furto ou roubo de carga, em alguns casos até o veículo pode ser levado, o chamado desvio de carga. “Temos também novas tendências acontecendo a todo momento e uma delas é a dos atores do segmento logístico de serem cada vez menos especializados, para diversificar os nichos. Vemos uma busca pela diversificação. Existe ainda uma tendência a médio prazo de ruptura tecnológica com a chegada de caminhões elétricos e autônomos e estamos atentos a isso”, reforça.

Ainda de acordo com Spencer, na Sura há uma preocupação crescente com o bem-estar dos motoristas. “Estamos desenvolvendo uma série de medidas para que o nosso segurado ofereça segurança a esses profissionais, sem deixar de lado o risco usual de acidente e roubo, além dos riscos emergentes, como ambientais, reputacionais e cibernéticos, por exemplo.”

Necessidades e dúvidas do transporte de cargas

Toledo, da AT&M Tecnologia, ratifica que a demanda por transporte se manteve, e indica um aumento, principalmente do e-commerce, com as compras por internet ou outros meios eletrônicos. “O transportes de cargas continua sendo um setor vital para a economia brasileira, tendo um desempenho surpreendente e conseguindo manter prazos e operações logísticas com o mínimo de problemas, mostrando que é um setor maduro e com flexibilidade para atender as demandas.”

E como atender e quais as necessidades desse setor? Rose, da Porto Seguro Transportes, salienta que antes é preciso desmistifica o preço do seguro. “Muitos acreditam que assegurar a carga exige um alto investimento porque comparam com seguros comuns. No entanto, o seguro de transportes possui um baixo custo e tem como definição o produto transportado, a região e o trajeto, entre outros fatores”, conta. Para ela, o seguro deve ser visto como um investimento, que proporciona mais segurança e tranquilidade para o dono da mercadoria.

Seguro de cargas: mais do que obrigação legal, serviço garante conformidade das operações
Spencer, da Seguros Sura

Spencer, da Sura, acredita que o mercado segurador depende muito da economia do país e qualquer coisa influencia. O momento atual, ele diz, é delicado para o setor de seguros, mas de certa forma ofereceu uma oportunidade de mostrar para as pessoas como ele é valioso e gera bem-estar para pessoas e empresas. “O objetivo é gerenciar as operações de transporte reduzindo perdas e danos às cargas e gerando bem-estar aos clientes. Porém, muitas empresas contratam seguros e coberturas facultativas por acreditarem que a prevenção de perda vai muito mais além da indenização, por exemplo. O seguro possui uma função social e de confiabilidade”, descreve.

O executivo salienta que o benefício é muito mais amplo e as empresas do setor garantem que as seguradas, principalmente as pequenas, não quebrem no caso de uma eventualidade. “Um gerenciamento de risco eficaz reduz cerca de 30% a 40% de perdas. Além disso, as tecnologias de gerenciamento e mitigação de risco em logística, como o monitoramento de frotas via satélite, telemetria e escoltas, oferece o benefício de o cliente fazer a gestão logística, além da prevenção de perdas”, diz Spencer.

Soluções para a mobilidade segura

Toledo divulga que os transportadores que mais demandaram os serviços das seguradoras são aqueles que movimentam itens de higiene pessoal e perfumaria e produtos agrícolas, além dos que atuam junto ao setor supermercadista.

As soluções são as mais diversas. Na Porto Seguro Transportes, por exemplo, uma das opções para o embarcado é o seguro Transportes Mais Simples, voltado para micro e pequenas empresas. “Seu diferencial é a dispensa de comunicação de embarques. Além disso, as taxas são aplicadas de acordo com o segmento da mercadoria, tornando o custo mais acessível e seu pagamento facilitado em parcelas. O produto ainda conta com um processo de análise e emissão de apólice mais ágil”, esclarece Rose.

Outra opção da companhia é o Transportes Embarcador, que oferece combinações de coberturas para atender às necessidades dos donos da carga de diversos segmentos, seja para transportes rodoviários ou aéreos. Já para quem deseja segurar a carga para movimentações internacionais, a opção é o Transporte Internacional, produto que garante a proteção para as operações aquaviárias, aéreas e terrestres de importação e exportação.

Para quem não faz transportes de cargas com frequência, mas precisa garantir a segurança da mercadoria, a alternativa da Porto Seguro é o Seguro Avulso. “É uma boa opção para uso exclusivo de um único embarque ou viagem. Ele é válido para transporte nacional ou internacional, importador ou exportador”, conclui a gerente.

A Sura também disponibiliza um portfólio amplo, com soluções para diferentes tipos de atividades e modais de transporte que englobam produtos destinados a embarcadores, transportadoras, operadores logísticos e trading companies com coberturas aos bens e mercadorias durante o transporte em viagens nacionais e internacionais.

Entre as ações mais recentes estão um 0800 de sinistros para apoio ao motorista que for diagnosticado com Covid-19, opção de renovação automática nas contas e deixar por conta do corretor aumentar os limites e prazos de armazenagem, simplificar processos de renovação, vistoria e cotador standard via web ou remoto.

Quantos aos desafios, o diretor de Transportes da Seguros Sura, Spencer, acredita que o principal é criar a cultura do seguro de cargas e mostrar as vantagens desse serviço, com números e redução de sinistros e custos operacionais.

A importância do seguro

O Grupo Tracker, que desenvolve e comercializa tecnologias, produtos, serviços e soluções em rastreamento, monitoramento e telemetria, divulgou que, durante os meses de abril e maio – período da quarentena – o Brasil registrou uma queda de 28,75% nas ocorrências de roubo e furto de automóveis, caminhões e motocicletas, na comparação com igual período de 2019. Analisando os dados apenas do segmento de caminhões, em abril a queda nas ocorrências foi bem menor, de apenas 8,33%, e em maio de 6,85% em todo o território nacional.

Seguro de cargas: mais do que obrigação legal, serviço garante conformidade das operações
Correa, do Grupo Tracker

Apesar disso, é preciso estar atento. “Acreditamos que os caminhões e as cargas continuaram alvos dos bandidos porque o setor de transportes foi o menos afetado pela paralisação das atividades na quarentena. Houve, inclusive, um aumento de ocorrências envolvendo esse tipo de veículo nos perímetros urbanos, devido às entregas de mercadorias. O estado de São Paulo, por exemplo, registrou crescimento de 2,5% de roubo e furto em maio deste ano”, analisa o coordenador do Comando de Operações do Grupo Tracker, Vitor Correa.

O segmento de motocicletas, utilizado por muitas empresas de entregas expressas, apresentou alta de 16% nos roubos e furtos em abril, comparado com o mesmo mês do ano passado, impulsionado pelo estado de São Paulo, que apresentou crescimento de 20%.

Outra constatação do Grupo Tracker diz respeito ao modus operandi dos criminosos. Em outro levantamento realizado entre os dias 15 de março e 10 de maio de 2020, a empresa apurou um aumento de 18% nos furtos, com queda nas abordagens a mão armada, na comparação com o mesmo período de 2019. Nas oito semanas analisadas, 58,47% das ocorrências foram roubos e 41,53% furto. No mesmo período de 2019, foram 68,84% de roubos e 31,16% de furtos.

Houve mudança também na preferência do dia da semana para agir. Entre 15 de março e 10 de maio de 2019, de cada dez eventos, três eram na sexta-feira. Durante a quarentena esse índice caiu para 13,12%. Os sábados, que registraram 17,07% dos eventos em 2019, durante a quarentena representaram 9,04%. A empresa não identificou variação significativa nos horários das ocorrências. “Durante a pandemia, 16% delas foram entre 7 horas e 9h da manhã, 43% entre 10h e 16h, 12% entre 17h e 19h e os outros 29% foram entre 20h e 6h da manhã. Nas outras semanas correspondentes de 2019 foram registrados 13% dos roubos e furtos entre 7h e 9h da manhã, 37% entre 10h e 16h, 14% entre 17h e 19h e os 36% restantes entre 20h e 6h da manhã”, divulga Correa.

Fábio Penteado

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