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Samuel Baccin, partner success director da Blue Yonder no Brasil - No início de 2020, a JDA promoveu um reposicionamento de marca e passou a se chamar Blue Yonder. O rebranding faz parte de uma estratégia global de transformação digital e inovação no supply chain, como detalha, em entrevista exclusiva à Tecnologística, o partner success director da companhia no Brasil, Samuel Baccin
Por Redação em 18 de setembro de 2020 às 8h52 (atualizado às 10h50)

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Conte-nos um pouco da história da empresa, incluindo o recente reposicionamento de marca, passando de JDA para Blue Yonder.

Samuel Baccin – Nós temos mais de 35 anos no mercado mundial, focados em soluções de supply chain. A empresa tem uma estratégia mundial chamada Autonomous Supply Chain, e é um pouco por isso que houve essa mudança, em fevereiro de 2020. Ela foi feita de uma maneira muito estratégica. Muitas empresas vêm mudando suas estratégias mundiais de supply chain e junto com isso a Blue Yonder tomou algumas iniciativas também, no começo do ano, e mudou o nome de JDA, que todo mundo conhece, e é uma plataforma muito conhecida no mercado mundial, cresceu no mercado de retail, entrou para o mercado de manufatura, de logística, de e-commerce, cada vez mais integrando essa plataforma no mercado mundial. A única empresa no mundo focada em supply chain que é líder nos quatro quadrantes mágicos do Gartner de logística.

Essa mudança de marca, muito radicalmente falando, é importante para o ecossistema de canais, para o ecossistema de clientes, é importante para esse fluxo todo de logística, seja ele rodoviário, marítimo, aéreo, seja de qual for a modalidade. A Blue Yonder vem justamente mudar um pouco esse modelo de pensamento da importância do supply chain. Com a Covid-19 eu diria que o supply chain é o epicentro da estratégia de qualquer empresa. Se ele não está em primeiro lugar, está no segundo.

A gente comprou algumas empresas ao longo dos últimos 35 anos e a Blue Yonder nós compramos em 2018, junto com uma estratégia global, com uma aliança muito forte que nós fizemos com a Microsoft no mundo. Hoje nós somos o maior parceiro da Microsoft no mundo nos setores de retail, manufatura e automotivo e estamos crescendo mais ainda. Então se você olhar no guarda-chuva estratégico da Microsoft em supply chain, a Blue Yonder é a principal parceira mundial, inclusive no Brasil, mantendo um relacionamento muito forte e crescente. A JDA mudou de nome pra Blue Yonder justamente porque o azul, o infinito, não tem fronteiras. A gente vai fazer o que tiver que fazer ao longo do tempo pra impulsionar o mercado de supply chain.

Confira o vídeo desta entrevista acessando o Canal Tecnologística

Quais são as soluções que a empresa oferece ao mercado?

Baccin – A Blue Yonder veio mudar a maneira de utilização das aplicações e veio também mudar um pouco o que diz respeito à melhoria contínua de processos. A Automous Supply Chain está dentro de uma estratégia global chamada Moon Shot e por trás disso vem toda a estratégia no que diz respeito às soluções de e-commerce, de execução nas áreas de transporte e warehousing e na área de planejamento, na qual somos muito fortes no mundo inteiro, de gerenciamento de inventário, de demanda, utilizando machine learning, inteligência artificial.

Muitos dos clientes hoje, inclusive no Brasil, falam "Samuel, eu gostaria de implementar já uma solução com inteligência artificial e machine learning, mas eu não sei por onde começar". E a interação da Blue Yonder veio dessa forma. Essa consultoria - eu posso falar assim - era de um doutor, chamado Michael Feindt, lá da Suíça, um dos principais PhD do Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear (Cern), que criou e patenteou um algorítimo muito importante chamado NeuroBayes, que hoje faz parte da Blue Yonder, pra utilizar dados brutos analíticos de empresas que necessitam de informações rápidas, com dados muito grandes que manualmente o ser humano não consegue fazer. Mercados como retail, fashion, algumas empresas de manufatura, e-commerce precisam muito dessas informações, desses algorítimos rápidos pra ter uma resposta rápida. O doutor Feindt abriu a Blue Yonder na Alemanha, já uma parceira da Microsoft, e trouxe todo esse know-how de inteligência artificial e machine learning por debaixo das nossas plataformas.

Junto com essa mudança, a gente renomeou praticamente todo o nosso portfólio de soluções. A gente tinha produtos muito específicos e agora temos uma plataforma muito estratégica de microsserviços, que a gente chama de Luminate Platform, sobre a estrutura da Microsoft. As ferramentas foram portadas 100% nativamente no modelo de microsserviço com a Microsoft. Então a gente tem um alinhamento de go to marketing entre Microsoft, Blu Yonder e nossos parceiros muito forte.

Isso é muito importante porque a área de negócios das empresas precisa de resultados rápidos, integrações rápidas das ferramentas, e automaticamente eu preciso suportar a área de TI no que diz respeito a acesso, criptografia e informações de alta performance. E a Blue Yonder vem entregar isso. Com a parceria com a Microsoft a gente consegue criar toda a parte de solução encapsulada necessária pra uma empresa de logística, de retail, de manufatura ou serviços, que é o que faz essa evolução constante no mercado de supply chain, e o que faz ser epicentro do mercado. A gente tem mais de 400 patentes em supply chain. Somos uma das maiores empresas do mundo focada em supply chain e muitos dos 3PLs, inclusive, fazem um codevelopment, que é desenvolver tecnologias específicas para warehouse, transporte ou visibilidade, por exemplo, pois a gente vem focando muito agora em torre de controle.

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Como você definiria a importância da tecnologia para as empresas de logística de uma maneira geral atualmente?

Baccin – Se você olhar algumas consultorias de mercado, como Ernst Young, Deloitte e McKinsey, elas sempre comentam, e cada vez mais agora, que o supply chain virou o epicentro das estratégias, muito por causa de visibilidade em real time. Pra você conseguir ter ganhos, aumento de receita, um Ebtida melhor na sua empresa, de uma certa forma você tem que ter uma visibilidade bem melhor no que você faz de abastecimento, gerenciamento de demanda, gerenciamento de vendas e operações, inventário, e principalmente na parte de entrega, que é onde a Blue Yonder é muito forte. Na área de transporte e gerenciamento de warehousing. Então é uma interligação de todos esses componentes.

Então você percebe que a gente está interligando logística como estratégia, o CFO como finanças tendo uma visibilidade real time dos negócios, o CIO, porque envolve tecnologia na veia, com integração de plataformas e aplicações, e você envolve o ecossistema de negócio, porque hoje uma empresa de retail é cada vez mais uma empresa de tecnologia. Uma empresa de manufatura, se não tiver uma tecnologia que consiga gerenciar a demanda em picos, ou em issues que acontecem como em momentos como esse que a gente está passando, não planejados, como consegue passar por uma situação dessa sem ter um sistema robusto que envolve inteligência artificial e machine learning?

Qual a importância do mercado brasileiro para a Blue Yonder?

Baccin – Eu fui convidado a ingressar na Blue Yonder justamente porque em alguns países foi definido o modelo que a gente chama de acesso via parceiros de negócio. Então a gente vende praticamente somente via parceiros de negócio, ecossistema de canais. A gente faz um atendimento direto com o cliente, a gente fala com o cliente, dá suporte a todos os clientes, seja qual for a vertical, mas a gente tem um parceiro de negócios sempre no início do processo, porque com isso a gente consegue ter a visão técnica da solução de software, da aplicação, e a gente consegue ter o know-how de quem vai implementar. Então você não tem mais aquele gap entre o que o time de produto, de solução da empresa de tecnologia apresentou e que tipo de issue ele vai resolver. Geralmente o cliente, na área de software, de aplicação, diz "eu tenho este problema pra resolver" e é a partir disso que a gente consegue abrir um leque de opções e ofertar isso pros nossos clientes e pros nossos parceiros.

E o Brasil foi eleito um dos países para trabalhar nessa modalidade como foco da estratégia mundial. O Brasil é um dos países mais complexos, seja na área de taxes, na parte política, estratégica, no porte das empresas, que é muito grande. Então de uma certa forma se esse modelo no Brasil conseguir ser aderente ao mercado - e está demonstrando ser muito aderente, o que é muito prazeroso de ver, esse crescimento, essa aderência, essa reciprocidade dos clientes e dos parceiros - automaticamente outros países no mundo terão o mesmo modelo replicado. Então a parte interessante é você ver o Brasil sendo o epicentro da estratégia global de uma companhia multinacional americana.

A JDA no Brasil era pequena, de uma certa forma, atendia a alguns poucos clientes, e a gente vem numa evolução tão grande que, se a gente pegasse o mapa da América Latina especificamente, a gente representava muito pouco perante ao México e a outros países. Hoje a gente está praticamente com 55%, quase 60% do volume da América Latina. A gente passou ou equalizou com o México e já passou os outros países da América do Sul. A gente é muito forte no Chile, no mercado de retail, na Colômbia, no Peru, um pouco no Equador. Então a gente percebe que vem numa evolução bastante constante. Por que isso? Por que a gente conseguiu despertar o interesse da área de logística, do mercado de supply chain.

As empresas de logística locais, de uma maneira geral, estão mais maduras em termos tecnológicos atualmente?

Baccin – A gente percebe que muitas das empresas do Brasil já estão na velocidade que o mundo espera. É lógico que a gente tem algumas regras jurídicas e fiscais que precisam evolver um pouco mais, e hoje a gente tem um ecossistema de parceiros no Brasil muito forte, e estamos buscando justamente especialistas focados nesses assuntos pra compor com as soluções da Blue Yonder. Então quando você fala sobre um ambiente de transportes, tem que falar de CT-e (Conhecimento de Transporte Eletrônico), do motorista, do gerenciamento de todos esses tópicos. E a parte fiscal, como fica? Então a gente busca parceiros no Brasil que conhecem a área fiscal justamente via integração de APIs, hoje numa plataforma de cloud, de uma forma muito mais ágil, muito mais simples e que traz um benefício muito grande para a área de supply chain.

Quando a gente move uma estratégia mundial pro mercado de cloud, a gente começa a habilitar soluções de IoT (internet of things), de indústria 4.0, de visibilidade de tudo. E o que é visibilidade de tudo? Já já a gente vai ter visibilidade de semáforos, onde o caminhão parou, o que o motorista fez, quantas horas ele parou, porque parou... Você puxa todos os dados do caminhão automaticamente dentro da sua torre de controle. E aí você sabe se ele vai chegar dentro de duas horas no warehouse. Será que sua equipe já deixou tudo pronto pra fazer o carregamento no caminhão? Pra poder descarregar numa doca e carregar na outra doca? Isso já está acontecendo ou não está acontecendo? Hoje poucos clientes têm essa integração em visibilidade total dos processos. E é aí que a Blue Yonder, com foco principal em autonomous supply chain, vem buscando todos esses componentes em uma plataforma estratégica mundial, em cloud, pra suportar os nossos clientes com o apoio dos nossos parceiros locais.

A parte interessante numa estratégia mundial, pra quem tem foco em supply chain, é ser simples, contar muito com as pessoas que estão por trás desses ambientes, porque é uma coisa que a gente tem que trabalhar bastante. No momento em que você fala sobre uma aplicação específica, geralmente você muda a forma das pessoas trabalharem. Quando você fala de uma solução de warehousing de algum cliente, você está mudando a forma de atuação das pessoas que estão lá dentro do warehouse. Você vai mudar internamente todo o trabalho delas, então a parte importante é justamente você trabalhar a cabeça e esses processos que envolvem as pessoas. Na área de transportes a mesma coisa. Todo mundo que carrega o caminhão, que faz a manutenção dos caminhões, os motoristas, quem gerencia todos eles. Ou seja, tem uma comunidade de pessoas envolvida nesse processo muito grande. É onde a Blue Yonder vem trabalhando junto com os parceiros, pra poder apoiar nesse crescimento de utilização de tecnologia. E a gente vê uma adoção muito forte. No último ano e meio, ou no começo desse ano, particularmente, o volume de negócios, o pipeline de soluções que a gente criou pra ofertar e o request vindo dos clientes é algo muito grande.

Muitas empresas fizeram uma estratégia muito forte de e-commerce, e algumas já tinham, de entrega, de delivery, gerenciamento de abastecimento e essas você percebe que estão crescendo mais e mais no Brasil. Aquelas que tinham uma visão um pouco mais de elaborar um frontend de acesso de e-commerce e depois trabalhar a parte do supply chain estão procurando em uma velocidade absurda acompanhar os que saíram um pouquinho na frente por investimentos prévios dentro de um planejamento estratégico. Mas a gente percebe que no Brasil muitas das empresas que estavam, de uma certa forma, estagnadas em tecnologia, estão se movimentando rapidamente. Essa acho que é a parte mais interessante. O mercado brasileiro é muito grande, os clientes são exigentes, o que é ótimo, porque exige muito da gente, exige muito na forma de como buscar o melhor com o menor custo.

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Como se configura atualmente a carteira de clientes da empresa?

Baccin – Quando você fala em logística, dos dez maiores 3PLs do mundo, dez são clientes Blue Yonder. Ou eles utilizam uma solução de warehouse management, ou de transportes, ou warehouse tasking, ou de planejamento, ou de category management, que é o gerenciamento de gôndolas. Então você vê a área de logística gerenciando warehouse, transportes, mas muitos da área de retail, da área de foods, precisam gerenciar as gôndolas. Você pega, por exemplo, a P&G, a Unilever, a Nestlé, clientes grandes que utilizam soluções nossas nesse sentido, se conectam diretamente com os grandes 3PLs, como DHL, Ceva, Panalpina, Penske. Então todos esses grandes 3PLs são clientes nossos de uma ou outra solução, inclusive no Brasil.

Quais são as expectativas da empresa para o futuro próximo?

Baccin – A Blue Yonder é um player mundial, presente em 70 países no mundo, cobrindo soluções de supply chain. A gente teve um aporte grande da Panasonic, que comprou 20% da Blue Yonder no mundo, então nós saltamos pra uma empresa de US$ 5,5 bilhões de um ano e meio pra cá. A gente cresceu mais de 80% no trimestre passado, mais de 79% no consumo de SaaS, então a gente percebe uma adoção muito rápida nesse mercado. Eu acho que com essa parceria que a gente fez, esse modelo de ecossistema, a forma de atuação, mudou totalmente o modelo de negócios que a gente vinha fazendo. A JDA tinha um nome específico naquele momento de empresa, e mudar o nome mudou totalmente a forma de atuação, que era o foco principal.

A gente tem que, de alguma forma, ficar à frente da complexidade. Eu sempre falo isso pro meu time. A complexidade está aí, e quanto mais complexo, melhor pra Blue Yonder. Então você precisa de pessoas, de cérebros muito inteligentes por detrás, com o algoritmo ajudando a tratar as informações. Só o algoritmo não faz nada. A gente está há um ano e meio nessa mudança e percebemos que muito mudou. Os números vieram, o ecossistema cresceu, a integração no mercado aproximou e com isso a gente consegue começar a olhar para os próximos anos algo muito mais maduro pra ensinar muito mais pessoas, pra gente ter um púbico muito melhor pra suportar as nossas estratégias de supply chain autônoma ao longo do tempo.

A gente sempre fala, nessa mudança, "priorize opções ilimitadas". Não pode ficar mais naquela história de conseguir controlar só daqui até ali. E o que está por trás disso? "Aí eu não tenho visibilidade. Não consigo fazer. Está muito distante pra mim. Custa caro". Nessa mudança pra Blue Yonder, com a parceria com a Microsoft, a gente consegue ter opções ilimitadas e os clientes estão engajando nesse processo. A gente sabe que não é fácil implementar isso, muitas vezes existem muitas dificuldades de processos e pessoas nas empresas, mas eu acho que tudo isso é uma questão de caminho. Algumas empresas podem levar dois, três, quatro, cinco anos pra implementar, mas lá na frente vão sair com muito sucesso. Agora, se elas não começarem hoje, mas daqui alguns anos, você pode ter certeza que daqui cinco elas podem não estar aqui pra falar com a gente. Então eu acho que vale muito, na estratégia de cada empresa, começar o mais rápido possível dentro daquilo que elas conseguem fazer no momento pelo qual estão passando.

Fernando Fischer

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